São 2 horas da madrugada e me encontro numa baita insônia. Viro de um lado para o outro da velha cama que pertenceu à minha avó. Fico pensando no caso que escutei de um cidadão de nome Cloves e que reside na esquina da Rua Marcelo Guedes e Visconde do Rio Branco em Teófilo Otoni. Cloves é cabo reformado da Polícia Militar.
Segundo Cloves, seu cachorro chama-se vaidoso. Isto mesmo, o nome do cachorro do cabo Cloves é vaidoso e "tenho dito", segundo ele, que ainda carrega consigo uma saudade imensa da horrorosa ditadura militar. Cloves disse-me que "quase chegou ao posto de sargento". Não conseguiu por falta de "uma melhor leitura". Segundo ele, "naqueles tempos o caboclo era pegado a laço para ser policial, ou seja, ninguém queria" e assim ficou "cabo daqui, cabo acolá, até se aposentar".
Cloves ainda tem uma pinta de militar. Vive cumprindo horários, faz barba todos os dias, acorda cedinho para caminhadas e faz levantamento de peso com duas latas de concreto penduradas em cada canto de um cano metálico. Carrega sempre no bolso um velho pente fino da marca "Flamengo" e um espelhinho miúdo. Penso que Cloves é tão vaidoso quanto o nome do seu cachorro.
Mas, o que tem tirado o meu sono é que Cloves mentiu para mim ao relatar que seu cachorro vaidoso, após comer uma panela cheia de angu, tem o costume de deixar o focinho bem sujo para ter o prazer de sentir as galinhas bicarem os restos de angu e assim limparem suas narinas.
Depois dessa, não consigo mesmo dormir. Imagino a todo instante uma galinha bicando meu nariz. Sinto cócegas imaginárias e começo a sorrir sozinho. Assim, meus filhos vivem a dizer que estou caducando.
Amanhã vou procurar o Cloves e alertá-lo no sentido de não permitir que seu cachorro vaidoso faça cocô ao lado das galinhas. Imaginem se as galinhas começarem a bicar o cú do vaidoso...
Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado ao meu cachorros( isto mesmo) amigos de sempre: Bobi e Lupi. Barbacena, em 19/05/2012.
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