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sexta-feira, 31 de maio de 2013

PROFESSORA COM CAGANEIRA EM TEÓFILO OTONI

Hoje em dia nós temos mulher melão, mulher jaca, mulher melancia, mulher manga e muitas outras. Parece, infelizmente, que a mulher virou objeto com tantos adjetivos que nada tem a ver com a grandiosidade das mulheres.
Falando em mulher, lembrei de um caso que escutei ali pelas bandas do Vale do Mucuri na cidade de Teófilo Otoni. Caso verídico e contado por uma professora protagonista de toda esta história que aconteceu há uns vinte anos atrás.
Segundo relato da mesma, ela e uma amiga foram conhecer o mar e a praia pela primeira vez. Seguiram para Porto Seguro que fica no sul da Bahia. Saíram de Teófilo Otoni seguindo pela conhecida Estrada do Boi até o sul da Bahia. A ida foi uma maravilha com quase todos no ônibus fretado em grande confraternização e...muita folia.
Enfim, Porto Seguro e suas belas praias. Segundo ela que sempre foi muito tímida nas Minas Gerais, lá em Porto Seguro, ela "soltou a franga" e "põe franga nisso", contava com um sorriso de dar inveja ás solteironas da vida. Queimou tanto a pele que mais parecia um camarão ou uma brasa de fogo quando soprada ao vento.
Foram 15 dias de muita festa. De tanto solta, a "franga" estava exausta. Era o momento de voltar ao pacato ninho em Teófilo Otoni. Assim, aproveitou o último dia. Mergulhou mais uma vez, passou bronzeador, tomou mais uma cerveja, misturou uma caipirinha, um peixinho frito com espinha e tudo, petiscou uma porção de camarão e já nem sabia onde estava quando tomou mais uma caipirinha para dar coragem no último mergulho daquele ano. "Vou lá, porque agora só no ano que vem", pensava inebriada pela euforia etílica.
Ah! a volta. Que martírio. A volta foi triste. Nem bem o ônibus andou dez quilômetros e ela pediu para parar. Como não tinha banheiro, correu até um sujo banheiro(?) de beira de estrada, voltando uns dez minutos depois sob protestos dos passageiros.
Pois bem, o ônibus seguiu e a dor aumentou. Uma cólica horrível, um calafrio de dar medo e ela sem cerimônia gritou: "Motorista, pelo amor de Deus, para este ônibus por misericórdia que eu tô cagando nas calças". Muito solícito e educado, o motorista parou no acostamento e foi o tempo de abrir a porta para ela descer e ali mesmo ela se borrou toda com muita gente olhando pelas janelas. Teve até um menino, segundo ela, que gritou: " Ô tia cagona".
Aliviada e sem vergonha naquele momento, ela disse que nem se limpou. Entrou no ônibus onde todos tapavam as narinas e ...dormiu como um anjo até Teófilo Otoni. Quando acordou, cutucada pela amiga envergonhada, ainda teve que aguentar o menino de novo que disse: "Cê melhorou Tia cagona?". Segundo ela, aquela viagem foi uma ida ao céu e logo após, como dizia Dante, "entrai, eis aqui o inferno".


Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado á minha ex. Professora Dulcina Regina Molina (Dona Regina Molina) em Teófilo Otoni. Minha boa professora me ensinou a ser um homem culto, humilde e tolerante. Em 31/05/2013- Barbacena-MG.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

AO PÉ DO OUVIDO

Ele logo cedinho falou no pé do meu ouvido: "Estamos no outono com temperatura média de vinte graus. Pode ser que em alguns dias chova".
Fiquei imaginando o outono. Mas logo depois ele interrompeu as minhas divagações me atualizando com as notícias do dia.
Depois entendendo o meu cansaço, ele começa a falar baixinho, então eu aguço os ouvidos e percebo uma música como uma canção de ninar...
"Ah, se o mundo inteiro me quisesse ouvir, tenho muito pra contar, dizer o que aprendi...". Adormeço!
Depois de algum tempo que parece uma eternidade, sou acordado por uma voz rouca que recita uma poesia       de protesto que bate bem nas minhas recordações.
Começo a lembrar das vezes em que nós meninos, ficávamos escondidos em baixo de camas ou de mesas da tal ditadura militar, onde eles de botina e capacete causavam terror.
E a voz rouca ao pé do meu ouvido dizia: "Há soldados armados, amados ou não, quase todos perdidos de armas na mão. Nos quarteis lhes ensinam uma antiga lição de morrer pela pátria e viver sem razão". 
Saio destas divagações quando a voz diz: "Do jeito que a vida quer, é desse jeito..."
Dou um sorriso e desligo o rádio. Vou á luta.
Afinal, é mais um dia que começa.  
  

