Na década de 1960, havia em Teófilo Otoni um programa de calouros todos os domingos no antigo Cine Vitória. Aquele programa era realizado e apresentado pelo radialista e pioneiro na radiofusão no Vale do Mucuri, Lourival Pechir, que dava ao programa o nome de " Matinal de calouros X7". Nas manhãs ensolaradas dos domingos, a fila era imensa com jovens e adultos que se espremiam para comprar ingressos. Realmente, o programa do senhor Lourival era um sucesso e campeão de bilheteria.
Eu devia ter uns 16 para 17 anos. Como todo jovem da época, a minha diversão era jogar futebol ou assistir o programa "Matinal de Calouros" nos domingos pacíficos da então pacata Teófilo Otoni do anos 60. Pois bem, foi também nessa idade que comecei a assanhar-me nos mistérios do amor, arrumando a primeira namorada que morava perto do "Morro do Bispo". Coincidência ou não, todas as minhas namoradas moravam em morros de Teófilo Otoni, a exemplo do "Morro do Eucalipto", "Morro do Cemitério", " Morro do pela jegue", "Morro do Altino Barbosa", "Morro da Caixa D'agua", "Morro dos Velhacos", "Morro da Taquara" e por último "Morro do Subaco Fedendo". Isto mesmo. Quem conheceu ou conhece a história da cidade de Teófilo Otoni, sabe que não estou mentindo.
De todas as namoradas, guardo saudades mesmo da primeira que morava grudadinha ao "Morro do Bispo". Penso até hoje que emoções tais como: batimento acelerado do coração, secura na boca, tremedeira nas pernas, dor de barriga, beijo gostoso roubado na esquina, abanação de mãos, saudade com lágrimas, troca de bilhetinhos e jura de amor eterno só acontece com a primeira.
E foi para essa primeira namorada que prometi cantar no programa de calouros do Lourival Pechir, recebendo já na primeira semana de promessa, incentivo de uma legião de fãs e até mesmo do meu sisudo e trabalhador avô yôyô Garrocho, que, só não concordava com meus longos cabelos ao estilo da revolucionária banda dos "Beatles", fenômeno da década de contestações mundiais.
A música escolhida para minha apresentação foi "Querida" do famoso Jerry Adriani, cantor que provocava arrepios, gritos e alucinações das mocinhas da época. Aproveitei o embalo da semana e fui até a "Casa Miveste" do saudoso Oldack Miranda, pai do atuante politico Nilmário Miranda e comprei uma bela calça de tergal acompanhada da tradicional "camisa volta ao mundo" na cor verde limão. O sapato seria uma botinha de couro de salto alto que tomaria emprestado do meu velho amigo Jorge "Maravilha", filho de Docha, ex. ferroviário da Bahia-Minas.
Antes de seguir para o Cine Vitória, passei uma brilhantina "Glostora" no cabelo e praticamente "Tomei um Banho" do tradicional perfume Lancaster. Tudo valia a pena, afinal estava em jogo a troca da promessa, ou seja, ganharia um beijo na boca escondido lá pelas bandas do "Morro do Bispo". E foi pensando naquele beijo prometido por aquela mulher que resolvi não dar "xabú".
Dito e feito, cheguei ao Cine Vitória mais cedo. A tremura começava a me incomodar. Confesso que faltou coragem para enfrentar a multidão e olha que eu nem bebia naquela época. Era tudo na cara limpa mesmo. Já no camarim dos "artistas", eu e mais uns dez calouros parecia que estávamos no "Corredor da Morte" do Tio Sam. Vez ou outra, eu dava uma espiada pelos buracos da cortina vermelha. Meu Deus!!! o auditório lotado. Parecia o coliseu da antiga Roma á espera da refeição dos leões.
Seo Lourival Pechir chama o próximo calouro. Sou eu? não pode ser. Parei que nem burro velho. "Daqui não saio, daqui ninguém me tira", pensava interiormente. As pernas tremiam, o coração faltava "pular" para fora, o povo( A platéia) exigindo a presença. Veio um auxiliar do senhor Lourival, enfiou o pé na minha bunda e disse: "Vai, vai, que é sua vez". Não fui e só tive tempo de dizer, antes de sair em correria pelos fundos: "Não empurra que é pior".
