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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

CANDIDATO A PREFEITO EM TEÓFILO OTONI

Ajoelhada ao lado da catacumba, Maria Clara ou Clarinha, não continha as lágrimas. Vestido preto, Chapéu preto e véu preto compunham a vestimenta da viúva. Nem mesmo as pedrinhas e o matagal que tomavam conta do cemitério municipal impediam que Clarinha arredasse dali. Entre uma lágrima daqui e outra dali, a inconsolável viúva falava em voz baixa: "Tu, Thomas, haverá de queimar no fogo do inferno".
Thomas Daki era um forasteiro que costumava vir em Teófilo Otoni de quatro em quatro anos á procura de riqueza fácil e visitar velhos amigos que a exemplo dele enriqueceram iludindo o povo da cidade do amor fraterno. A pretexto de procurar pedras preciosas, Thomas Daki veio, viu e gostou. Gostou tanto que depois de conhecer Clarinha, uma espécie de cozinheira dos garimpeiros, apaixonou-se e deu no que deu.
Thomas Daki encheu Clarinha de promessas de dólares e se esbaldou na prática do amor que Clarinha por experiência sabia fazer como ninguém. Quarenta anos mais velho, Thomas Daki não resistiu e na cama sofreu um infarto fulminante. Thomas Daki, diziam todos, " deve ter deixado uma fortuna para Clarinha". "Ela merece, afinal sempre esteve ao lado do Thomas", diziam os saudosistas das idéias do Thomas.
Na verdade, Clarinha sempre foi acostumada a comer carne seca e roer pequi. Após se engraçar com Thomas Daki, Clarinha se tornou uma madame. Passou a frequentar os melhores restaurantes de Teófilo Otoni e desprovida de estudos e etiquetas, mas, acompanhada de Thomas Daki, ninguém percebia ou fingia que não sabia. Afinal, todos queriam mesmo era aproximar de Thomas Daki e seus supostos milhares de dólares tão decantados nas rodinhas sociais.
Thomas Daki, diziam, além da fortuna em bancos privados possuía ações na bolsa de valores e um lendário galpão repleto de pedras preciosas conhecidas por " Olho de Gato" que, segundo os garimpeiros valia uma fortuna incalculável. Muito dinheiro, mas muito dinheiro mesmo. Mas, como um gato esperto, vez ou outra pedia um trocado ou miúdo para Clarinha que ainda tinha uma reserva dos tempos em que deitava nas redes com os humildes garimpeiros. E Clarinha ali, acreditando naquele que só aparecia de quatro em quatro anos...
E assim, Thomas Daki entre verdade ou mentira foi vivendo na maior mordomia entre a elite de Teófilo Otoni. Convites para festa de debutantes no Automóvel Clube, fotografias nas páginas sociais, poses para fotógrafos em visitas do governador de Minas Gerais, entrevistas na mídia tendenciosa, paraninfo de formandos, recepção no gabinete do prefeito entusiasta das idéias de Thomas Daki e diversos assessores para servir Thomas Daki com muita servilidade. Uma realidade, Thomas emplacou de vez a bandeira do engano na cidade do amor fraterno.
Amizade confirmada com o prefeito, Thomas Daki foi convidado a filiar-se ao partido de prefeito e cogitaram em lançar sua candidatura a prefeito de Teófilo Otoni. O prefeito e sua turma que frequentavam o famoso restaurante " Amigo do príncipe" criaram até um slogan para o futuro candidato que soltava gargalhadas quando escutava os baba ovos em coro cantarem: "Thomas, Thomas, Thomas seu prefeito, Thomas, Thomas, Thomas, seu prefeito".
Como tudo passa, Thomas Daki passou e Clarinha, assim como o povo, caiu na realidade. Zé do povo, um fiel garimpeiro fala baixinho no ouvido de Clarinha: "Vamos Clarinha que a hora é agora e quem sabe faz a hora, não espera acontecer". Tudo indica que um novo sol haverá de brilhar em Teófilo Otoni que assim como Clarinha e Zé do povo estão cansados de gente como Thomas Daki. Afinal, a Grécia antiga já ensinava que "todo governo vem do povo, pelo povo e para o povo".

Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado ao meu humilde amigo de juventude na Vila Verônica em Teófilo Otoni, Sérgio Gil (Serjão). Em 09/09/2013, Barbacena-MG.

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