Na minha juventude, talvez por influência do meu pai que era muito ligado ás pessoas mais humildes, não frequentei ambientes muito luxuosos ou elitizados de Teófilo Otoni. Estou escrevendo este texto para preservar um pouco da história e memória da nossa terra natal Teófilo Otoni, onde, nas décadas de 60 e 70 vivi intensamente. Àquela época, apesar da nojenta ditadura militar e sua opressão, tínhamos uma juventude muito politizada.
Pois bem, para não deixar a memória esquecer, gostaria de começar pelos cinemas onde eu e muitos da nossa juventude frequentávamos o Cine Império ( o popular poeira) onde cheguei a assistir muitos filmes de Bang-Bang. Assisti ainda filmes no antigo cine Ideal que ficava no Bairro Manoel Pimenta (Antiga Vila do Veneta). Lembro também que um senhor de nome Moacir Pungyrum, construiu um prédio para cinema na Vila Verônica e que seria um novo cinema. O prédio desabou antes da inauguração....graças a Deus!!!
Frequentei clubes simples de danças onde havia grande frequência de filhos e filhas de trabalhadores. O Sete de Setembro(Caninha Verde) ainda existe até os dias atuais e fica ali próximo á Praça Germânica(Praça dos Alemães).
Havia também o clube Concórdia que ficava ali na subida da Rua João Lorentz (Morro do América) e o eterno clube do São Benedito na Vila Barreiros, onde, aos sábados era tanta gente que ficava até difícil para entrar. Lembro ainda que tanto eu como vários amigos de juventude passávamos antes no centro espírita de dona Maria José Leite, para tomar um "passe" de algum pai de santo, até chegar no clube que ficava pertinho.
Era comum, depois do cinema das 20 horas, a turma ir para a zona boêmia ( Chico Sá, Beco do Waldemar, Buraco Doce) . A gente tinha o costume de entrar nas inúmeras boites com luz negra e se encantar com mulheres de decotes curtos e saias bem curtinhas. Era o "paraíso" para nós jovens amantes da carne e o inferno para os conservadores engravatados da tradicional família burguesa de Teófilo Otoni. Altas horas, ainda tínhamos tempo para dar um pulo até a famosa zona boêmia do Carrapatinho que ficava ali na entrada da Vila Verônica, ou, no Curral das Éguas que ficava próximo á antiga Rua do Arrasta Couro.
No futebol, tudo era festa. tinha vários campos de futebol. Cansei de jogar futebol no campo do antigo D.E.R no final da Bela Vista , no belo campo do antigo São Benedito Futebol Clube na Vila Barreiros, Carecão da Vila Pedrosa, Campo da Igrejinha de Nossa Senhora dos Pobres na Vila Verônica, Campo da Vaquejada na João Lopes da Silva, Campo da Turma 37, Campo da Jaqueira, Campo do Marajoara, Campo do Pontilhão no Bairro Palmeiras. Os times de várzea eram tão bons que alguns ficaram famosos a exemplo do Estação que era um bicho papão e tinha grandes jogadores em seu elenco como Toninho Almeida que mais tarde se tornou profissional jogando pelo grande Cruzeiro de Minas Gerais.
Também aos domingos tinha o famoso matinal X7 no Cine Vitória e que era comandado pelo senhor Lourival Pechir, o pioneiro da Rádio em Téofilo Otoni. Certa vez, cheguei a inscrever-me no programa de calouros para cantar a música "Querida" de Jerry Adriane, mas, faltou coragem na hora de enfrentar o palco e a multidão. Desisti e até perdi a namorada...
Difícil acreditar que tomamos muito banho no Rio Todos os Santos ali pelas bandas do "Quente Frio" que ficava abaixo do Clube Palmeiras e ao lado da Avenida Alberto Laender. Se, ali já era gostoso tomar banho, imagine uma turma de jovens seguindo para os lados da Suíssa e Cachoeirinha que ficava no final do Bairro Palmeiras e Gangorrinha.
Altas horas da noite e sem medo da repressão, ainda tínhamos tempo, com Rossine, Bida, Jaime Gomes, Ivan Cavalcante, Jorginho "maravilha", Gera Prates, Adelson, e outros, tempo para cantar "caminhando e cantando" de Wandré...
Autor:Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado ao meu amigo de juventude, Jaime Gomes, autor do livro " Um trem que passou em minha vida"- Poeta e escritor do Vale do Mucuri- Em 06/03/2012
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