Era bem cedo. os galos da Dona Efigênia já haviam cantado muito e as galinhas já cacarejavam pelo quintal em busca de algum petisco matinal. Milho? só após o despertar da bondosa viúva que após o falecimento do seu inesquecível marido Zico, resolveu criar várias espécies de aves e animais. Pensando bem, ainda me considero um saudosista quando vejo pessoas criando galinhas e outros animais. Lembra meu tempo de criança e juventude na antiga Grota da Verônica, onde nasci. É bem provável que a maioria das pessoas também sente esta mesma saudade que sinto. A maioria das pessoas, penso, tiveram algum contato com sítios e ou fazendas. Um cheiro de mato sempre fez e faz bem a todos.
Certo dia, perguntei a Dona Efigênia o motivo da criação de tantos bichos e ela me respondeu: "Olha Téo, eu gosto deles porque eles não falam." Sendo assim, penso que Dona Efigênia criou um mundo para ela e os bichos que ficam naquele rebuliço imenso no quintal daquela que os adotou como "verdadeiros filhos e filhas".
Ultimamente, venho acreditando firmemente que quanto mais a gente se afasta do burburinho dos homens, a gente sente que a vida fica bem mais suave e sem muitas pertubações mentais. Não foi em vão que Cristo ficou em deserto e alto de montanhas nas suas meditações. Ainda assim, segundo o livro sagrado, o tal rabudo foi lá para tentá-lo.
Nesta vida terrena, tem gente que fala muito. A língua humana é feroz e dizima a vida de muita gente. Pode ser que aquelas palavras de Dona Efigênia de que " gosta dos bichos porque eles não falam" tem muito a ver com a língua feroz de certos seres humanos. Serão os animais e aves mais inteligentes e sábios que nós? Pensando bem, é bem provável.
Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado á minha inesquecível professora Dulcina Regina Molina. Um ícone da cultura em Teófilo Otoni- Vale do Mucuri-MG. Uma pessoa que me ensinou a criar laços eternos com a cultura em todos os segmentos. Texto escrito em Barbacena-MG, aos 03/08/2014.