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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

TÉO GARROCHO? ESTÁ LÁ NO CEMITÉRIO MUNICIPAL DE TEÓFILO OTONI


Trabalhei durante oito anos no cemitério municipal de Teófilo Otoni. Exatamente de 1985 a 2003. Quando algum amigo perguntava ao meu pai ou á minha mãe sobre mim e por onde eu andava, eles respondiam que eu estava lá no cemitério municipal. "Meu Deus, tão novo, dona Laura","Téo? morreu de quê, seo Tim?", "Era um bom rapaz, que Deus o tenha". Eram frases de reação e espanto ás respostas dos meus pais em relação a mim que trabalhava no cemitério.
Trabalhando ali, confesso que aprendi muito,ou seja, amadureci minha concepção sobre a vida. Foi ali que aprendi que a morte é mesmo " como um navio de passageiros que parte deixando todos tristes e alegria quando este mesmo navio aporta em outro porto". Não me lembro do nome do rabino que fez esta profunda comparação.
Para muitos e não são poucos, a pessoa morre e acabou. Não acreditam em julgamento, paraíso ou inferno. "Aqui se faz, aqui se paga" e por ai vai. Penso e sempre pensei que não existem pessoas ruins. Penso que são os problemas íntimos, particulares, que levam milhares de homens e mulheres a possuir um coração duro. Penso também que enquanto durar o fechamento da alma, a pessoa acaba ficando sozinho na vida. Quem tem o  coração magoado acaba acumulando uma ferrugem na alma. Não perdoa e jamais pede perdão pelas ofensas cometidas ou recebidas.
Lembro de um jovem assaltante que foi assassinado com apenas 20 anos e seu corpo estava em um mísero caixão para indigente no necrotério á espera de algum parente para sepultamento. Foi quando chegou uma senhora e pediu para ver o jovem morto. Notei que ela ficou alegre com a morte do jovem e até perguntou  se eu tinha a cal e uma pá. Perguntei a ela o que ela queria fazer e ela respondeu-me que tinha prometido  "quando aquele desgraçado morresse, ela ia jogar uma pá de cal na cara dele". Assim,por certo, aquela senhora ainda não havia conhecido a arte do perdão e por certo viveria por muito tempo com ódio no coração, impedindo até mesmo sua felicidade.
Naqueles oito anos que trabalhei no cemitério, descobri que a essência da vida é o amor. Quem ama perdoa sempre. Penso que, se Deus é perfeito e perdoa a todos nós, por qual motivo nós que somos seres imperfeitos não perdoamos? Penso que já descobri a essência da vida e você...?


Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho-(Téo Garrocho)- Texto dedicado a Deus, pelo perdão ás minhas fraquezas e imperfeições. Barbacena,em 22/10/2012

