Vivia cantando como cigarra. Roupas coloridas, cabelos pretos e compridos. Um rosto lindo assim como o sorriso. Parecia feliz mas não era. Assim era Maria Virgem que tinha um desencanto: O nome.
"das virgem daqui, das virgem dali" e o povo povo do córrego da velha no Vale do Jequitinhonha ia se acostumando e até acreditando que "das virgem" tinha nascida para ser santa, freira de convento ou beata convicta, ou seja, Pura e virgem!
Quando os cortadores de cana voltavam do corte em São Paulo, eles queria distância da linda Maria Virgem. "Afogar o ganso só em lagoas mais abertas", dizia Pedro de Sinhá entre uma cachaça e outra na venda do lendário Joaquim Coelho.
Assim, "das virgem" sofria o descaso dos cortadores de cana e ainda por cima tinha que aturar Tuniquinho, seu irmão mais novo, com sua sua vigilância inseparável. Vigilância essa que se tornou radical após ser promovido a "chefe" dos coroinhas pelo velho e saudoso padre Cloves.
Como tudo passa e o tempo também, Maria Virgem resolveu procurar Zé benzedeiro. Este, cabra acostumado a fazer trabalhos para tirar encosto, logo se assanhou quando " das virgem" entrou em sua sala de orações repleta de retratos e imagens de santos.
"das virgem" tremia e o coração pulsava forte. Tinha que ser naquele dia. Queria e desejava ser mulher amada e sussurrou no ouvido de Zé benzedeiro: "Quero ser mulher".
O vento soprou forte. Zé benzedeiro sentiu um arrepio de fazer inveja a todo tipo de santo e foi ao seu quarto. Voltou incorporado, segundo ele, no espírito de Zé podão que, segundo a lenda, foi o maior "garanhão" das donzelas do córrego da velha.
Entre quatro paredes, sem volta e virando os olhos, Maria Virgem foi sentindo e gostando de ser desbravada pelo "podão" do cabra Zé. Dizem que Maria Virgem passou a gostar de ser chamada Maria dos prazeres.
Autor: Téo Garrocho. Barbacena-MG em 09/01/20111. Texto dedicado a Liu, minha humilde amiga e amante dos prazeres da carne no Vale do Jequitinhonha.
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