Conheci muitas Marias em Teófilo Otoni, minha terra natal. Ali pelas bandas da Vila Verônica tinha tanta Maria que o lugar poderia ser conhecido por Vila das Marias.
Minha avó, uma imigrante polonesa, gritava para mim: " Vá na casa da Maria de Joaquim e leve estas quitandas". Outro dia era minha mãe que mandava buscar raiz de capim cidreira na casa de comadre Maria de Zezito. Assim, acabei acostumando e gostando das Marias. Para completar, acabei casando com uma Maria, a das Dores.
Mas, eu gostava mesmo era de uma menininha de cabelinho preto que ia todo domingo na missa da igrejinha que se chamava Neusa Maria( filha de Dona Davina e sr. Ioiô) e de uma tal de Maria rabo de galo que morava no antigo rabicho. Isto mesmo, era o nome do lugar que Maria rabo de galo, filha do saudoso sr. Girau, morava com sua mãe e vários irmãos. O apelido de Maria rabo de galo, segundo os antigos, era devido ela gostar de uma mistura de vinho com cachaça e que naquela região chamavam de "rabo de galo". Mas, os maldosos da língua afiada diziam que o "rabo" de Maria eram "outros quinhentos".
Maria rabo de galo ou "outros quinhentos" sempre foi para mim uma jovem criança, um amor de pessoa . O que me fascinava era seu sorriso e carinho para com todas as crianças da Vila Verônica. Ela só vivia sorrindo, tinha os dentes alvos e lábios carnudos parecidos com os das lavadeiras do Rio Santo Marcolino que ficava ali atrás da Igrejinha Nossa Senhora dos Pobres.
Só uma vez eu a vi chorando. Foi quando o velho pai Girau veio a falecer. O corpo foi levado ao cemitério por vários jovens atiradores do antigo Tiro de Guerra (Exército), tendo em vista que seu irmão André, o famoso Lambreta, era soldado naquela época.
Com minhas andanças pelo mundo, fiquei muito tempo sem ver Maria rabo de galo. A vida é assim e muitas vezes deixamos para trás amores, paixões e amigos que amávamos. O tempo pode até passar, mas, creio que as boas lembranças sempre retornam daqueles que fizeram e ainda fazem parte das nossas vidas.
Alguns anos depois, encontrei com Maria rabo de galo. Ela trabalhava num bar em plena zona boêmia de Teófilo Otoni. Pedi uma cachaça misturada com vinho. Ela sorriu e disse que eu era um bom amigo. Não tinha esquecido dela ao pedir um "rabo de galo". Pois é, coisas da vida...
Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado a todas as Marias que fizeram e fazem parte da minha vida. Em 24/07/2012-
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