Quando o dia começava a raiar na pequena Ladainha, naquele vale ainda verdejante, do mais puro ar que se possa respirar, poluido apenas pela fumaça das chaminés das grandes oficinas, para onde se dirigiam aquelas centenas de operários, e das marias-fumaça que já espocavam com seus fornos em chamas e seus barulhos furiosos de funcionamento, toda a cidade já se encontrava acordada com as chaminés baforando seus rios verticais de fumaça; cantos de galos, pássaros em alvoroço, vida, nascendo naquele alvorecer.
Um barulhinho estridente, talvez até irritante, enchia o ar, mas tão significativo, que dava gosto de ouvir. Aquela sinfonia percussionista que sonorizava as manhãs e tarde daquela cidadezinha, provinha do "toc-toc" dos tamanquinhos de madeira de mais da metade dos operários menos favorecidos que preferiam aquele calçado de modismo plebeu, de leveza e praticidade, e com a fianalidade de economizar os solados dos sapatos domingueiros naquela cidade que vivia de trabalho, fraternidade, festas e alegria.
Paradoxo a esta poética narrativa, parelha o lado triste daquela realidade: os operários lidavam com atividades de extrema periculosidade. Raras não eram as vezes, em que um perdia o pé, o dedão, ou assavam o membro numa gota de lava em brasa que caia dos fornos em chama. Parecia valer aquele sacrifício devotado e filial á ferrovia, pois todos amavam aquela servidão agradecida em favor da estrada de ferro.
Hoje analiso a condição da classe operária, obviamente ainda necessitada de mais respeito e direitos, mas bastante protegida por severas normas de segurança, fiscalizadas por comissões internas de prevenção de acidentes, estatutos, seguros e indenizações, com seus capacetes e botas de bico reforçados com chapas de aço, me trazendo á lembrança aquele "toc-toc" dos tamanquinhos que ressoavam nas reminiscências dos meus pais, nas histórias da minha infância".
Um barulhinho estridente, talvez até irritante, enchia o ar, mas tão significativo, que dava gosto de ouvir. Aquela sinfonia percussionista que sonorizava as manhãs e tarde daquela cidadezinha, provinha do "toc-toc" dos tamanquinhos de madeira de mais da metade dos operários menos favorecidos que preferiam aquele calçado de modismo plebeu, de leveza e praticidade, e com a fianalidade de economizar os solados dos sapatos domingueiros naquela cidade que vivia de trabalho, fraternidade, festas e alegria.
Paradoxo a esta poética narrativa, parelha o lado triste daquela realidade: os operários lidavam com atividades de extrema periculosidade. Raras não eram as vezes, em que um perdia o pé, o dedão, ou assavam o membro numa gota de lava em brasa que caia dos fornos em chama. Parecia valer aquele sacrifício devotado e filial á ferrovia, pois todos amavam aquela servidão agradecida em favor da estrada de ferro.
Hoje analiso a condição da classe operária, obviamente ainda necessitada de mais respeito e direitos, mas bastante protegida por severas normas de segurança, fiscalizadas por comissões internas de prevenção de acidentes, estatutos, seguros e indenizações, com seus capacetes e botas de bico reforçados com chapas de aço, me trazendo á lembrança aquele "toc-toc" dos tamanquinhos que ressoavam nas reminiscências dos meus pais, nas histórias da minha infância".
Autor: Jaime Gomes - Escritor e Poeta em Teófilo Otoni-MG- Filho de ferroviário, Jaime Gomes nasceu em Ladainha-MG - Autor do livro: " Um trem passou em minha vida" editado em 2006.
0 comentários:
Postar um comentário