Autor: Aloísio Ribeiro ( Aloísio Lula)- Escritor e poeta de Teófilo Otoni-MG- Faleceu precocemente. Aloísio Lula foi um grande e fraterno amigo que Deus me proporcionou na minha existência terrena. Este texto foi retirado de um dos seus livros editados, ou seja, livro "VISÕES E PAIXÕES", página 42. Impresso na Gráfica Frota de Teófilo Otoni-MG, ano de 2006.

terça-feira, 28 de maio de 2013

ARNALDO, O BOCA DURA DE TEÓFILO OTONI

Através de carta, recebo notícias do Arnaldo. Sou do tempo em que ainda mandamos carta. Roberto Carlos tem uma música que fala sobre isso. Arnaldo, meu amigo, é daqueles bons tempos da década de 70 em Teófilo Otoni, onde eu e muitos jovens frequentávamos festinhas no América e as famosas horas dançantes aos domingos. Tiro aqui "meu chapéu" para Arnaldo que era um exímio dançarino e fazia muito sucesso dançando um tipo de dança chamado de "belisquete", Alguém ai lembra?
E, foi dançando belisquete que Arnaldo ficou famoso ali pelas bandas do morro do pau velho, onde eu ia muito na casa do meu velho amigo Wilson Medina, que foi presidente da União Estudantil de Teófilo Otoni nos tempos de repressão,  para curtir umas horas dançantes nos domingos de paz e alegria em Teófilo Otoni. E, Arnaldo também comparecia junto comigo. Comparecia para alegria de todas as moças e tristeza para nós homens, pois só dava Arnaldo na fita. A mulherada com aqueles lindos penteados tipo "rabo de cavalo" só tinham olhos para Arnaldo, o rebolador e rei do belisquete.
Eu, como sempre, tímido,  ficava de "butuca" esperando a hora de dançar, mas, a mulherada não desgrudava de Arnaldo que usava uma calça apertadinha tipo jeans com "boca de sino", cinto com fivela de Nossa Senhora de Aparecida, botinha de salto alto, cabelo engomado com brilhantina e um cordão de prata no pescoço.
Então, não restou para mim, ser assessor de Arnaldo junto ás mocinhas e deu certo. Arnaldo estava tão empolgado em dançar belisquete que, nas músicas lentinhas, eu caia dentro dançando agarradinho com as moças e ele, exausto, ficava ali na mesa sentado para descansar. Assim, peguei todas as mulheres do Arnaldo, acredite se quiser.
Algum tempo depois, começaram a chamar o Arnaldo de "boca dura". Os inimigos da fera diziam que Arnaldo era muito sério e não sorria. Só dançava belisquete de boca fechada, dura, rígida. Confesso que nunca observei.
Recebo notícias, através do Tonico de Tina, que Arnaldo recebeu o apelido de "boca dura" porque era banguelo, ou seja, sem dentes e assim, nunca sorria. Se soubesse, àquela época, eu teria contratado o saudoso cirurgião dentista "caititú" para resolver o problema do meu amigo Arnaldo que perdeu os dentes precocemente e, para minha alegria, perdeu as namoradas para mim.


Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo garrocho)- Texto dedicado ao meu primo Dr. Arnaldo de Almeida Garrocho, Odontólogo de Minas Gerais, Presidente do Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais. Em 28/05/2013. Barbacena-MG.

sábado, 25 de maio de 2013

O TREPADOR DE TEÓFILO OTONI

Final de semana e eu ali no meu quintal embaixo de um pé de pitanga. Maravilhado ouvia o cantar de uma sabiá laranjeira que tinha morada certa por ali. Só quem mora no interior, como eu, sente um enorme prazer nestes momentos que já não existem nas grandes cidades.
Entre uma pitanga e outra, veio-me a lembrança de um velho amigo que havia nascido nas redondezas do distrito de Pedro Versiani, um pequeno povoado pertencente ao município de Teófilo Otoni e que no passado tinha um bom movimento devido o trem da extinta estrada de ferro Bahia Minas passar por ali.
Aos 12 anos, João Silva veio com a família para morar em Teófilo Otoni, exatamente na Vila Verônica, e ali nos tornamos amigos. João chegou com fama de trepador, não de mulheres e sim de árvores. Curioso desde menino, eu observava que João não aguentava ver uma árvore que ele corria para trepar. O que me intrigava era a maneira de subir com uma mão grudada no tronco e a outra mão grudada na sua bunda.
Assim, João Silva passou a ser conhecido por João Trepador e a fama correu pela região. Todo mundo queria conhecê-lo e até mesmo dar-lhe pequenos serviços de poda de árvores. Quase todo dia tinha gente procurando João para trepar, aliás, podar.
Mas, aquela mão na bunda é que me intrigava e não saia da minha cabeça. Afinal, porque ele não trepava com as duas mãos? Era um mistério que nem o senhor Quincas, pai do João, sabia ou fingia não saber. Então, tomei coragem e perguntei a João o motivo que o levava a trepar com uma mão no pau e a outra na bunda. Rapaz, o João ficou bravo e não quis conversa. Insisti, insisti e ele falou que aquele modo de trepar era uma técnica pessoal.
Anos depois, voltei á Vila Verônica e procurei por velhos amigos. Encontrei o Boca de fogo, Perobão, Jegue, Chicorron,  até encontrar o João Trepador que ao me avistar, correu de mim como o diabo da cruz. Segundo os velhos amigos, ele ficou assim depois que descobriram o segredo daquela técnica de colocar a mão na bunda para trepar nas árvores. Segundo as más línguas, é que certa vez ele foi trepar numa árvore e o calção rasgou deixando seu C..., aliás, ânus á vista para desespero do seu pai Quincas que gritava aos berros: " Desce dai João Cú sujo"!


|Autor: Walter Teófilo Roca Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado ao meu amigo de infância e juventude, Lourival Alves da Silva, o popular Lorão de Teófilo Otoni. Em 25/05/2013, Barbacena-MG.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

