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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O CABO QUE NÃO TIRAVA A FARDA

Zeloso, o cabo Evarisson era o retrato fiel do que chamamos hoje de "mauricinho". Cabelo bem cortado, botas engraxadas, farda militar limpa, passada e engomada. A cidade pacata não causava problemas ao cabo Evarisson e seus dois subordinados. Resumindo, era a vida que ele havia sonhado para seus últimos anos na briosa Polícia Militar de Minas Gerais.
Às vezes meditabundo, ficava relembrando para si as correrias da capital onde fazia "das tripas o coração" para correr atrás de bandidos. Próximo da aposentadoria, ficava a palitar os dentes e "coçando o saco" no pequeno quartel.
Tunico barbeiro, língua afiada da pequena Estrela do Norte com seus quase seis mil habitantes, vivia implicando que o cabo Evarisson não tirava a farda para nada, ou seja, só na hora de dormir ao lado da fiel esposa Madalena ou Madá do cabo como era conhecida.
Dizia também a língua afiada de Tunico barbeiro que cabo Evarisson não tinha despesas. "Vai pagar fardado e o povo não cobra Ô povo medroso". Assim, de boca em boca todos não cobravam despesas do cabo. "O salário recebe livre, isso é que é moleza", cutucava Tunico, amolando a navalha e observando a unica rua que ficava próxima ao pequeno quartel onde cabo Evarisson, alheio aos fuxícos, palitava tranquilamente os dentes.
Entre um corte de cabelo e outro e já no fim do expediente, eis que Tunico recebe mais um cliente. Justamente o cabo Evarisson que veio fazer serviço completo. Barba, cabelo e bigode que após duas horas ficou pronto. " Quanto lhe devo Tunico?", perguntou o cabo. Tunico tremia que nem vara verde e baixinho disse: " É um prazer cortar barba, cabelo e bigode do grande cabo Evarisson, não tem que pagar nada. Cortesia da casa".
Um minuto após a saída do cabo, Tunico mirou-se no espelho e disse: "Tú acertou Tunico da língua grande".



Autor: Walter Teófilo Rocha GArrocho(Téo Garrocho), Barbacena 18/02/2011. Texto dedicado ao meu humilde e bom amigo Túlio Barbeiro em Teófilo Otoni-MG

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

ÉLBIO PECHIR, O RADIALISTA DOS HUMILDES

Na década de 70 em Teófilo Otoni, minha terra natal, tudo era diferente dos dias atuais. Aquela pacata cidade do interior ficou na lembrança dos que a conheceram no passado.
Tive o prazer de viver intensamente minha infância e juventude ao lado de bons e humildes amigos. Lamentavelmente a ditadura militar conseguiu tirar o brilho dos meus jovens olhos que, apesar dos conflitos interiores, enxergavam a liberdade ainda que tardia.
Sempre gostei do rádio e assim escutava muito a Rádio Teófilo Otoni que pertencia ao pioneiro em comunicação radiofônica, Senhor Lourival Pechir. Notícias, esporte, bons locutores e o famoso matinal X-7, faziam da Rádio Teófilo Otoni a líder em audiência na cidade e região dos Vales do Mucuri, São Mateus e Jequitinhonha.
Atualmente, um dos diretores da Rádio Teófilo Otoni é Élbio Pechir. Nem preciso dizer que é filho do saudoso Lourival e Dona Sonora. Todos, principalmente os mais humildes, o conhecem em Teófilo Otoni.
Tive e tenho a satisfação de ser amigo do Élbio Pechir. Gente fina, amigo fraterno, caridoso, enfim um grande homem. Élbio tem um programa diário na parte da manhã e há décadas vem ajudando ou procurando de alguma forma suavizar o sofrimento de milhares de pessoas humildes de Teófilo Otoni e região.
Outro dia escutei uma pessoa dizer:" Aqui em Téofilo Otoni é Deus no céu e Élbio Pechir na terra.". Para quem o conhece como eu, Élbio Pechir, mesmo com tantos elogios continuará simples e com o "coração sempre aberto" para todos que o procuram.


Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Barbacena, 16/02/2011- Texto dedicado aos homens de boa vontade, como Élbio Pechir, radialista dos humildes em Teófilo Otoni-MG