Virgulino, mais conhecido por Lino é meu companheiro de banco. Não, não sou bancário e nem banqueiro. Como a maioria do povo brasileiro, não possuo conta bancária. Eu e o velho Lino somos companheiros de banco de praça.
Tenho o costume de sentar em banco de praça desde menino, depois rapaz e agora velho, aliás, idoso. O banco de praça sempre me encantou. Fica ali à disposição para você sentar, relaxar, trocar dedinho de prosa, apreciar o movimento das pessoas, curtir a pracinha e você não paga nada, além da vantagem de não ter filas, como nos bancos privados ou do governo.
Pois bem, semana passada eu e o Lino ficamos ali sentados num daqueles bancos da Praça Tiradentes e conversa vai, conversa vem, o Lino confessou estar chateado com o síndico do prédio onde mora atualmente. Conheço o prédio que fica num bairro onde grande parte dos moradores tem uma vida mais confortável em se comparando com outros bairros de Teófilo Otoni. Sem esperar que eu perguntasse o motivo, Lino adiantou e disse que o síndico proibiu sua mulher de estender roupas na cobertura ou terraço do prédio.
"Vê se pode amigo Téo, o que ele pensa que é? Qual o problema da Terezinha estender umas roupinhas no terraço? Esbravejava o amigo Lino com evidente sintoma de raiva, tendo em vista que cuspiu de leve no meus rosto e babava pelos cantos da boca. Pela experiência em babar, já que muitos da minha família tem o costume de babar até quando dormem, fiquei ali em silêncio escutando o desabafo do velho Lino. Sempre gostei de escutar meus amigos e até mesmo pessoas que muitas vezes vejo uma vez só em pontos de ônibus e nas esquinas das ruas. Minha avó Verônica, uma imigrante polonesa, dizia sempre: "Escuta muito e fala pouco. Quando falar, fala o que te sai do coração". Assim, muitas vezes me tornei até um conselheiro para muitas pessoas. Mas, pode acreditar que nunca fui nenhum santo e já passei por muitos momentos de tensão e raiva. Mas, raiva mesmo!!!
Meu amigo Lino se despede e fiquei ali pensativo e solitário no banco da praça olhando meio absorto para o " tempo" e cochilei envolvido em sonho de que " eu morava no Bairro Ipiranga em uma belíssima mansão com muitos quartos, jardim com gramado imenso e belas plantas, uma bela piscina para meu lazer e amigos íntimos. Com o calor intenso de Teófilo Otoni, resolvo dar um mergulho na piscina ao lado da minha amada Dadazinha e bebericando um Whisky tipo cowboy. Afinal, eu mereço. Sempre tive uma vida de luxo conquistada com muita maracutaia em cargos políticos ao longo dos meus mais de sessenta anos "sem fazer nada", ou seja, só mamando nas tetas do governo, ou seja, do povo".
Nem dei o primeiro mergulho e a mequetrefe da minha colaboradora Soninha veio avisar que tinha um senhor insistindo em falar comigo. Para minha surpresa e minha chateação era o vizinho Lino que implorava meu gramado para sua esposa Terezinha estender roupas".
Foi ai que o guarda Vasenildo que trabalha na Prefeitura de Teófilo Otoni me acordou e pedi a ele que não me prendesse. Assim como na música de Marrone, eu também dormi na praça. Cruz credo, ainda bem que foi tudo um sonho!!!
Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado á Professora Izabel Onofre, esposa do meu bom amigo e primo Amadeu Antonio Onofre (Dedeu) em Teófilo Otoni-MG, em 30/08/2013- Barbacena-MG.
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