TINGA, COMUNISTA ASSUMIDO EM TEÓFILO OTONI

A barba era tão grande que as pontas podiam ser colocadas dentro do bolso da camisa. Apesar do calor sufocante de 35 graus, Tinga usava um surrado paletó preto ao estilo Charles Chaplin. Vivia ali na praça fazendo pequenos " bicos" e propagando sua doutrina no "miolo" da Praça Tiradentes em Teófilo Otoni.
Comunista assumido a exemplo do saudoso Oscar que viveu 105 anos, Tinga tinha e tem orgulho em mostrar sua carteirinha do partido. Uma minúscula parcela de admiradores gostam da sua oratória e sua pregação em prol da doutrina igualitária. Uma imensa maioria amantes do capitalismo e consumismo, querem mesmo é que Tinga morra e vá queimar no fogo do inferno.
Ás vezes, fico questionando como grandes intelectos são esquecidos e não são admirados. Outro dia, lendo sobra a vida pública do ex. Ministro Ayres Brito, descobri que o mesmo candidatou-se a deputado no Estado de Sergipe e não foi eleito. Enquanto isso, vemos vários exemplos na nossa pátria onde tem muita gente que é eleita e não sabe nem o que significa elaboração de leis. Assim, sem desmerece-los, até porque sempre respeitei e vou respeitar a vontade soberana do povo nas urnas, penso que homens como um Ayres Brito no Sergipe, um Paulo Delgado e um Tilden Santiago em Minas Gerais, deveriam sempre ser eleitos para grandeza e fortalecimento da política brasileira.
Da última vez em que estive em Teófilo Otoni, tive o privilégio de tirar uma foto ao lado do velho Tinga que me encantou com sua sabedoria, Segundo Tinga, aquela foto seria para a eternidade, pois reconhecia em mim um homem justo, fraterno, tolerante. Antes que eu me despedisse dele, Tinga perguntou se eu ainda gostava da música " Prá não dizer que não falei das flores" de Geraldo Wandré, que nós dois cantávamos muito há alguns anos atrás. Como esquecer?
Penso que nos dias atuais ninguém mais reconhece o velho Tinga. A juventude mais preocupada com jogos virtuais nem sabe o quanto Tinga representou para Teófilo Otoni e região. Assim como Tinga, muitos outros em Teófilo Otoni,  foram esquecidos. Para a grande maioria que ainda estão vivos, a exemplo de Tinga, só restou mesmo os solitários bancos das praças de Teófilo Otoni e muitas outras do Brasil.


Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado ao meu saudoso amigo de Teófilo Otoni, João Rosa de Souza (João Rosa), pai de João Campos, José Campos, Mauricio Campos, Dimas Campos, Arnaldo Campos e irmãs. Em 22/05/2013, Barbacena-MG.

terça-feira, 21 de maio de 2013

VISITA AO PSIQUIATRA

Entre as Ruas Frei Serafim e Dr. José Carlos, tive a grata surpresa de reencontrar após longos anos sem vê-lo, meu antigo amigo Davi Braga ou Davi " boca de fogo" como era conhecido no antigo Colégio São José em Teófilo Otoni.
Eu fico pensando " com meus botões" que naquele tempo os apelidos eram horríveis. Assim, conheci amigos  que sofreram muito com tais apelidos que tiravam o sono de qualquer ser humano. Eu mesmo tive vários pesadelos quando me chamavam de esqueleto humano, lombriga de maiô, Tarzan depois da fome e por ai vai. É triste, muito triste...
No antigo Colégio São José, tinha um padre de nome Conrado que era diretor do mesmo. Aquele padre, em plena sala de aula, chamava-me de "vaca magra". Confesso que até hoje tenho complexo de magreza. Imagina o sujeito ser chamado de Tição, pé de chumbo, caçota, gambá ou Mosquito.
Meu amigo Davi Braga até que tentou não aceitar o apelido de Davi boca de fogo, mas, quanto mais abria a boca para xingar, mais a turma "pegava no pé " e gritavam em coro: "boca de fogo, cadê você, eu vim aqui só pra te ver".
No nosso breve reencontro, quase o chamei pelo apelido. Educadamente perguntei-lhe sobre sua vida, sua família, seu trabalho e ele respondeu: " Olha, Vaca magra, vou muito bem e você?".
Pois é, acho que vou voltar a visitar o meu psiquiatra...vacas magras me perseguem!


Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado á minha afilhada,  psicóloga Grazielli Batista Cardoso, atualmente trabalhando no Distrito de Lufa, Município de Novo Cruzeiro-MG. Em 21/05/2013, Barbacena-MG.


