Celestino era filho de Antonio e Maria. Os três moravam na antiga fazenda Saudade. Antonio era conhecido por Antonio "Vaqueiro", Maria por Lia e Celestino por Tininho. Eles viviam ali como agregados. Trabalhavam para Antero, o dono da terra, e plantavam em horta caseira algumas "coisinhas" para o sustento da família, além de receber dos patrões uma pequena quantia para outros gastos caseiros. Lia também ajudava a patroa Amenailde a fazer comida, lavava vasilhas e no final de semana ia junto com a patroa para a beira do rio e juntas lavavam umas três bacias de roupas sujas. Tanto dela como dos patrões.
Antonio "Vaqueiro", junto com Antero o patrão, tirava leite das vacas, juntava bois, amansava burros, cavalos, jumentos, além de, junto com o patrão, dar ração a todos os animais. O filho Tininho frequentava a escola junto com os filhos dos patrões que eram padrinhos de batismo do mesmo. Aos domingos, todos juntos, patrões e empregados vestiam suas melhores roupas e frequentavam a missa dominical na catedral matriz de Teófilo Otoni.
Aos 12 anos, no dia do aniversário, Tininho ganhou dos padrinhos patrões um belo cavalo a quem deu o nome de Valente e dos pais ganhou uma sela nova e um par de esporas na cor prata. O primeiro passeio foi até a nascente do Córrego dos Índios onde Valente bebeu água pura e relinchou em forma de agradecimento. Os dois, Tininho e valente se tornaram grandes amigos. Em cima de um galho da antiga gameleira, um Bem Te Vi foi testemunha.
Assim como Tininho e os filhos dos patrões, todo menino sonha. Os filhos dos patrões sonhavam em ir para a capital e se tornarem doutores. Já Tininho, sonhava em ficar mais um tempo na fazenda saudade ao lado do seu cavalo Valente e assim se tornar um exímio cuidador de cavalos.
O tempo, assim como tudo na vida, passou. A fazenda Saudade ficou mesmo na saudade. Os filhos dos patrões se tornaram realmente doutores. Ainda que mais idosos e cansados pelo dever cumprido da labuta da vida, Lia e Antonio "vaqueiro" continuavam ajudando os patrões e vivendo em muita harmonia. E Tininho? para alegria de todos, Tininho foi para o Rio de Janeiro e lá se tornou um profissional naquilo que sempre gostou. Tininho se tornou um mestre. Cuida, zela e monta em cavalos de raça no Jóquei Clube do Rio de Janeiro e assim como os seus amigos de infância que se tornaram doutores, Tininho tem uma vida digna e recebe ótimo salário.
Num final de ano, os amigos de infância retornaram a Teófilo Otoni e foram para a fazenda Saudade visitar os pais. Ao chegarem lá foram recebidos com tiros de rojões e muita confraternização. Na entrada da fazenda, os patrões Antero e Amenailde, junto com Lia e Antonio "vaqueiro" afixaram uma grande placa onde estava escrito: "Nesta fazenda nada nos pertence. Tudo aqui é de Deus. Nós apenas tomamos conta".
Lá em cima, bem no alto de uma velha gameleira, um Bem Te Vi cantava alegremente: "Bem Te Vi, Bem Te Vi, Bem Te Vi...
Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado ao meu justo, humilde e bondoso amigo professor Wilson Colares, hoje também assessor do jovem vereador Thales do Partido dos Trabalhadores em Teófilo Otoni-MG. Em 04/09/2013.
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