Após alguns anos retorno ao Bairro onde nasci. Mudou tudo e praticamente não conheço moradores. Penso que o "velho" agora sou eu. Os mais antigos moradores partiram para outras esferas.
Ainda não assimilei a terceira idade e continuo achando que sou um jovem de outrora. Assim, perdido nos meus pensamentos juvenís, fico a procurar meus antigos companheiros que jamais esqueci.
Outro dia encontrei o Perobão. Segundo ele, os velhos companheiros estão em sua maioria vivos. Perobão ensinou-me a encontrá-los e o seu ensinamento fez-me acreditar que somos eternos aprendizes.
Perobão pediu-me que com toda franqueza eu dissesse como ele estava fisicamente. Tentei dizer que ele estava bem, novo e que o tempo não havia deixado-o velho e com rugas.
Após minhas palavras de elogios, Perobão argumentou que eu deveria ter sido político. Na concepção dele, "Político mente com cara lavada" e eu não estava sendo sincero.
Realmente, Perobão estava certo. Eu deveria ter falado a verdade e dissesse que estava velho, feio e barrigudo. Parecia mais um "caco velho de telha cumbuca".
Assim, Perobão ensinou-me a encontrar meus velhos amigos dos anos setenta. Encontrei-os após examinar os calvos, os de cabelos grisalhos e a maioria barrigudos.
Tomando uma Mate-Cola e comendo um "Fofa-cú" no Mercado Municipal com Perobão, perguntei-lhe onde estavam aqueles velhos que tinham banca na feira. Educadamente e ao pé do ouvido ele disse: "Fala baixo, os velhos agora somos nós".
Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto em homenagem aos velhos companheiros dos anos setenta em Teófilo Otoni-
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