segunda-feira, 20 de maio de 2013

DISTRITO DE ENGENHEIRO SCHNOOR EM ARAÇUAÍ

Lá pelos idos de 1994 a 1997, tive a alegria de residir no querido Distrito de Engenheiro Schnoor que pertence ao município de Araçuaí no Vale do Jequitinhonha. Schnoor, como é conhecido, fica na divisa com Novo Cruzeiro. A gente sai do Capão, um pequeno povoado de Novo Cruzeiro e logo chega ao Schnoor.
Os dois lugares são cortados pelo Rio Gravatá com belas paisagens ao longo do seu curso. Pesquei muitos lambarís e tomei muito banho naquelas águas sem muita poluição. Àquela época parecia que a água do rio não tinha muita poluição.
Trabalhei durante dois anos na Escola Estadual José Dos Santos Neiva. Uma excelente instituição de ensino  que tinha uma particularidade que me encantava, ou seja, uma horta de onde vários legumes e hortaliças eram colhidos e servidos na merenda escolar. Nessa época, a diretora era a senhora Maria Cleuma.
Penso que fui um bom amigo e incentivador da juventude de Schnoor que me emocionava com seus sonhos e desejos em conquistar uma vida com mais dignidade. Assim, passei a incentivá-los na luta dos sonhos.
Tive vários amigos por aquelas bandas e prefiro não citar nomes. Posso cometer injustiça a uma multidão de pessoas maravilhosas que me proporcionaram muitas alegrias junto com minha esposa e meus filhos.
Antigamente, o trem da Estrada de Ferro Bahia Minas passava no Schnoor, que, ainda tem o o prédio da estação de passageiros. Eu gostava de ficar ali e imaginando o trem chegando e partindo. Nas minhas lembranças vinha aquela música de Raul Seixas: " OI, oia o trem, vem chegando por trás das montanhas, oi, oi o trem...".
Há muitos anos não visito o Schnoor. Alguns dizem que lá melhorou muito. Outros dizem que não. Ainda assim, fico feliz em saber que num passado recente, ajudei de alguma forma ao povo daquele lugar a acreditar que " sonho que se sonha só é ilusão e sonho que se sonha junto é realidade" e " Na nossa cidade é que começamos a ser felizes". Pois bem, Leonardo Boff e Mário Lago tinham razão. Um dia desses apareço por lá...

Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho (Téo Garrocho)- Texto dedicado a Antonio Coelho, o popular "Batata" de Engenheiro Schnoor, Município de Araçuaí-MG- Em 20/05/2013, Barbacena-MG.

GENTE SIMPLES COMO LELÉ VEREADOR DE TEÓFILO OTONI

Dedinho de prosa era com ele mesmo. Todos em Teófilo Otoni, gostavam de parar na barbearia do senhor Inácio, que, além de cortar cabelos e barbas, era um mestre na arte de consertar sapatos.
Com seus 70 anos, Inácio confessa que não pensa em parar. Segundo ele, " pobre só para quando morre ". Assim, ele acorda cedinho, faz um café e logo abre sua modesta barbearia que fica em frente sua humilde moradia.
Inácio já é avô. O casal de filhos mora há vários anos em Curitiba. Segundo Inácio, que é viúvo, a saudade é grande e a solidão tem sido um martírio para ele. " Os meninos telefonam, mas, não é a mesma coisa", diz Inácio com certa tristeza e olhos lacrimejantes.
Dona Bilú, sua saudosa esposa faleceu há cinco anos. De lá para cá, a lembrança de Dona Bilú ficou mais forte, principalmente á noite quando Inácio se debruça na antiga janela do quarto observando a lua e o céu estrelado.
Segundo Inácio, ele não entende de astronomia, e, na sua simplicidade de homem do interior, imagina que seu único amor de mulher, Dona Bilú, possa ter se transformado em uma daquelas estrelas. É bem provável , "diz" seu coração apaixonado e saudoso.
Inácio, então, vai dormir. Amanhã com certeza cortará algum cabelo ou fará uma meia sola em algum sapato. Reza um pai nosso e se acomoda entre os cobertores no seu solitário quarto. É bem provável que Inácio deixará duas janelas abertas. Vai que lá no céu, Dona Bilú que "pode ser" uma daquelas estrelas,  resolva voltar. Com certeza, uma das janelas que ficará aberta é a janela do coração de Inácio, uma simplicidade em pessoa.


Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado ao meu amigo Vereador Alexandre Amaral (Alexandre Lelé), uma simplicidade em pessoa em Teófilo Otoni, assim como todos os seus familiares( Elcino, Lizeu, Maria "rabo de galo", André "lambreta", Zé Lúcio, o velho amigo Girau, meus bons amigos. Em 20/05/2013, Barbacena,-MG.    

sexta-feira, 17 de maio de 2013

OS RAIZEIROS DAS FEIRAS LIVRES DE TEÓFILO OTONI

Desde menino eu observava aquele movimento na feirinha livre e no Mercado Municipal de Teófilo Otoni. Nas  bancas ou até mesmo nas calçadas, um monte de saquinhos plásticos com várias espécies de raízes á venda por homens e mulheres conhecedores ou entendidos da flora brasileira. São inúmeras as pessoas que procuram os raizeiros na busca de alguma raiz para curar ou aliviar seu problema de saúde, principalmente nos Vales dos Mucuri e Jequitinhonha, onde a falta de médicos e uma melhor assistência em se tratando de saúde pública, ainda é precária. Aliás, em todo o Brasil. Ainda que eu reconheça muitos avanços políticos, ainda não consegui entender tanto dinheiro gasto com campos de futebol, publicidades caríssimas na mídia e por ai vai. 
Conheci no distrito de Engenheiro Schnoor, lá pelas bandas de Araçuaí, um senhor de nome Gilão. O sujeito era um entendido em raízes do mato. Certa vez, eu estava com uma dor danada nos rins. Como lá não tinha e não tem hospital, procurei o tal Gilão que me "receitou" uma raiz de nome "Caninha de macaco". Meu Deus, a minha patroa Dadá fez o chá e tomei. Foi "tiro e queda". Nunca mais tive dor nos rins.
Próximo á nossa casa em Teófilo Otoni, na favela do Cata Quiabo que ficava ao lado do Subaco Fedendo, tinha um tal de Dona Maria Raizeira que tinha raiz para todo tipo de " muléstia", como ela mesma dizia. Me lembro que mesmo antes de existir este tal de Viagra, Dona Maria Raizeira fazia uma garrafada de pinga boa misturada com uma raiz chamada de "Rufão" que dava muita virilidade ao homem e á mulher também. Cansei de ver muito homem mais velho comprando aquela garrafada de "Rufão" ou mandando alguém comprar "Prá não dar na vista", segundo Dona Maria.
Os e as raizeiras fazem parte do folclore e história dos Vales do Mucuri e Jequitinhonha. É comum você encontrar vários deles em feiras populares. São respeitados e considerados mestres na "receita" para os diversos tipos de "muléstia" no linguajar do povo.


Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado ao meu amigo Arnô Barbosa, mais conhecido por Arnô do Fumo, em Teófilo Otoni-MG. Em 17/05/2013, Barbacena-MG.

CHICO ' TATU " ONOFRE, O EX. VEREADOR DO POVO EM TEÓFILO OTONI

Gosto de história. É através da história que ficamos cientes do fatos passados. No Brasil, infelizmente, é comum a maioria dos brasileiros não ter interesse pela sua história. É fato real que habitamos em uma pátria onde a maioria não tem o hábito da leitura, não tem interesse em saber como foi criada sua pátria e o lugar onde nasceu.
Sempre, desde meus tempos de infância, fui muito curioso no sentido de conhecer fatos e acontecimentos passados da minha terra natal que é Teófilo Otoni no Vale do Mucuri em Minas Gerais e, são tantos que poderíamos juntar vários historiadores para contá-los em um livro ou documentário que seria de grande valia para os amantes da história.
Atualmente, observamos uma juventude mais preocupada com redes sociais, jogos virtuais e assim vamos sendo constantemente chamados de um povo sem memória. Em Teófilo Otoni, acredito, que ainda não temos um museu público onde poderiam estar sendo guardadas fotografias, livros, documentos, pinturas, objetos pessoais e relatos pessoais de outrora que marcaram a história do nosso rincão.
O título deste texto retrata uma pessoa que fez história em Teófilo Otoni. O Ex. Vereador por vários mandatos que se chamava Francisco Onofre Pereira, ou carinhosamente chamado pelo povo de Chico Tatu. Alguns mais novos perguntam sempre de onde veio o apelido de Chico Tatu. Pois bem, dentro dos meus parcos conhecimentos, gostaria de dizer que tive a honra de conhecer e conversar sempre com o saudoso Chico Onofre. Um vereador sempre muito bem votado e que certa época, numa terra conservadora e elitizada, lançou sua candidatura a prefeito do município de Teófilo Otoni. O seu partido tinha três candidatos e ele foi o mais votado. Mas, àquela época da ditadura militar, eram somados os votos dos partidos que eram apena dois ( Arena e MDB). Assim venceu o partido do MDB e Chico Tatu, mesmo sendo muito bem votado, não ganhou as eleições para prefeito.
Foi nesta época que ele passou a ser conhecido por Chico Tatu, devido seu programa de governo ter sido marcante e irreverente à época. Ele, caso fosse eleito, pretendia construir túneis nos morros de Teófilo Otoni para que o trânsito ficasse sem muitos engarrafamentos. Segundo Chico Tatu, seriam construídos túneis no morro da Copasa, saindo da Praça Tiradentes e final próximo á Rio Bahia. Outro túnel saindo da Avenida João XXIII, passando "por baixo" do morro do cemitério e final no Bairro Marajoara nas imediações do Fórum e INPS. Outro túnel saindo próximo ao Tiro de Guerra, passando "por baixo" do morro do Altino Barbosa e final no Bairro Grão Pará.
À época, Chico foi alvo de provocações e até mesmo considerado um "louco" pelos adversários políticos. Mas, hoje com o trânsito caótico e engarrafado de Teófilo Otoni, Principalmente no centro. muitos devem estar sentindo que Chico Tatu tinha razão com suas idéias irreverentes. Fica aqui minha homenagem ao saudoso Chico Onofre, um grande vereador, um vereador do povo  que merece ter seu nome perpetuado na construção e história de Teófilo Otoni.


Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicados aos familiares do saudoso amigo e grande vereador em Teófilo Otoni, Francisco Onofre Pereira, nosso querido Chico Tatu. Em 17/05/2013, Barbacena-MG.






quarta-feira, 15 de maio de 2013

TESTE DA VIDA EM TEÓFILO OTONI

Tinha passado em todos os testes. Bastou um sorriso na entrevista para ser reprovado. segundo o entrevistador, Jacó tinha um dente preto. Foi um desespero para Jacó que via naquele emprego a oportunidade de dias melhores. 
Jacó alegou que aquele preto que o entrevistador viu no seu dente não era cárie e provavelmente seria uma casquinha de feijão esquecida por não ter escovado os dentes. Não houve consenso. Jacó enfiou a unha, cutucou daqui e dali, tentou e não deu certo. Parecia aquelas casquinhas de piruá oriundas de milho de pipoca. Quando grudam na gengiva, não saem fácil.
Jacó apelou para um palitinho de fósforo. Piorou quando a ponta do palito furou sua gengiva e sangrou. Misturou o preto do dente com o sangue vermelho. O entrevistador era vascaíno, detestava rubro negro. Como não houve acordo, Jacó não conseguiu o tão almejado trabalho. Ficou para outra oportunidade.
Jacó estava indignado. Na verdade aquilo não era casquinha de feijão. Jacó lembrou que havia chupado umas jabuticabas, horas antes da entrevista. As jabuticabas foram doadas pelo seu tio Zé Cachorro e alguma casquinha ficou grudada. Para piorar, no dente da frente. "Maldito tio Zé Cachorro", esbravejava Jacó, " malditas jabuticabas", gritava com ódio no coração.
Mas, ao contrário do que pensou, seu tio Zé Cachorro era uma benção de pessoa. Homem amável, caridoso e fraterno. O apelido veio justamente por fazer o bem em retirar das ruas os cachorros abandonados e dar-lhes abrigo, comida e carinho ali pelas bandas do pacato Bairro das Palmeiras em Teófilo Otoni, onde por sinal reside meu bom amigo de futebol e juventude, o professor Isaías Lemos.
Como tudo passa, uma semana depois, Jacó foi chamado para outra oportunidade de trabalho. Passou nos testes novamente e na entrevista não sorriu. Jacó fez cara de mau, de homem "macho" e bravo. Assim, Jacó foi reprovado. Questionou daqui, questionou dali e recebeu como resposta do entrevistador: " Olha senhor Jacó. o senhor tem que mirar no exemplo do seu tio Zé Cachorro que vive sorrindo e tem amor no coração. Este emprego é para ajudar na criação de crianças abandonadas e com este rosto tão sisudo, o senhor não vai levar alegria e felicidade ás crianças".
Assim, Jacó saiu dali decidido a mudar sua postura diante da vida. Tudo indica que Jacó entendeu que não devemos fixar nossos problemas e pensamentos numa simples casquinha de feijão ou jabuticaba "da vida". Existem coisas maiores e mais edificantes como o amor de seu tio Zé Cachorro pelos animais abandonados.


Autor:Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado aos meus amigos de futebol e juventude, Professor Isaías Lemos e Ilton Lemos, filhos do saudoso senhor Dão "Barbeiro" em Teófilo Otoni-MG. Em 15/05/2013, Barbacena-MG.

domingo, 12 de maio de 2013

CARUÊ, VOCÊ ERA O CARA DO FUTEBOL EM TEÓFILO OTONI.

Quando se comenta futebol em Teófilo Otoni, os mais antigos não esquecem de citar o nome de Caruê que na verdade se chamava José Gregório. Caruê, talvez, seja o nome mais conhecido no nordeste mineiro que teve grandes jogadores a exemplo de Toninho Almeida, Baianinho, Pedro Heleno, Joaquim de Sadi, Alema, Danda, Ivan Gazzinelli , Cadinho, Zé Rolinha, Lalado de Araçuaí, Pablo de Novo Cruzeiro, Zé de Duca de Ataléia, Lugão, Cinzento e Gildázio do Borroló de Carlos Chagas e recentemente Fred e Fael. 
Caruê, quando jogou pelo América de Teófilo Otoni, encantava a todos com sua elegância em conduzir a bola dando dibles, passes perfeitos e fazendo gols maravilhosos. Conheci Caruê nos idos de 1971 quando joguei algumas partidas pelo América e tive a honra de atuar ao seu lado. Ele ainda tinha uma nobre missão de formar escolinhas de futebol no Estádio Nassiri Mattar. Além de excelente jogador, treinador, Caruê era um bom amigo, bom papo, amigo dos jovens e de todos em Teófilo Otoni.
Com muita tristeza, fiquei sabendo do falecimento de Caruê. Torço para que seu nome não caia no esquecimento do povo e principalmente daqueles que enriquecem nossa cultura e com muita dificuldade ainda conseguem perpetuar a história e memória do nosso povo em Teófilo Otoni.
Caruê foi um mito. Um exemplo  a ser seguido por todos que praticam o esporte e gostam da nossa terra natal. Assim, penso, temos que perpetuar para as novas gerações o nome, a vida e a obra do inesquecível José Gregório, nosso querido e saudoso Caruê.


Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado ao meu amigo poeta, historiador Dr. Igor Sorel de Teófilo Otoni-MG- Em 12/05/2013, Barbacena-MG.

