Os cinemas estão acabando no Brasil. São raros os municípios brasileiros que ainda têm uma sala .de cinema. Diziam que a televisão acabou com as salas de cinema. Agora dizem que com a tecnologia avançada, não há mais espaço para grandes salas como antigamente. Engraçado, quando dizem antigamente, já me vêm na cabeça que estou "velho". Sou do tempo do cinema das 16 horas e ou do cinema das 20 horas.
Quando falo em cinema, a primeira lembrança é do lendário Cinema Império em Teófilo Otoni, minha terra natal. Império era o nome oficial. Carinhosamente todos nós, jovens àquela época, o apelidamos de Cine Poeira.
O "Poeira" tinha uns detalhes que encantava a todos nós. O porteiro usava um surrado terno e gravata. Era educado, polido e tinha o nome de Félix. Interessante que o apelido era "Fel". O senhor que passava os filmes era um ex. ferroviário da antiga estrada de ferro Bahia-Minas e se chamava Dilermando, o "Docha" para os íntimos.
O Cine Império ficava em frente à praça Tiradentes, mais precisamente onde hoje é a agência do Banco do Brasil. Antigamente tinha ao lado da praça um posto de gasolina do saudoso senhor Rafael Freire. Ali trabalhou o João "Rico" e Waldivino Mauricio, o "Baixinho".
Logo na entrada do cinema tinha os detalhes que encantavam a todos nós, ou seja, carrinhos vendendo mixirica, panelas com farofa e torresmo, amendoim torrado e por ai vai. Todos nós comprávamos laranja para chupar dentro do cinema e jogar a bucha em alguém no "escurinho do cinema".
Eu gostava do "poeira" devido à simplicidade de tudo. Era frequentado pelos mais humildes da cidade. Sinto saudades de um tempo em que não havia tanta tecnologia, mas havia mais pureza na mente das pessoas.
Autor: Téo Garrocho- Barbacena-MG.