Minha mãe nunca chorou,
Na vida só trabalhou; dez
Filhos para sustentar, não
Tinha tempo para chorar; até
Jesus chorou, minha mãe nunca
Chorou; se chorou foi bem
Escondido, tinha medo de
Apresentar fraqueza; tinha
Medo de não demonstrar
Força; tinha medo de ter
Medo; enfrentou fuzís, peitou
A ditadura, procurou meu
Pai pelos quarteis e não se
Amendrontou diante de
Generais; meu pai chorou, várias
Vezes vi meu pai chorar; não
Escondia seu olhar de boi
A caminho do matadouro; era
Fraco e desprotegido e o
Elo dele era a Conceição, o
Alicerce, a bravura, o coração;
Anônima, presente, consciente,
De todos nós a corrente; sangue
De leoa, leoparda, de fera do
Sertão; não conheço um erro
Dela ou uma insegura decisão;
Minha mãe é a coragem da
Mulher mineira; a morte a
Respeita e a vida lhe estendeu
Uma bandeira; minha mãe nunca
Chorou, juro, nem de brincadeira.
Na vida só trabalhou; dez
Filhos para sustentar, não
Tinha tempo para chorar; até
Jesus chorou, minha mãe nunca
Chorou; se chorou foi bem
Escondido, tinha medo de
Apresentar fraqueza; tinha
Medo de não demonstrar
Força; tinha medo de ter
Medo; enfrentou fuzís, peitou
A ditadura, procurou meu
Pai pelos quarteis e não se
Amendrontou diante de
Generais; meu pai chorou, várias
Vezes vi meu pai chorar; não
Escondia seu olhar de boi
A caminho do matadouro; era
Fraco e desprotegido e o
Elo dele era a Conceição, o
Alicerce, a bravura, o coração;
Anônima, presente, consciente,
De todos nós a corrente; sangue
De leoa, leoparda, de fera do
Sertão; não conheço um erro
Dela ou uma insegura decisão;
Minha mãe é a coragem da
Mulher mineira; a morte a
Respeita e a vida lhe estendeu
Uma bandeira; minha mãe nunca
Chorou, juro, nem de brincadeira.
Autor: Ivanovitch Medina, irmão do médico Jorge Amado Medina. Filhos do ex. ferroviário e ex. preso político Nestor Medina. Texto publicado na Revista Café-com-Letras. Revista Literária da Academia de Letras de Teófilo Otoni. Ano 8-Número 08- Outubro de 2010, página 36.