CORTADOR DE CANA EM ARAÇUAÍ

Debaixo de um sol escaldante, Firmino só tinha um pensamento: Chegar em casa. Haviam duas horas que tinha vindo a pé do distrito de Engenheiro Schnoor em direção a Ribeirão das Almas, povoado onde residiam seus pais e irmãos.
Firmino, assim como muitos jovens naquela região, voltava do interior de São Paulo onde sua profissão era cortador de cana. Todos os anos, os homens daquela região vão no início e voltam no final de ano. É uma "guerra" sem fim para milhares de jovens que habitam uma região sem muitas oportunidades.
Segundo Zé Tico Tico, um aposentado do corte de cana no interior de São Paulo, " breve vai acabar a ida dos jovens para São Paulo. As máquinas estão dominando tudo", diz Tico Tico que tem fama de homem sábio e entendido naquela região.
Firmino tem 25 anos, mas, aparenta ter mais. Seu rosto em pleno vigor da juventude já carrega marcas de um envelhecimento precoce. Tico Tico diz que Firmino será em breve mais um "rosto parecido com maracujá seco e corpo de "pelancas", assim como ele e a maioria dos aposentados do corte de cana. "É preciso que o governo tome providências e crie políticas públicas eficientes para este povo sofrido", brada Tico Tico em bom tom.
E Firmino chega em Ribeirão das Almas ao som do barulho de fogos de artifício que pipocam no céu solitário de uma terra sofrida, a exemplo de vários povoados naquela região. O velho cachorro Xerife dá pulos e uiva de contentamento. Os pais, irmãos e amigos dão glória ao senhor construtor do universo e bem ao fundo tem Zefinha, o primeiro amor de Firmino que não vê a hora de pular nos braços do guerreiro que volta vivo de mais uma guerra social nesta pátria de todos.
À noite no terreiro do quintal, todos se ajuntam em volta de Firmino para escutar as novidades de São Paulo, para muitos ainda, a "terra prometida". Até o Zé Calango bebeu menos pinga naquela noite onde a lua parecia sorrir e as estrelas brilhavam como um raio de esperança para todos naquele lugar tão distante e esquecido pelos poderes públicos.
Zefinha, que há muito tempo vem derramando lágrimas de saudade, era só alegria nos braços fortes do amado cortador de cana que, entre um beijo daqui e dali, tinha tempo para sorrir a todos e afagar a cabeça do cachorro Xerife.
Zé Tico Tico, ao presenciar tão bela cena, arrisca um palpite e diz: " Se a gente aqui tivesse mais assistência, a gente seria sempre mais feliz". Zé Calango ao escutar, retrucou: " O Tico Tico devia ser era político".


Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado ao meu compadre João Caboclo, cortador de cana aposentado de Engenheiro Schnoor, Município de Araçuaí-MG. Em 12/05/2013. Barbacena-MG.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

NOS VELHOS TEMPOS EM TEÓFILO OTONI

* Para transportar defuntos considerados indigentes, era usada uma pequena camionete tipo "furreca" na cor preta e que era dirigida pelo senhor Moacir Pungyrum.

* O morro do Pela Jegue ficava próximo ao morro do eucalipto e ganhou este apelido devido uma senhora que plantava hortaliças, ter jogado água fervendo num jegue que andou comendo suas verduras.

* A Rua do Cocá Pelado que fica na Vila Barreiros, teve esse nome devido um senhor que criava muitas galinhas d´Angola naquela localidade, dai o nome Cocá Pelado.

*Em alguns antigos comícios políticos, o povo era transportado para assistir em carrocerias de velhos caminhões. Tanto senhores, senhoras e crianças.

*Durante muitos anos, os estudantes tinham o costume de comprar um doce chamado de " Quebra queixo" na entrada dos colégios e era muito apreciado por todos.

* Na zona boêmia que ficava na Rua Francisco Sá, tinha um lugar de encontros amorosos que era conhecido por " Buraco Doce".

* Jorge "Sem Bronca" era um apaixonado torcedor do Concórdia Atlético Clube. Jorge era famoso por assistir todos os jogos do CAC com um  rádio portátil ao "pé do ouvido" e repetindo sempre um velho jargão: " Sem bronca, sem bronca".

* Duas duplas de futebol ficaram famosas, Cadinho/Ivan e Alema/Danda.

*Quem vinha de animal para as feiras de Quarta e Sábado, deixavam seus animais estacionados no quintal de Dona Inêz Garrocho. O "estacionamento" era administrado" pelo seu filho Wilson Garrocho.

* A Casa Primor era do senhor Pedro Carneiro, a Casa Veloso era do senhor Samuel Veloso e a Casa Carvalho era do Senhor Manoel Carvalho.

*Tinha uma sorveteria de nome Sibéria que ficou famosa por vender um picolé de nome " espumoni".

* No mercado municipal tinha um armarinho que vivia lotado de mulheres comprando aviamentos para suas costuras. O nome do armarinho era Iara.

* Na Igreja de Bom Jesus, do lado de fora, existia um sino muito apreciado pelos estudantes do antigo Colégio São José, que, na saída, se penduravam no mesmo e badalavam à vontade.

* Muitas ruas pequenas receberam nome de becos e travessas e ficaram famosas a exemplo do Beco do Coelho, Beco da Lealtex, Trravessa do Café Epam, Corrredor Gazinelli, Beco do Rex, Beco da Mate Cola , Beco da Jaqueira.

* Alguns jovens usavam uma certa calça Lee americana com boca de sino e uma tira mais clara chamada de "nesga".

* Existiam, além da zona boêmia do Chico Sá, outras muito conhecidas que eram  o " Curral das éguas" e o "Carrapatinho".

*Oldack Miranda tinha uma casa de comércio com o nome de Casa Miveste. O saudoso Oldack era pai do Deputado Nilmário Miranda.

