Ele logo cedinho falou no pé do meu ouvido: "Estamos no outono com temperatura média de vinte graus. Pode ser que em alguns dias chova".
Fiquei imaginando o outono. Mas logo depois ele interrompeu as minhas divagações me atualizando com as notícias do dia.
Depois entendendo o meu cansaço, ele começa a falar baixinho, então eu aguço os ouvidos e percebo uma música como uma canção de ninar...
"Ah, se o mundo inteiro me quisesse ouvir, tenho muito pra contar, dizer o que aprendi...". Adormeço!
Depois de algum tempo que parece uma eternidade, sou acordado por uma voz rouca que recita uma poesia de protesto que bate bem nas minhas recordações.
Começo a lembrar das vezes em que nós meninos, ficávamos escondidos em baixo de camas ou de mesas da tal ditadura militar, onde eles de botina e capacete causavam terror.
E a voz rouca ao pé do meu ouvido dizia: "Há soldados armados, amados ou não, quase todos perdidos de armas na mão. Nos quarteis lhes ensinam uma antiga lição de morrer pela pátria e viver sem razão".
Saio destas divagações quando a voz diz: "Do jeito que a vida quer, é desse jeito..."
Dou um sorriso e desligo o rádio. Vou á luta.
Afinal, é mais um dia que começa.
Autor: Aloísio Ribeiro ( Aloísio Lula)- Escritor e poeta de Teófilo Otoni-MG- Faleceu precocemente. Aloísio Lula foi um grande e fraterno amigo que Deus me proporcionou na minha existência terrena. Este texto foi retirado de um dos seus livros editados, ou seja, livro "VISÕES E PAIXÕES", página 42. Impresso na Gráfica Frota de Teófilo Otoni-MG, ano de 2006.
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