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quarta-feira, 30 de abril de 2014

A LEI DE CAIM

A lei de Caim é a lei do fratricídio. A lei do fratricídio é a lei da guerra. A lei da guerra é a lei da força. A lei da força é a lei da insídia, a lei do assalto, a lei da pilhagem, a lei da bestialidade. Lei que nega a noção de todas as leis, lei de inconsciência, que autoriza a perfídia, consagra a brutalidade, eterniza o ódio , premia o roubo, coroa a matança, organiza a devastação, semeia a barbaria, assenta o direito, a sociedade, o Estado no princípio da opressão, na onipotência do mal.

Lei de anarquia, que se opõe à essência de toda a legalidade, substituindo a regra pelo arbítrio, a ordem pela violência, autoridade pela tirania, o título jurídico pela extorsão armada. Lei animal, que se insurge contra a existência de toda a humanidade, ensaiando o homicídio, propagando a crueza, destruindo lares, bombardeando templos, envolvendo na chacina universal velhos, mulheres e crianças.

Lei de torpeza, que prescreve o coração, a moral, a honra. Lei de mentira na falsa história que escreve, nos falsos pretextos que invoca, na falsa ciência que explora, na falsa dignidade que ostenta, na falsa bravura que assoalha, nas falsas liberdades que reinvidíca, fuzilando enfermeiras, atacando hospitais, metralhando povoações desarmadas, incendiando aldeias, bombardeando cidades abertas, minando as estradas navais do comércio, submergindo navios mercantes, canhoneando tripulações e passageiros refugiados nas lanchas de salvamento, abandonando as vítimas da covardia das suas proezas marítimas aos mares revoltos e aos frios dos invernos boreais. Lei do sofisma, lei da inveja, lei da carniceria, lei do instinto sanguinário, lei do homem brutificado, LEI DE CAIM.

Autor: RUI BARBOSA- Texto retirado do livro: "A ARTE DE ESCREVER", do escritor Francisco da Silveira Bueno, editado pela Editora Saraiva, ano de 1949- Sétima edição, Páginas 37 e 38.

terça-feira, 22 de abril de 2014

AS LÁGRIMAS DAS MÃES EM TEÓFILO OTONI E NA PRAÇA DE MAIO NA ARGENTINA

Com uma flor de margarida nas mãos, Serafina Apolinária dos Anjos, ou Dona Fininha como é mais conhecida na região do Altino Barbosa em Teófilo Otoni, fica parada olhando para o infinito, mergulhada em lembranças do passado. Ultimamente ela fica assim, dando o que falar no seio da família e nos amigos mais fieis.
Dona Fininha perdeu um filho em acidente com veículo na sexta feira da paixão que passou. O trauma foi tão grande que nem mesmo o aconchego da família e de todos, consegue tirar a tristeza daqueles "zoinhos" que teimam em fixar o firmamento. Um firmamento que parece não ter fim e faz vez ou outra brotar uma aguinha em cada cantinho dos "zoinhos" de Dona Fininha.
Eu já vi e presenciei muita coisa triste na minha vida, mas, como lágrima de mãe é difícil ter igual. É uma lágrima sincera, comovente, saudosa como nenhuma outra. É uma resposta da alma machucada por algum revés e fatalidade em relação á família e em especial com os filhos que vieram do seu ventre. E, vendo as lágrimas brotarem dos "zoinhos" de Dona Fininha, lembrei também da minha avó Inês Amado Garrocho que chorava caladinha em um cantinho da sua cozinha ao ver meu pai sendo levado preso pela ditadura militar e entregue aos seus algozes nos porões da tortura. Assim, passei a entender e valorizar mais minha avó, minha mãe e todas as mães do universo.
Assim, a exemplo das lágrimas de Dona Fininha, da minha avó Inês, das mães da Praça de Maio na Argentina e milhares de mães espalhadas pelo mundo inteiro, os chamados poetas do mundo com certeza construiriam um " oceano de saudade" que minam dos "zoinhos" tão magoados da alma de milhares de mães, sejam brancas, pretas, pardas, amarelas. Ricas ou pobres materialmente...
Vou, dentro das minhas limitações de fé, tentar fazer uma prece para Dona Fininha suplantar a dor tão profunda que vem sentindo. Vou tentar, quem sabe, explicar para Deus, que acolha com carinho o seu filho que na verdade sempre foi um pedacinho da sua alma.
Ah! fiquei sabendo que aquela margaridinha nas mãos de Dona Fininha só tinha uma pétala e quando ela tirou, deu "bem-me-quer". Fiquei sabendo também que brotou um suave sorriso no rosto de Dona Fininha. É bem provável que Deus tenha escutado minha humilde prece. Será???

Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado á todas as mães de Teófilo Otoni que perderam seus filhos precocemente. Também este texto é dedicado a todas as mães que tiveram seus filhos mortos por ditaduras militares a exemplo no Brasil, Chile e Argentina. Enfim, a todas as mães que dos "zoinhos" tristes. Texto escrito em Barbacena-MG, aos 22/04/2014.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

ASSESSOR POLÍTICO NO NORDESTE DE MINAS GERAIS

Toninho "Turiba" tem o costume de repetir um velho ditado quando é questionado por todos em relação sobre a boa vida que vem tendo ultimamente na pacata Vila Jacaré da igualmente pacata cidade de Filadélfia no Nordeste de Minas Gerais. Segundo seu cunhado Deusdete, que há 50 anos labuta arduamente na criação de bodes, o irmão da sua mulher Conceição, está se achando o rei da cocada preta e pegar no cabo da enxada: "Nunca mais".
Sentado na soleira do seu barraco em velha cadeira de balanço comprada no Topa Tudo usados do meu velho amigo Aziz, Toninho Turiba nem parece estar mesmo preocupado com o andar da carruagem da vida. Vez ou outra repete para si mesmo uma antiga frase que escutava um certo político de Filadélfia dizer em um restaurante elitizado do centro da cidade: " Os cães ladram e a caravana passa". Também lembro que um colunista social de nome Ibraim Sued escrevia esta frase em sua coluna de bacanas da sociedade. Dizem que Toninho também costuma repetir uma velha frase de um bunda quente e político safado de Filadélfia que tinha e tem o costume de dizer: "Cria fama e fica na cama" ou "Cria fama e fica na Câmara", como queiram.
Toninho Turiba, assim como muitos da pacata Vila Jacaré não é homem de muita cultura. Sabe mal mal assinar o nome.Na verdade uns garranchos de escrita. Ainda assim, se orgulha quando pega no bico da pena e carimba Antonio Tintino, que na verdade é seu nome de batismo dado pelos pais Maneco e Beatriz que viveram a vida toda fazendo bicos e biscates pela cidade de Filadélfia, onde, dizem que existe um grande amor fraterno entre o povo. Será?. Diferente dos pais, Toninho tem dado o que falar na mesma terra onde também muitos criaram fama e estão nas redes, na cama, na câmara e nos gabinetes com ar condicionado, etc. Será Toninho um discípulo? É bem provável.
A grande verdade de tudo isto é que Toninho Turiba diz para todos que é assessor ou porta voz do prefeito e a verdade verdadeira de tudo isto é que o prefeito detesta Toninho. Na verdade verdadeira da verdade, o prefeito quer mesmo é distância do Toninho que na verdade não passa de um grande pucha saco e babaôvo do prefeito. Assim, como o prefeito tem pavor da língua afiada de Toninho, ele dá uns trocados para Toninho não enfiar a língua nele pelas costas ou meter o pau pelas costas no centro ou miolo da Praça de Filadélfia, como queiram. É bem provável que tanto o prefeito e Toninho tenham " O Príncipe" de Maquiavel como livro de cabeceira. "Se não podes contra o inimigo, junte-se a ele". Os dois, Toninho e o prefeito são na verdade "unha e carne". Um fiel retrato da política com p minúsculo no Brasil...
Então, os anos passam e tudo continua como sempre na pacata Filadélfia. A cada novo mandato conquistado, o velho prefeito, ainda que enojado de conviver com a própria raça que vem criando há anos, relembra sempre, no silêncio da sua consciência (se é que já teve): " O povo, ora bolas para o povo. Quatro anos passa tão rápido que eles nem percebem. Amanhã mesmo vou recrutar mais uma dúzia de Toninhos."
Pobre povo, pobre povo, até quando? Até quando minha querida e pacata Filadélfia???

Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado a todos aqueles que lutam pela transparência e honestidade nas administrações públicas dos municípios brasileiros. Texto escrito em 16/04/2014 em Barbacena-MG.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

SAUDADE DE CAGAR NO MATO EM TEÓFILO OTONI


Para minha surpresa, alguns velhos amigos estão lendo meus simples escritos. Sempre confessei que escrevo sobre temas simples do cotidiano. Peço sempre perdão pelos erros da língua portuguesa. Ainda não tenho uma pessoa para fazer a redação dos meus textos. Adoro relembrar situações cômicas que aconteceram comigo e milhares que já presenciei convivendo com meus amigos e nas esquinas da vida onde este velho mancebo já passou. Nunca esqueço de quando borrei nas " carças" ao subir por aquelas escadarias imensas do antigo orfanato onde estudei quando criança em Teófilo Otoni. Acredito que tem gente borrando nas calças de tanto sorrir daquilo que escrevo. Afinal, são raros os viventes que assumem tais acontecimentos em sua vida, a exemplo de borrar nas calças.
Deixando a merda de lado, voltemos ao início onde eu disse que para minha surpresa, alguns velhos amigos estão entrando em contato com este meditabundo da vida e agradecendo pelos sorrisos que estão florindo das suas carcaças sexagenárias ao lerem o que estou escrevendo. Alguns até confessam que "estão renascendo" e outros dizem sentir que "as rugas e os pés de galinha estão sumindo dos rostos carrancudos". Tem até um tal de Abdias, não o saudoso senador Abdias que foi militante da causa Afro-Brasileira e sim o humilde Abdias que morava ali pelas bandas do antigo Cocá Pelado na Vila Barreiros. Segundo Abdias, ele já tem internet e quando acessa meu (nosso) BLOG, ele diz sorrir tanto que no outro dia pela manhã, seu vizinho pergunta qual filme de comédia ele assistiu na madrugada.
Sei lá, acho que tudo não passa de coisa de caduco. Pode até ser verdade. Não é novidade nenhuma que já tem muita gente da terceira idade que estão "viciados na tal interneta". Eu mesmo, tenho um filho que nem bem eu ligo meu velho e aguerrido PC e ele já passa gritando alto: " Ê pai, tá viciado mesmo". E, pasmem, tem a cara de pau de chamar minha velha patroa para incriminar-me mais ainda: " Chega mãe, olha lá. Ele tá entrando até no Feicibuque". Cruz credo, cruz credo, ô lingua...ô lingua!!!
Pois bem, ainda bem que minha bondosa patroa me defende e diz: "Ah! meu filho, eu não entendo nada disso. Deixa seu pai sossegado. Melhor ficar no PC que nas mesas de boteco". Vitória para mim e caminho livre para escrever meus textos. Então, ultimamente tenho sentido saudade de tudo. É possível que seja mesmo a tal idade. Estou fazendo uma lista de coisas que ainda pretendo fazer, antes de "bater a caçuleta" ou "fechar o palitó" como queiram.
Para começar a lista, pretendo tomar banho pelado ali pelas bandas do Rio Mucuri. Se possível, tirar uma chupeta e dar um salto mortal pelo ar. Será que vou conseguir? Veremos. Outra coisa que pretendo é descer dentro de um carro de pau no antigo morro da igrejinha ali pelas bandas da Vila Verônica e se possível com meu velho amigo "Zé Caga-barro" na direção.Vai ser uma festa e até imagino o povo dizendo: "Téo não tem jeito. Depois então que voltou de Barbacena..." Pretendo também, com certeza, convidar meu velho amigo Pedrinho Jacaré para entrarmos à noite no cemitério municipal e tacar uns ovos podres em alguns políticos de Teófilo Otoni. Ô saudade!!!
Para encerrar minha lista de utopia, peço a Deus que me dê a alegria, antes do "vai com Deus", para sentar embaixo de um frondosa moita e...cagar á vontade. Não, não quero papel higiênico, folha de jornal ou folha de mato para limpar. Eu quero mesmo é um sabugo de milho para roçar na minha bunda e matar saudade de quando morei ali pelas bandas da Vila Verônica em Teófilo Otoni..
Abdias, meu velho amigo já deve estar sorrindo alto pelas madrugadas do Cocá Pelado ali pelas bandas da Vila Barreiros...

Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado ao meu fraterno e bom amigo Alfaiate "COLA" que reside no antigo Cocá Pelado na Vila Barreiros em Teófilo Otoni-MG. Texto escrito em Barbacena-MG aos 04/04/2014.