LADRÃO EM BRASÍLIA E LADRÃO EM TEÓFILO OTONI

Conheci muita gente que costumavam dizer que era ladrão. Foram tantos que daria uma extensa lista.Quando trabalhei cemitério municipal de Teófilo Otoni,vez ou outra, a polícia vivia perseguindo ladrão no interior do famoso Laborum Meta.
Tinha um tal de "Pé de Anjo" que, diziam, era um mestre em furtar as viúvas que frequentavam o cemitério.O tal Pé de Anjo não usava de violência e só furtava as viúvas ricas. Pé de Anjo tinha este apelido porque só assaltava com pés descalços para não fazer barulho. Quando a polícia vinha investigar e observava as pegadas, não tinha dúvidas,tinha sido Pé de Anjo.
Outro ladrão muito conhecido foi Toninho "Bosteiro". Diziam que ele era violento e após roubar as pessoas, dava tiros para a vítima correr "cagando nas calças". Dai o apelido Toninho Bosteiro que morreu jovem e assassinado.
No dia de finados tinha um tal "Beija Flor" que era um artista em vender flores furtadas dos jazigos. Ele ficava observando as pessoas colocando belas flores nos jazigos e quando iam embora, aparecia o tal Beija Flor e catava as flores para revender na entrada do cemitério a preço de banana. Sua prática ilícita não durou muito, tendo em vista que outros "Beija Flores" surgiram e gerou discórdia no meio maléfico. Assim todos foram descobertos e presos.
Esse negócio de furto e roubo é bem antigo. Tem um amigo meu que disse ter existido um prefeito pelas bandas do Vale do Mucuri que roubava demais. Quando o tal prefeito era questionado sobre suas supostas ações ilícitas, grande parte do povo repetia em coro nas praças públicas uma citação máxima que encarna a corrupção: " Fulano,o prefeito, rouba, mas faz". Ladrão é mesmo coisa antiga e exemplo nós temos quando dois foram crucificados junto com Jesus Cristo.
Estou escrevendo este texto para lembrar ao povo brasileiro que tanto aplaudiu a novela Avenida Brasil, que está acontecendo em Brasília o julgamento do famoso mensalão. É preciso que todos nós amantes de uma postura honesta e transparente em nossa pátria, torçamos para que todos aqueles que usaram da prática de atos ilícitos na administração pública sejam condenados e cumpram suas penas nos presídios que afinal não foram feitos só para os Toninhos Bosteiros, Beija Flores e Pés de Anjos da vida.



Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado á minha amiga Maria do Carmo Ferreira da Silva (Cacá), Ex Prefeita de Araçuaí-MG.Texto escrito em Barbacena,em 22/10/2012


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

LEMBRANÇAS DE LORA,A PROSTITUTA POLITIZADA DE TEÓFILO OTONI

Conheci, nos meus tempos de juventude, uma prostituta chamada Lora. Confesso que muitas vezes dormi com Lora que além de ser uma bela mulher com um corpo exuberante, tinha uma conversa agradável e me encantava com suas lembranças de quando era mais jovem no seu Vale do Mucuri. Eu devia ter uns 18 anos. Lora já era mulher de quarenta, cabelos longos, sorriso cativante e mente politizada. Meus amigos até questionavam minha tendência em sempre estar ao lado de Lora, a prostituta politizada.
A minha vida, aliás, a vida da minha família foi marcada por situações que os mais antigos de Teófilo Otoni conhecem. Já "comemos o pão que o diabo amassou", mas, estamos ainda vivos apesar das cicatrizes e feridas que ainda brotam vez ou outra. Lora dizia sempre para mim: "as estrelas brilham Téo. Enquanto elas brilharem haverá esperança na vida".
Lora teve apenas um filho que foi assassinado com vários tiros. Ele tinha apenas 16 anos. Ela sempre guardava nos olhos lacrimejantes o semblante do filho no caixão. No enterro, ela usou um vestido preto com bolinhas amarelas e chorou sozinha, assim como muitas mulheres que ainda sofrem discriminadas nesta imensa pátria de desigualdades sociais.
Assim, convivi muito tempo com Lora. Aprendi muito, muito mesmo e tenho certeza que você que lê este texto deve estar questionando onde quero chegar. Sim, quero chegar até você para falar de amor quando lembro de uma pessoa tão desprezada pela sociedade conservadora e tinha o dom de amar, de cativar a todos com seu sorriso, ainda que com alma triste.
Ainda que vivesse na prostituição, Lora era humana, tinha sentimentos, acreditava no ser humano quando falava de esperança na vida no brilho das estrelas. Ao relembrar de pessoas humildes, a exemplo de Lora, a prostituta, chego á conclusão que a essência da vida não consiste viver no mundo da prepotência, do ego vaidoso, na discriminação.
A essência da vida pode e deve estar no engraxate da esquina, no vendedor de pipocas, na faxineira que limpa nossas casas, no trabalhador assalariado, no professor mal remunerado, no motorista de taxi ou no radialista dos humildes que pode ser meu bom amigo Élbio Pechir tocando sua música preferida nas manhãs bonitas de Teófilo Otoni.


Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado ao meu bom amigo professor Wilson Colares, membro da Academia de Letras de Teófilo Otoni-MG.

O VELHO TÉO GARROCHO DE TEÓFILO OTONI

O dia hoje está ensolarado. Muito quente, muito calor. Lembra quando morei em Araçuaí no Vale do Jequitinhonha. Com este calor, resolvo chamar meus filhos para uma visita ao clube do Sindicato dos Tecelões aqui em Barbacena. Resolvi tomar um banho de piscina, jogar uma pelada e gastar conversa a toa.
Tenho andado um pouco cansado. Além do meu trabalho noturno que começa ás 7 da noite e termina ás 7 da manhã, ou seja, 12 horas de trabalho, resolvi fazer uma pequena horta caseira e um espaço para criar algumas galinhas caipiras.
Penso que preciso tirar férias. Meu patrão, um coronel da Aeronáutica, prometeu que em  dezembro vai me liberar. Assim poderei distrair um pouco, visitar minha terra natal, rever meus pais, irmãos e velhos amigos que jamais esqueci em Teófilo Otoni.Pretendo andar descalço, bermuda e chinelo de dedo, tomar uma Mate Cola, comer um "fofa Cú" e visitar o mercado municipal onde tenho bons amigos.
Estou fazendo um pequeno galinheiro. Estou terminando o "puleiro". A minha mulher acha que o pau do puleiro está muito fino. Segundo ela, quando a galinha engorda, o pau pode não aguentar. Vou pensar no assunto.
Voltando ao clube, estive gastando conversa com um e com outro. Encontrei com Godofredo, um "pião" amigo de fábrica. Entre um aperto de mão, ele me diz que foi candidato a vereador. Godofredo não foi eleito e disse com ar de revolta que "foi traido". Interessante que todos que perdem eleições falam na palavra traição. Deve ser coisa antiga, pois o evangelho fala que Jesus Cristo também foi traido. Eu disse a Godofredo que continuasse sua luta. Dias melhores viriam, com certeza. Ele agradeceu e notei que ficou mais alegre e motivado.
Ainda no clube, bati uma bolinha com meus filhos Charles e Gustavo. Lembro que passou um jovem e disse que eu tinha um bom toque de bola. Fiquei lisonjeado e tentei mostrar mais habilidade com a pelota e desisti quando passou outro jovem e disse: "Esse velho já foi bom nisso, mas tudo acaba um dia".
Larguei a pelota e fui dar um mergulho para refrescar a memória. Fiquei só ali no raso da piscina. Tenho sentido dores nas pernas e tenho medo de morrer afogado. Fico admirando meus filhos que tiram chupetas e dão "salto mortal" no fundo da piscina. Eles, percebendo minha solidão, chamam-me e respondo que não sei nadar. Tudo mentira, tudo acaba um dia. Penso que chegou o momento certo para cuidar da horta e criar galinhas caipiras. "Tudo na vida tem um tempo", é verdade...



Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho), texto dedicado aos meus filhos Thiago, Charles e Gustavo, meus amigos e incentivadores na vida. Barbacena, em 9/10/2012.