Só agora, relembrando o passado, descobri o que o amor é capaz!
Eu devia ter uns 16 para 17 anos. Como todo jovem da época, a minha diversão era jogar futebol ou assistir o programa "Matinal de Calouros" nos domingos pacíficos da então pacata Teófilo Otoni do anos 60. Pois bem, foi também nessa idade que comecei a assanhar-me nos mistérios do amor, arrumando a primeira namorada que morava perto do "Morro do Bispo". Coincidência ou não, todas as minhas namoradas moravam em morros de Teófilo Otoni, a exemplo do "Morro do Eucalipto", "Morro do Cemitério", " Morro do pela jegue", "Morro do Altino Barbosa", "Morro da Caixa D'agua", "Morro dos Velhacos", "Morro da Taquara" e por último "Morro do Subaco Fedendo". Isto mesmo. Quem conheceu ou conhece a história da cidade de Teófilo Otoni, sabe que não estou mentindo.
De todas as namoradas, guardo saudades mesmo da primeira que morava grudadinha ao "Morro do Bispo". Penso até hoje que emoções tais como: batimento acelerado do coração, secura na boca, tremedeira nas pernas, dor de barriga, beijo gostoso roubado na esquina, abanação de mãos, saudade com lágrimas, troca de bilhetinhos e jura de amor eterno só acontece com a primeira.
E foi para essa primeira namorada que prometi cantar no programa de calouros do Lourival Pechir, recebendo já na primeira semana de promessa, incentivo de uma legião de fãs e até mesmo do meu sisudo e trabalhador avô yôyô Garrocho, que, só não concordava com meus longos cabelos ao estilo da revolucionária banda dos "Beatles", fenômeno da década de contestações mundiais.
A música escolhida para minha apresentação foi "Querida" do famoso Jerry Adriani, cantor que provocava arrepios, gritos e alucinações das mocinhas da época. Aproveitei o embalo da semana e fui até a "Casa Miveste" do saudoso Oldack Miranda, pai do atuante politico Nilmário Miranda e comprei uma bela calça de tergal acompanhada da tradicional "camisa volta ao mundo" na cor verde limão. O sapato seria uma botinha de couro de salto alto que tomaria emprestado do meu velho amigo Jorge "Maravilha", filho de Docha, ex. ferroviário da Bahia-Minas.
Antes de seguir para o Cine Vitória, passei uma brilhantina "Glostora" no cabelo e praticamente "Tomei um Banho" do tradicional perfume Lancaster. Tudo valia a pena, afinal estava em jogo a troca da promessa, ou seja, ganharia um beijo na boca escondido lá pelas bandas do "Morro do Bispo". E foi pensando naquele beijo prometido por aquela mulher que resolvi não dar "xabú".
Dito e feito, cheguei ao Cine Vitória mais cedo. A tremura começava a me incomodar. Confesso que faltou coragem para enfrentar a multidão e olha que eu nem bebia naquela época. Era tudo na cara limpa mesmo. Já no camarim dos "artistas", eu e mais uns dez calouros parecia que estávamos no "Corredor da Morte" do Tio Sam. Vez ou outra, eu dava uma espiada pelos buracos da cortina vermelha. Meu Deus!!! o auditório lotado. Parecia o coliseu da antiga Roma á espera da refeição dos leões.
Seo Lourival Pechir chama o próximo calouro. Sou eu? não pode ser. Parei que nem burro velho. "Daqui não saio, daqui ninguém me tira", pensava interiormente. As pernas tremiam, o coração faltava "pular" para fora, o povo( A platéia) exigindo a presença. Veio um auxiliar do senhor Lourival, enfiou o pé na minha bunda e disse: "Vai, vai, que é sua vez". Não fui e só tive tempo de dizer, antes de sair em correria pelos fundos: "Não empurra que é pior".
Só agora, relembrando o passado, descobri o que o amor é capaz!
Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho- ( Téo Garrocho) - Autor do Livro " Retalhos da Tortura"- Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni-MG.
1 comentários:
Muito boa a história, mas pensei que ia cantar pra o povo da platéia hehe, abraços!
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