Através de carta, recebo notícias do Arnaldo. Sou do tempo em que ainda mandamos carta. Roberto Carlos tem uma música que fala sobre isso. Arnaldo, meu amigo, é daqueles bons tempos da década de 70 em Teófilo Otoni, onde eu e muitos jovens frequentávamos festinhas no América e as famosas horas dançantes aos domingos. Tiro aqui "meu chapéu" para Arnaldo que era um exímio dançarino e fazia muito sucesso dançando um tipo de dança chamado de "belisquete", Alguém ai lembra?
E, foi dançando belisquete que Arnaldo ficou famoso ali pelas bandas do morro do pau velho, onde eu ia muito na casa do meu velho amigo Wilson Medina, que foi presidente da União Estudantil de Teófilo Otoni nos tempos de repressão, para curtir umas horas dançantes nos domingos de paz e alegria em Teófilo Otoni. E, Arnaldo também comparecia junto comigo. Comparecia para alegria de todas as moças e tristeza para nós homens, pois só dava Arnaldo na fita. A mulherada com aqueles lindos penteados tipo "rabo de cavalo" só tinham olhos para Arnaldo, o rebolador e rei do belisquete.
Eu, como sempre, tímido, ficava de "butuca" esperando a hora de dançar, mas, a mulherada não desgrudava de Arnaldo que usava uma calça apertadinha tipo jeans com "boca de sino", cinto com fivela de Nossa Senhora de Aparecida, botinha de salto alto, cabelo engomado com brilhantina e um cordão de prata no pescoço.
Então, não restou para mim, ser assessor de Arnaldo junto ás mocinhas e deu certo. Arnaldo estava tão empolgado em dançar belisquete que, nas músicas lentinhas, eu caia dentro dançando agarradinho com as moças e ele, exausto, ficava ali na mesa sentado para descansar. Assim, peguei todas as mulheres do Arnaldo, acredite se quiser.
Algum tempo depois, começaram a chamar o Arnaldo de "boca dura". Os inimigos da fera diziam que Arnaldo era muito sério e não sorria. Só dançava belisquete de boca fechada, dura, rígida. Confesso que nunca observei.
Recebo notícias, através do Tonico de Tina, que Arnaldo recebeu o apelido de "boca dura" porque era banguelo, ou seja, sem dentes e assim, nunca sorria. Se soubesse, àquela época, eu teria contratado o saudoso cirurgião dentista "caititú" para resolver o problema do meu amigo Arnaldo que perdeu os dentes precocemente e, para minha alegria, perdeu as namoradas para mim.
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