OLHA A MACONHA SEM BOSTA DE BOI

Zé Cabeludo era um boa praça que morava nas imediações do Corredor Gazinelli em Teófilo Otoni. Quando eu era rapazinho e visitava minha tia Julinha que morava na Vila São João perto da igreja de santo Antonio, eu costumava passar pelo Corredor Gazinelli para "cortar caminho" e chegar mais rápido.
Tem coisas que não entendo ou então sou esquisito mesmo. Como pode a igreja ser Santo Antonio e o bairro ser Vila São João? Pois ficou assim mesmo. Já minha tia Julinha era devota de São Geraldo e por sinal teve um filho muito inteligente, meu primo advogado Geraldo Magela Farias Garrocho.
Mas, voltando ao início do texto, conheci Zé Cabeludo quando eu cortava caminho pelo Corredor Gazzinelli. Só de avistar Zé cabeludo, dava um arrepio de medo. Diziam que ele era maconheiro " dos brabo" e naquela época, década de 70, maconha era coisa de filhinho de papai, play boy. Pobre só ficava alegre ou relaxava quando bebia cachaça.
De tanto o povo falar e caluniar Zé Cabeludo "maconheiro dos brabo", fez com que uma dupla de detetives muito famosa pelos cacetes que davam no povo ( principalmente os mais pobres) em época de ditadura, prender Zé Cabeludo para possíveis investigações sobre os rumores de que ele dava umas baforadas no "cigarrinho do capeta".
Dizem os mais antigos que Zé Cabeludo não ficou preso nem uma hora. Nem um tapa tomou da dupla torturadora. Diziam que Zé Cabeludo era muito amigo de um fazendeiro ali próximo. O fazendeiro tinha o costume de hospedar em sua fazenda um conhecido deputado federal e assim você já percebeu que Zé Cabeludo tinha "costa quente".
Aquele saco com substância esverdeada encontrada no quintal  de Zé Cabeludo não passava de bosta de boi e não maconha como queriam as más línguas e a dupla de detetives. Zé Cabeludo continuou por muito tempo adubando o quintal de muito filhinho de papai com sua famosa bosta de boi.


Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho- Texto dedicado a Jorginho "maravilha", meu bom amigo de serenatas na década de 70 em Teófilo Otoni-MG. Em 09/10/2012


UM PINICO DE VOTOS EM TEÓFILO OTONI

Bem que tentei ajudar. Fiz cartinhas, escrevi textos no Blog, enviei santinhos, contatei antigos amigos e companheiros. etc.etc. Mas, como sempre diz meu bom amigo Pedro Caramujo, "a politica é complicada". Minha esposa diz sempre que meu pai é um homem justo, caridoso, tem passado e história, mas, ela acha que ele com seus 82 anos de vida, já não tem o mesmo vigor de outrora para encarar uma campanha politica. É provável que ela tenha razão. A idade pode ter interferido nos parcos votos que ele recebeu na urna eletrônica. Meu pai é do tempo da chapinha, alguém ai lembra?
Ontem, Pedro Caramujo veio visitar-me. Fomos trocar um dedinho de prosa embaixo de um pé de goiaba que tenho no meu quintal e onde fiz um banquinho para receber os bons amigos. Sempre gostei do jeito de expressar do Pedro Caramujo, ele me lembra um primo inteligente que tenho em Teófilo Otoni, um ícone da cultura que se chama Ernani de Oliveira. Eu e o Caramujo gostamos de tomar vinho. Após duas taças, eu e Pedro Caramujo começamos a sorrir das coisas do mundo terrestre. Coisas da terceira idade que alguns ou a maioria chama de caduco.
Falei sobre o resultado das urnas em Teófilo Otoni e o fraco desempenho do meu pai Tim Garrocho que teve apenas 129 votos. Isto mesmo. Sinceramente eu esperava mais um "tiquinho" para não passar vergonha, clamava minha alma interior. Não deu e quer saber de uma coisa: "Mais tem Deus para dar que o diabo para levar".
Após a segunda taça de vinho, meu amigo Pedro Caramujo esboça um sorriso de fazer inveja a muito garotão, abraçou-me e disse: "Olha velho Téo, com todo respeito, mas, seu pai não teve voto para encher um pinico".
Se fosse no tempo dos meus arroubos da juventude, eu teria partido para cima do Pedro Caramujo e soltava os cachorros. Preferi, com meus quase sessenta anos, lembrar de uma citação que diz: "Os sábios se calam", ainda que doa ouvir que meu pai teve um pinico de votos.
Desistir jamais, a luta, aliás, A VIDA CONTINUA COMPANHEIROS!


Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho- Texto dedicado aos 129 companheiros que não esqueceram de Tim Garrocho nas eleições de Teófilo Otoni. Muito obrigado a todos. Barbacena, em 9/10/2012