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sábado, 14 de abril de 2012

PERDEU, SENADOR, PERDEU...



Eu conheci um corrupto assumido nas minhas andanças. Uma certa vez ele disse-me que "a corrupção é um vício". Segundo ele, "se o sujeito aceitar a primeira propina, não para mais". Deve ser por isso que ele ficou rico em bens materiais em tão pouco tempo.
Ultimamente, os casos de corrupção estão aparecendo com mais frequência na mídia. Tudo leva a crer que o cidadão que ocupa cargos públicos, seja na esfera municipal, estadual ou federal, terá que pensar (se é que pensa) seriamente como administrar e aplicar o erário público.
Eu conheci e trabalhei ao lado de uma moça negra que foi prefeita de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha. Seu nome era Maria do Carmo Ferreira da Silva (Dona Cacá). Aquela prefeita sempre me dizia que "se não roubar, o dinheiro (ainda que pouco) dá."
É verdade. Uma administração honesta e transparente tem grande chance de ser vitoriosa aos olhos Deus (o grande arquiteto do universo) e aos olhos do povo de onde o poder emana. Confesso que já convivi e vi muito político(?) safado e demagogo chorar em comício ou em reuniões com pessoas humildes, já observei muito ego vaidoso, já presenciei muito gesto prepotente, já presenciei muita injustiça, já presenciei muito "Zé não" nas minhas andanças políticas e assim por não concordar e compactuar com toda essa nojeira ai de cima, abandonei muitos cargos de assessoria política.
Então, a gente começa a acreditar que realmente a plantinha da honestidade começa a ser bem cuidada e começamos a acreditar que estamos vivendo numa pátria onde as autoridades de bom senso estão trabalhando e dando uma resposta à sociedade.
Penso que há de melhorar muito a precária saúde pública, segurança pública, estradas, transporte coletivo, educação, saneamento básico, melhores salários aos agentes públicos, assistência aos dependentes químicos, etc...etc...
Assim vamos limpando da vida pública brasileira, aqueles e aquelas que dançam no plenário da câmara federal (casa do povo) em homenagem à absolvição de corrupto do mensalão, aqueles que estão pouco se lixando para o povo, aqueles que dão bananas para o povo, aqueles que preferiam o cheiro do cavalo em vez do cheiro do povo, aqueles que dizem roubar, mas fazem(?), aqueles que empregam maridos, esposas, filhos, primos, genros, apadrinhados políticos e aqueles que sem nenhuma vergonha e respeito ao sagrado,
agradecem a Deus(?) pela propina recebida.
Voltando ao título deste texto, " Perdeu senador, perdeu...". Ainda que o teu nome signifique " A força do povo", o cidadão Demóstenes perdeu. "Isto é uma vergonha".


Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado a João Rosa de Souza, fundador do Partido dos Trabalhadores em Teófilo Otoni. João Rosa, um exemplo a ser seguido pelas futuras gerações. Barbacena, em 14/4/2012.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

FOMOS E SOMOS TODOS IGUAIS EM TEÓFILO OTONI



Na minha juventude, talvez por influência do meu pai que era muito ligado ás pessoas mais humildes, não frequentei ambientes muito luxuosos ou elitizados de Teófilo Otoni. Estou escrevendo este texto para preservar um pouco da história e memória da nossa terra natal Teófilo Otoni, onde, nas décadas de 60 e 70 vivi intensamente. Àquela época, apesar da nojenta ditadura militar e sua opressão, tínhamos uma juventude muito politizada.

Pois bem, para não deixar a memória esquecer, gostaria de começar pelos cinemas onde eu e muitos da nossa juventude frequentávamos o Cine Império ( o popular poeira) onde cheguei a assistir muitos filmes de Bang-Bang. Assisti ainda filmes no antigo cine Ideal que ficava no Bairro Manoel Pimenta (Antiga Vila do Veneta). Lembro também que um senhor de nome Moacir Pungyrum, construiu um prédio para cinema na Vila Verônica e que seria um novo cinema. O prédio desabou antes da inauguração....graças a Deus!!!
Frequentei clubes simples de danças onde havia grande frequência de filhos e filhas de trabalhadores. O Sete de Setembro(Caninha Verde) ainda existe até os dias atuais e fica ali próximo á Praça Germânica(Praça dos Alemães).

Havia também o clube Concórdia que ficava ali na subida da Rua João Lorentz (Morro do América) e o eterno clube do São Benedito na Vila Barreiros, onde, aos sábados era tanta gente que ficava até difícil para entrar. Lembro ainda que tanto eu como vários amigos de juventude passávamos antes no centro espírita de dona Maria José Leite, para tomar um "passe" de algum pai de santo, até chegar no clube que ficava pertinho.