* Apelidos engraçados eram dados a morros de Teófilo Otoni a exemplo de Morro do Subaco Fedendo, Morro do Feijão Bebido, Morro do Cata Quiabo, Morro do Quenta Sol, Morro do Sossego, Morro da Paia, Morro do América, Morro do Bispo, Morro da caixa D´Agua, Morro do Concórdia, Morro da LBV, Morro do Altino Barbosa, Morro do Pela Jegue, Morro da Jaqueira, Morro do Cemitério, Morro do Pau Velho.

* O Rio Santo Antonio que passava próximo ao antigo Colégio São José, recebeu dos estudantes o apelido de "Toddy", devido suas águas serem de cor parecida ao achocolatado. Coisa de estudante!!!

* Chiquito Correia tinha um avião e diziam que seu piloto tinha o apelido de Zé Picolé.

*Segundo alguns militantes que ainda estão vivos, ali na Rua antiga Rua do Arrasta Couro( Hoje Victor Renaut), existia um hotel chamado de Hotel dos ferroviários e ali funcionava uma célula do Partido Comunista do Brasil e uma outra da POLOP ( Política Operária) ligadas á Extinta Estrada de Ferro Bahia-Minas.

* Alguns bares e lanchonetes ficaram muito conhecidos e frequentados ' aquela época´ a  exemplo da Churrascaria Cristal, Bar Tremendão. Bar Papo Firme, Bar Pé de Boi, Bar Jambori, Bar do Augustinho, Bar Chopotó, Bar Bem Bolado, Bar Barranco, Bar do Seo Arruda , Bar Centenário, Miscelânia Carioca, Mercearia Eny, Bar Lider, Bar do Jetão.

* Tinha um vendedor de geladinho que ficou famoso com um antigo jargão: " Chupa Lili, tá doce e tá frio".

* João Gabriel da Costa (SEO NÔ) era quem enterrava os mortos. Tanto pobre, rico, preto ou branco. Seo Nô era autoridade. Foi Delegado e vereador em Teófilo Otoni. Seu enterro foi o maior em acompanhamento na história de Teófilo Otoni.

* No mercado Municipal haviam muitos vendedores do fumo de rolo e um deles se tornou vereador em Teófilo Otoni. Ele era conhecido por Arnô do Fumo.


Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado ao meu saudoso amigo João Gabriel Salustiano Costa ( João de Nô)- Barbacena, em 10/05/ 2013

quarta-feira, 8 de maio de 2013

FUTEBOL ANTIGO NA VERÔNICA EM TEÓFILO OTONI

Betão " pé de anjo" nasceu no povoado de Sucanga que fica próximo a Poté e Valão. Antigamente a estrada de ferro Bahia-Minas passava por ali. Eu, quando jovem, ia muito a Valão para jogar futebol e uma certa vez nós perdemos o trem de volta e tivemos que andar a pé uns trinta quilômetros até Teófilo Otoni.
Pois bem, Betão "pé de anjo" era oriundo daquelas bandas e veio muito jovem para trabalhar em Teófilo Otoni, cidade polo mais próxima que "tava fichando" gente para trabalhar. Assim, ele não precisaria ir para o corte de cana no interior de São Paulo.
Pé de anjo tinha um problema. Como foi criado na roça, ele nunca tinha calçado sapato e vez ou outra usava uma famosa "precata" feita de tiras de borracha e solado de pneu. Quem nasceu ou viveu na roça nos Vales do Mucuri e Jequitinhonha, conhece bem a famosa "precata".
Em Teófilo Otoni, Betão foi morar na antiga favela do "pela jegue" que ficava ali no alto do morro do eucalipto. Quando eu era rapazinho, joguei muito futebol mo campo do "pela jegue". Sempre tinha futebol da Vila Verônica contra os meninos do alto do Eucalipto e era disputa ferrenha nos gramados do "estádio" do pela jegue.
'Aquela época, nem todos podiam comprar um par de chuteiras que era um artigo de luxo. Quando ganhei meu primeiro par de chuteiras, a famosa marca Gaêta, quase "botei um ovo de alegria". A maioria jogava mesmo era descalço.
Bola pra cá e bola pra lá indo para no meio de um mato cheio de espinho tipo "carirú" bravo. Ninguém ia lá buscar a bola. Com uma coragem invejável, Betão corria entre os espinhos e trazia a pelota para alegria de todos. Assim, nasceu o apelido de Betão "pé de anjo".
Seo Oswaldo, apelidado de Oswaldo "suco de cana", antigo treinador do Vila Rocha Esporte Clube, fazia questão de escalar Betão "pé de anjo" nas partidas ou levá-lo como roupeiro e massagista do time. Nem bem a bola caia no espinheiro ou no meio do mato, seo Oswaldo gritava: "Vai que é sua pé de anjo".
Há muito tempo não tenho notícias do pé de anjo. É bem provável que ele já tenha partido para outras esferas a exemplo de João Moleque, Zé Mário, Jabuti, Zé Muriçoca, Elcino e outros inesquecíveis companheiros de infância e juventude na Vila Verônica em Teófilo Otoni.
São Pedro, caso pé de anjo esteja por lá, deve estar feliz. Afinal, São Pedro não vai buscar bola no espinheiro do inferno. Essa missão certamente ficará sempre para nosso saudoso Betão "pé de anjo".


Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado ao meu saudoso amigo Márcio "braga". Antigo roupeiro e massagista dos times de várzea da Vila Verônica em Teófilo Otoni nos anos de 1970. Barbacena, 08/05/2013.