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sexta-feira, 17 de outubro de 2014

DEDINHO DE PROSA COM LORA, A PROSTITUTA POLITIZADA DE TEÓFILO OTONI

Outro dia estive fazendo caminhada ali pelas bandas do Bairro Ipiranga. Antigamente não havia moradia. Tudo aquilo era pasto e ao lado corria mansamente o hoje tão poluído Rio Todos os Santos. Lembro que já joguei futebol e tomei muito banho naquelas águas tão límpidas no passado. O Rio Todos os Santos encantava a todos com seus vários pés de ingá, muita gente pescando e as famosas lavadeiras de roupa,
Eu vinha naquele "galope" e fui barrado no caminho pela minha inesquecível Lora, a mulher que fez parte do meu passado. Como sempre, parei para escutar aquela mulher que sempre teve em seus lábios, palavras sábias. Ainda que muito humilde sua concepção sobre muitas coisas da vida, Lora, sempre passou para mim o ato de reflexão. Sempre que escutava alguma coisa dos seus lábios, eu pensava: "Meu Deus, tão simples e tão sábia". Verdade, pura e cristalina verdade.
Lora diz para mim: "Téo, te conheci um menino, você cresceu e nunca esqueceu de nós, os mais simples e excluídos do contexto da sociedade. São tantos que passam por aqui fazendo caminhada e quase todos me conheceram em época de muito luxo. Hoje, ninguém me dá um bom dia, ninguém dá um abraço. Afinal Téo, que mundo é este em que estamos vivendo?".
Dei-lhe um forte abraço e a convidei para tomar um café com leite na Lanchonete Central que fica no centro de Teófilo Otoni. Ela agradeceu e diz que não iria. Segundo ela, a depressão tomou conta da sua vida e ela tem vergonha de passar no centro da cidade. "Pobre, sem dinheiro, sem aquele "corpão" bonito que tinha e ainda por cima fedendo cachaça, eu não tenho mais estímulo para rever nem mesmo a fonte luminosa, os bichos preguiça, a banca do Gaitan e nem mesmo procurar meus velhos amigos corretores (Cambalacheiros) de pedras preciosas. Meu tempo passou e esqueceram de mim".
Eu conheço Lora. Ela nunca pediu nada. Vive da ajuda de poucos amigos. Fomos até o Supermercado mais próximo e a presenteei com alguns alimentos básicos para sua sobrevivência. Ao despedir, ela deixou dois bilhetinhos no bolso da minha bermuda. "Quando sobrar um tempinho. Leia. É mais um daqueles "dedinho de prosa" que sempre gostei de dizer para você. Vá com Deus Téo. Que você seja sempre iluminado".
Já em casa e em frente ao meu velho PC, leio o primeiro bilhetinho: "Hoje não uso mais creme dental. O que eu tinha de dente, apodreceu e caiu. O últimos cacos foram arrancados por um moço que mora aqui no bairro. Ele sempre fala que não é doutor, mas, arrancou direitinho e não doeu nada. Esse tal moço luta pelo povo mais pobre e parece que faz parte do MST (Movimento dos Sem Terra). Ele disse para mim que no passado existiu um que também não era doutor, arrancava dentes e ainda lutava com suas idéias de liberdade para o Brasil. Penso que foi um grande homem. ao contrário de muitos políticos de hoje que "dão a vida" pelo poder, fama e dinheiro".
" Sabe Téo, aquele homem chamado de Tiradentes deu a vida pela nossa liberdade. Acho bonito e trágico o desenrolar da sua vida. Ficou na história do povo brasileiro. lembrei também que você Téo, lá pelos anos setenta, com aquela vasta cabeleira. tinha o hábito de falar nas esquinas que: "Deus manda abrir nossas bocas em prol dos mais humildes" e "Os meus bois são a justiça e minha campina, a verdade". Lembra Téo?
"Para terminar, a falsa política com p minúsculo é igual a merda. Quanto mais merda presa ao rabo da maioria dos políticos, mais fede. Um abraço companheiro. Eu, todos nós, gostamos de você!!!"

Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)-Texto dedicado ao meu fraterno e bom amigo, Edson Gonçalves Soares, ex. Prefeito de Teófilo Otoni-MG. Texto escrito em Barbacena-MG aos 17/10/2014.


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