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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O PAU COMEU NO SUBACO FEDENDO DE TEÓFILO OTONI

Confusão era ali mesmo. O pau comia quase todo dia e noite no subaco fedendo de Teófilo Otoni onde praticamente fui criado. Se a gente falava que morava perto do subaco fedendo, a discriminação era quase total àquela época em Teófilo Otoni.
Eu particularmente, adorava o subaco fedendo e seu povo. Ali tinha de tudo. O povo em sua maioria eram trabalhadores e trabalhadoras que poderíamos denominar de engraxates, faxineiras, biscateiros , pedreiros, carpínteiros, lavadores de carros, funileiros, limpadores de campas no cemitério, parteiras e etc. etc.
Assim como em Brasília, no subaco fedendo tinha também muito ladrão de todo tipo. A única diferença era que no subaco os ladrões não tinham terno e gravata. No subaco, quando a policia prendia o meliante, o caboclo já descia o morro tomando cacete e porrada até chegar na delegacia. Diferente de Brasília onde os ladrões dificilmente são presos e nem sequer tomam um tapa. Pelo contrário, saem até nas capas de revistas elitizadas do Brasil.
No subaco fedendo, na época, tinha sem exagero uns vinte centros de umbanda. Era comum a prática do umbandismo e cansei de ver pessoas consideradas ricas frequentando os terreiros de umbanda. Os meninos do subaco fedendo adoravam olhar carros e ganhar alguns trocados dos  supostos milionários de Teófilo Otoni.
No subaco fedendo tinha muita mulher bonita e muita mulher feia também. Tinha mulher de lábios carnudos e dentes alvos. Também tinha muita mulher de boca banguela que sonhava em colocar um par de "chapa" na boca, isto é, uma dentadura. No subaco fedendo tinha cabaré com prostitutas para a gente praticar sexo e se ali não fosse possível, a gente descia e tinha dois cabarés famosos que eram o carrapatinho na rua Teófilo Rocha e o curral das éguas que ficava na rua do arrasta couro.
No subaco fedendo não tinha água. Talvez dai o apelido. Banho só na lagoa da alegria ou no rio santo marcolino onde tinha um campinho de futebol chamado de campo do Zé  Ramiro, filho do cabo militar Ramiro Pedro Ferreira.
Lá de cima do morro do bispo, lugar da minha primeira namorada, neusinha de seo Ioiô e dona Davina, eu avistava o subaco fedendo e sentia uma alegria danada de ter nascido por aquelas bandas. Penso que minha primeira namorada, a neusinha que era muita bonitinha, também gostava do subaco fedendo. Ela tinha o costume de encostar aquele rostinho de anjo no meu peito, bem perto do meu subaco feden, aliás, cheiroso segundo ela.


Autor; Walter Teófilo Rocha Garrocho( Téo Garrocho) - Texto dedicado ao meu saudoso amigo Geraldo Magela de Almeida Prates, meu companheiro "subaqueiro da vida"- Barbacena, 11/02/2013

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