Era comum, depois do cinema das 20 horas, a turma ir para a zona boêmia ( Chico Sá, Beco do Waldemar, Buraco Doce) . A gente tinha o costume de entrar nas inúmeras boites com luz negra e se encantar com mulheres de decotes curtos e saias bem curtinhas. Era o "paraíso" para nós jovens amantes da carne e o inferno para os conservadores engravatados da tradicional família burguesa de Teófilo Otoni. Altas horas, ainda tínhamos tempo para dar um pulo até a famosa zona boêmia do Carrapatinho que ficava ali na entrada da Vila Verônica, ou, no Curral das Éguas que ficava próximo á antiga Rua do Arrasta Couro.

No futebol, tudo era festa. tinha vários campos de futebol. Cansei de jogar futebol no campo do antigo D.E.R no final da Bela Vista , no belo campo do antigo São Benedito Futebol Clube na Vila Barreiros, Carecão da Vila Pedrosa, Campo da Igrejinha de Nossa Senhora dos Pobres na Vila Verônica, Campo da Vaquejada na João Lopes da Silva, Campo da Turma 37, Campo da Jaqueira, Campo do Marajoara, Campo do Pontilhão no Bairro Palmeiras. Os times de várzea eram tão bons que alguns ficaram famosos a exemplo do Estação que era um bicho papão e tinha grandes jogadores em seu elenco como Toninho Almeida que mais tarde se tornou profissional jogando pelo grande Cruzeiro de Minas Gerais.

Também aos domingos tinha o famoso matinal X7 no Cine Vitória e que era comandado pelo senhor Lourival Pechir, o pioneiro da Rádio em Téofilo Otoni. Certa vez, cheguei a inscrever-me no programa de calouros para cantar a música "Querida" de Jerry Adriane, mas, faltou coragem na hora de enfrentar o palco e a multidão. Desisti e até perdi a namorada...

Difícil acreditar que tomamos muito banho no Rio Todos os Santos ali pelas bandas do "Quente Frio" que ficava abaixo do Clube Palmeiras e ao lado da Avenida Alberto Laender. Se, ali já era gostoso tomar banho, imagine uma turma de jovens seguindo para os lados da Suíssa e Cachoeirinha que ficava no final do Bairro Palmeiras e Gangorrinha.

Altas horas da noite e sem medo da repressão, ainda tínhamos tempo, com Rossine, Bida, Jaime Gomes, Ivan Cavalcante, Jorginho "maravilha", Gera Prates, Adelson, e outros, tempo para cantar "caminhando e cantando" de Wandré...


Autor:Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado ao meu amigo de juventude, Jaime Gomes, autor do livro " Um trem que passou em minha vida"- Poeta e escritor do Vale do Mucuri- Em 06/03/2012

NÃO ERA PECADO



Eu sou de um tempo em que tudo era pecado. Cresci, ouvindo que eu estava pecando ou prestes a pecar. Para completar, diziam que poderia passar uma temporada sobre as brasas do inferno e ainda cutucado a todo momento pelo ferrão do vermelho e chifrudo rabudo. Isto mesmo, capeta vermelho. Áquela época eu já tinha uma leve impressão que criaram a cor vermelha para demonstrar que aqueles que eram comunistas, a exemplo do meu pai, tinham parte com o rabudo.
Dona Chiquinha Ottoni dava aulas de catecismo para mim e vários companheiros de infância da antiga Vila Verônica, onde nasci. Uma certa vez , olhando para o firmamento ou céu como queiram, disse para dona Chiquinha que "o tempo tá prá chuva". Imediatamente ela puxou minha orelha e disse que "era pecado", pois só Deus sabia o tempo de chover. Assim, como castigo para o perfeito perdoar-me, eu tinha que rezar cinco pai-nosso, cinco ave maria e um credo.
Então, fui crescendo meio na dúvida em relação ao pecado. Afinal, eu era filho de um comunista e "tinha a quem puxar" segundo dona Chiquinha. Para fortalecer o pensamento dela, eu era o único a questionar aquelas penitências de carregar pedras na cabeça até o alto da igrejinha nossa senhora dos pobres e cantando orações pedindo chuva a Deus.
Meu pai, velho comunista, dizia que as melhores terras do Brasil ficaram nas mãos dos grandes latifundiários ou na mão dos imigrantes de olhos azuis. Meu pai dizia também que naquelas terras, as chuvas eram abundantes, com fartura e ai...eu perguntava a dona Chiquinha: "Deus esqueceu de nós?"
O tempo passou. Hoje, ao assistir o jornal na televisão, escutei falar que não vai chover no feriado prolongado da semana santa. Veio a lembrança de uma época em quase tudo era pecado. Meu pai, velho comunista, continua murmurando que pecado é uma pátria sem justiça social.

Autor:Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado ao meu amigo de juventude, Ivan Cavalcante, grande jogador de futebol dos anos setenta no Concórdia Atlético Clube de Teófilo Otoni. Em 06/03/2012.