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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

MÃO AMIGA EM TEÓFILO OTONI

Rosinha vem conquistando a simpatia de todos. Dizem que Rosinha, caso fosse política, todos votariam nela. Rosinha trabalha como faxineira no apartamento 302 de um condomínio de classe média alta em Belo Horizonte. O companheiro de Rosinha, trabalha numa banca de jornais e revistas. Na referida banca, ele vende além de jornais e revistas, chips para celulares, chaveiros do Cruzeiro, Atlético e América. Vende também bilhetes de loterias, chicletes e cigarro a palito com direito a acender num isqueiro que fica amarrado a um barbante na banca de revistas e jornais. O companheiro de Rosinha chama-se Raimundo ou popularmente Mundico como é conhecido pela maioria das pessoas. Dizem que Mundico tem boa conversa e cativa a todos.
Antes de morar em Belo Horizonte, Rosinha e Mundico , na década de 70, viviam em Teófilo Otoni, mais precisamente ali na antiga Rua conhecida por Beco do Coelho. Uma rua estreitinha que ficava próxima á zona boêmia do famoso Chico Sá. Pertinho do Beco do Coelho ficava o famoso Buraco Doce onde aconteciam muitos encontros amorosos dos amantes da noite e boêmia. Ali também moravam os pais de Rosinha e os pais de Munidico que viviam numa situação de pobreza extrema. Na verdade, eram uns miseráveis que viviam das migalhas que sobravam de outros menos miseráveis. Rosinha, vivendo naquele ambiente e cobiçada por muitos da redondeza, batia pé e se mantinha firme num propósito de vencer na vida. Ali mesmo pertinho, estudava com afinco na Escola Geraldo Landi, pensando num futuro melhor para ela e seus familiares. Mundico que morava pertinho e alheio aos devaneios da região, vendia churrasquinhos na esquina da entrada para o morro que antigamente era conhecido por morro do Pau Velho.
Até que numa certa noite como todas as outras apareceu um sujeito para comprar um espetinho do Mundico  e conversaram muito. Falaram da vida, do futuro, dos sonhos, da pátria, da família, enfim de todas as coisas que o ser humano almeja de bom para si. Mundico ficou maravilhado com aquele sujeito que não cansou de elogiar seu humilde trabalho e sua perseverança em dias melhores.
A partir daquela noite, a vida de Mundico começou a mudar. Vez ou outra, aparecia na entrada do seu barraco uma encomenda com arroz, feijão, fubá, macarrão, café, óleo de soja, leite em pó e muitas outras embalagens de alimentos. Também na casa da Rosinha, aparecia também muitos alimentos que deixavam todos da família muito felizes, mas , com uma grande interrogação: Quem estava ajudando?
Até que em uma certa noite, ao voltar do trabalho, Mundico encontrou um bilhete na porta de sua casa, onde estava escrito: " Mundico, aqui tem duas passagens para Belo Horizonte. Você viaja com sua mulher e nós estaremos esperando você na capital. Fique tranquilo, você será nosso novo companheiro. Abraços, seu amigo do espetinho. Lembra?." E assim, Mundico partiu. Acreditou na oportunidade e partiu do interior em busca de um mundo melhor.
"Sem lenço e sem documento", como diz a música, Mundico e Rosinha juntaram os panos de bunda e foram embora para Belo Horizonte. Deixaram para trás a saudade dos pais e o mísero barraco de adobe coberto com velhos pedaços de zinco e papelão. Tudo parecia que um novo dia e um novo amanhecer surgiria na vida dos dois. Afinal, nem sempre a oportunidade bate á nossa porta, ou bate?
Em Belo Horizonte, Mundico e Rosinha foram recebidos por dois homens que os encaminharam a um outro parecido no linguajar com aquele que Mundico conheceu vendendo espetinho na zona boêmia de Teófilo Otoni. Em pouco tempo, tanto Mundico como Rosinha estavam amparados por aquelas pessoas e sistematicamente nunca faltaram a uma reunião em que eles pregavam a igualdade entre todos os seres humanos. Após tanto tempo ali naquelas reuniões, Mundico e Rosinha se tornaram membros efetivos e passaram a propagar as idéias e doutrina socialista. Rosinha, encarregada de cumprir "tarefas" em casas e apartamentos de granfinos da elite brasileira e Mundico como simples dono de banca de revistas e jornais cumprindo "tarefa" no centro de Belo Horizonte.

Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrochol)- Texto dedicado ao meu bom amigo político de cidade natal, Nilmário Miranda, Filho do saudoso Oldack Miranda ( Oldack da Casa Miveste em Teófilo Otoni)- Texto escrito em Barbacena-MG, Aos 29/01/2014.

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