A preocupação foi geral. De uma hora para outra a gata ficou rouca como se tivesse engasgada com um pedaço de osso, um pedaço de carne ou até mesmo um sapo. A gata tão assanhada ficou numa tristeza de fazer pena. Ficava pelos cantos como a implorar piedade e misericórdia. A situação piorou quando nem mesmo um pingo de água ela aceitava. Praticamente estava em pele e osso, levantando suposições de todos os moradores da casa do senhor Onofre. Seria um auto suicídio? uma greve de fome ou o famoso e antigo "cú doce" para chamar a atenção de todos?
Com "cú doce" ou seja lá o que fosse, a preocupação tomou conta de todos. Dona Fafá, a patroa, murmurava pelos cantos: " Essa bichinha tava tão boa que a semana passada matou três ratos e agora olha a situação dela. Oh! meu Deus!". A gatinha, apelidada e "batizada" como Doçura pelo filho mais novo de Dona Fafá, era na verdade um xodó para todos. Era tão querida que o garoto fincou pé e deduziu que Doçura tinha ficado daquele jeito "depois que seu pai, o senhor Onofre, passou a dar pedacinhos de carne e queijo para a bicha". Segundo Gustavinho, "até os pelos da Doçura estavam caindo. Culpa do meu pai." esbravejava Gugu.
O filho mais velho do senhor Onofre tem outra versão sobre o fato. Ele deduz que a gata Doçura pode estar com depressão. Segundo ele, a gata Doçura "só dormia dentro de casa e Dona Fafá colocou a gata para dormir fora no relento e sentindo o frio das madrugadas. Segundo Thiago, o filho mais velho, "a rouquidão da gata pode ser uma tuberculose ou pneumonia". Ele acha que Dona Fafá tem que voltar a gata para dentro de casa. Dedução que é aprovada pelo senhor Onofre que já passou por depressão na vida. Segundo ele, a solidão mata devagar.
Para evitar mais comentários, Dona Fafá telefona para a veterinária e marca consulta para a gata Doçura. Com ajuda do filho do meio, o Charles Tim, eles levam Doçura em uma motocicleta até a veterinária. Uma viagem desgastante para a pobre da Doçura que viajou dentro de um saco. "É bem provável que ela tenha sentido que a gente ia dar sumiço nela", comenta o filho Charles, após chegarem ao consultório.
A doutora então, examina a gata e passa alguns medicamentos que após uma semana fizeram efeitos e melhorou bem a situação da felina que voltou a dormir na sua caminha no interior da casa. A vida voltou ao normal e Doçura tem miado á vontade com firmeza e alegria. Segundo o senhor Onofre, os remédios ajudaram muito, mas ele continua acreditando que o que sarou a gata foi o calor humano de todos. Senhor Onofre continua acreditando que ninguém, nem mesmo os animais, conseguem viver na solidão. Ah! ia esquecendo, Dona Fafá encontrou comigo numa rua qualquer e disse que a gata já matou mais três ratos!!!
Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado a todos os meus amigos do Brasil e exterior, que para mim são verdadeiros tesouros que o construtor do universo, Deus, me proporcionou. A todos e familiares, um feliz ano novo. Texto escrito em Barbacena-MG, aos 26/12/2013.
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