"Em qualquer sociedade, mesmo dentro de cada lar, existe diferença de opinião. As divergências podem ser superadas pela discussão. A violência não supera as divergências, mas as aprofundam e aumenta. Às vezes, eu me pergunto: "Será que os governos não são capazes de governar sem violência?". Eu acho que podem governar sem violência. Mas somente quando governam de acordo com o povo porque aí são apoiados pelo povo e não se sentem inseguros e ameaçados. O povo pode ser simples e até atrasado culturamente, mas sabe o que é bom para si e para seu país, não deseja a desgraça alheia, e está sempre disposto a suportar sacrifícios quando sabe que deles advirão mais felicidade e mais progresso para todos. Por isto, o povo sabe repelir as idéias quando são más, e apoiá-las, quando são boas. Então, o mais correto é dar ao povo a oportunidade de decidir.
"Meu pai era um homem bom e, embora fosse muito pobre, em nossa casa havia sempre comida para quantas pessoas chegassem. Lembro-me sempre dele, calçado de tamancos e com o boné de ferroviário na cabeça. Minha mãe era igual a ele, estranho, ela colocava a chaleira no fogo. Fazia café e fritava bolinhos, quando não havia pão ou alguma quitanda pronta. Meu pai dizia: "O que eu faço por alguém, talvez algum dia seja feita a um filho meu". Por isso, de nossa casa ninguém saia com fome ou sede. Em nossa casa, ninguém era humilhado ou maltratado".
"Esta é a razão porque não devo fazer mal a ninguém e sim o bem. Um dia, meus filhos poderão precisar de ajuda e hão de encontrar quem os auxilie. Quem faz o mal não pode ser feliz. Tenho pensado assim até agora. Não vou mudar mais. Quero morrer tranquilo com minha consciência. Viví com dignidade. Quero morrer com dignidade, e quero que meus parentes e amigos se lembrem de mim com alegria e não com as reservas com que as pessoas se referem àqueles que são maus".
"Me lembro quando ajudava minha mãe. Fiz de tudo. Fui catador de estrumes, tomador de conta de animais, vendedor de frutas, engraxate, pegador de malas na estação, empregado em casa de família, aprendiz de uma porção de coisa. Com doze anos já trabalhava na mineração. E, com treze fui para Belo horizonte aprender a profissão de tipógrafo, que aprendi com vontade, e que despertou o meu amor ao estudo, o qual, com o tempo, abriu aos meus olhos para a realidade do mundo em que vivia e me ensinou que devia lutar para acabar com as injustiças que nele existem, afim de todos possam ser felizes".
"Lembrando-me, hoje, desta coisa, fico satisfeito comigo mesmo. Se não fiz tudo o que queria, fiz o que podia. Trabalhei, sofri e lutei ao lado de meus semelhantes, os trabalhadores, essa parte de nossa população que, abnegadamente, tanto faz pela grandeza nacional, e, no entanto, não recebe o menor reconhecimento e vive na maior pobreza".
"Meu pai era um homem bom e, embora fosse muito pobre, em nossa casa havia sempre comida para quantas pessoas chegassem. Lembro-me sempre dele, calçado de tamancos e com o boné de ferroviário na cabeça. Minha mãe era igual a ele, estranho, ela colocava a chaleira no fogo. Fazia café e fritava bolinhos, quando não havia pão ou alguma quitanda pronta. Meu pai dizia: "O que eu faço por alguém, talvez algum dia seja feita a um filho meu". Por isso, de nossa casa ninguém saia com fome ou sede. Em nossa casa, ninguém era humilhado ou maltratado".
"Esta é a razão porque não devo fazer mal a ninguém e sim o bem. Um dia, meus filhos poderão precisar de ajuda e hão de encontrar quem os auxilie. Quem faz o mal não pode ser feliz. Tenho pensado assim até agora. Não vou mudar mais. Quero morrer tranquilo com minha consciência. Viví com dignidade. Quero morrer com dignidade, e quero que meus parentes e amigos se lembrem de mim com alegria e não com as reservas com que as pessoas se referem àqueles que são maus".
"Me lembro quando ajudava minha mãe. Fiz de tudo. Fui catador de estrumes, tomador de conta de animais, vendedor de frutas, engraxate, pegador de malas na estação, empregado em casa de família, aprendiz de uma porção de coisa. Com doze anos já trabalhava na mineração. E, com treze fui para Belo horizonte aprender a profissão de tipógrafo, que aprendi com vontade, e que despertou o meu amor ao estudo, o qual, com o tempo, abriu aos meus olhos para a realidade do mundo em que vivia e me ensinou que devia lutar para acabar com as injustiças que nele existem, afim de todos possam ser felizes".
"Lembrando-me, hoje, desta coisa, fico satisfeito comigo mesmo. Se não fiz tudo o que queria, fiz o que podia. Trabalhei, sofri e lutei ao lado de meus semelhantes, os trabalhadores, essa parte de nossa população que, abnegadamente, tanto faz pela grandeza nacional, e, no entanto, não recebe o menor reconhecimento e vive na maior pobreza".
Autor: Dimas Perrin, ex. perseguido, preso e torturado pela ditadura militar pós 1964 no Brasil. Ex. redator do "Jornal do Povo" semanário dirigido por Orlando Bomfim, que a ditadura assassinou em 1975, nos porões da tortura. "Jornal do Povo" que tinha como editor político, o grande Sebastião Nery. Depoimentos do livro "Depoimento de um torturado" de Dimas Perrin Filho, Gráfica Editora Belo Horizonte, 2004- Textos das páginas 89, 92, 93, 109.
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