Há muito tempo não compareço a velórios. Lembranças da infância me perseguem quando lembro dos velórios no Vale do Mucuri onde nasci e ainda tenho raízes. A primeira lembrança era aquela "obrigação" de comparecer junto com meus pais. Sempre fui e sou avesso a obrigações das quais não gosto. Se fosse lei, respeitaria. Lei não se discute. Cumpre-se. Não foi a toa que sempre lutei e luto pelas liberdades individuais.
Tinha de tudo naqueles velórios do Vale do Mucuri. Fogueira, pinga da roça, comentários sobre a vida terrena do falecido, reflexões em frente ao caixão, reza de terço e os conhecidos pinguços da região sempre na espera da saidera.
Naquele tempo, o cortejo fúnebre em direção ao cemitério era feito a pé e silêncio profundo. Época de chapéus que eram levados na mão em sinal de respeito. Nós, os meninos, levávamos as flores que eram doadas por todos aqueles que tinham quintais floridos.
Curioso como sempre, reparava que as alças do caixão eram disputadas por alguns homens de paletó e gravata. Meu pai dizia que eram os "coroneis" da região, ou seja, os homens que mandavam e ditavam as ordens ( ou desordens) na região.
No cemitério, o último adeus. Antes de enterrar, o "coronel" exaltava a figura do falecido e ao final recebia palmas. Ai daquele que não batesse palmas. Meu pai não batia palmas para "coronel" e foi perseguido durante muitos anos no Vale do Mucuri.
Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho.(Téo Garrocho). Barbacena-MG em 26/07/2010
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