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domingo, 19 de junho de 2011

Aniversário de Téo Garrocho




Como de Costume Comemoramos o Meu aniversário em Minha Casa Junto de Meus Queridos Filhos Charles Garrocho e Minha Nora Lu, Thiago Garrocho e Minha Nora Cinthia, Gustavo Garrocho, Minha Querida Esposa Maria Das Dores.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

ARLINDO, O CAGÃO DAS BANANEIRAS

Tinha as pernas mais finas que vara de bambú. Os "zoios" eram fundos e boca murcha. Nenhum sorriso até porque com aquela boca desdentada não tinha como sorrir. A barriga imensa retratava a verminose.
Seu nome de batismo era Arlindo. Segundo o povo, os pais deram o nome em homenagem ao ar lindo e sem poluição do Vale do Jequitinhonha. Pois é, aquele Arlindo virou Arlindo: o cagão das bananeiras.
Adorava ir para entre as bananeiras. Diziam as más línguas que Arlindo tinha até ciúmes das bananeiras. Brigava quando escutava alguém dizer: "Corta. Aquilo é bananeira que já deu cacho".
Entre uma que já deu cacho e outra que estava nascendo cacho, Arlindo, Alheio às línguas afiadas do lugar onde "cê tem nada que fazê", percorria aquele labirinto sombrio das bananeiras em busca de sossego para sua meditação vespertina. No bolso da surrada e única bermuda, um bitelo de sabugo de milho para completar e limpar o ato a ser consumado.
Era talvez o único ato solitário de Arlindo. O ato onde ele, apenas ele e suas bananeiras que deram e iriam dar cacho, compreendiam a leveza do momento. O encontro do autodidata intelectual sufocado dentro daquele labirinto de questionamentos sociais.
Pensativo, Arlindo não estava tão só. Alisando o sabugo de milho que roçava o solitário buraco do ato, Arlindo avistava sua companheira galinha cocota que se aproximava em busca das pequenas migalhas da merda de vida que segundo Arlindo, ele e seu povo levava.
Arlindo saia do bananal com satisfação do dever cumprido." As más línguas que se danem", sussurrava baixinho. Carregando sua galinha cocota com papo cheio e feliz, Arlindo ficava a relembrar de um velho padre que dizia sempre na missa de domingo:" Como posso ensinar religião a um povo faminto. Entre um prato de comida e Deus, o povo por certo escolherá o prato de comida".
Assim como o saudoso Betinho, Arlindo alisava o papo da galinha cocota e entendia que " a fome não espera".


Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto em homenagem ao saudoso Betinho e sua luta em prol de todos que viviam e ainda vivem na miséria. Barbacena, 06/06/2011,