Em prantos, Bené, antigo militante do partidão, telefona-me do Complexo do Alemão no Rio de Janeiro. "Prenderam o Zuza, prenderam meu filho". Arfando e completamente confuso, Bené temia pelo pior. Acostumado a enfrentar torturadores, Bené sentia que seu filho não suportaria os socos e pontapés da nova democracia brasileira pós anos de ditadura. Gato escaldado tem medo de água fria...
Segundo Bené, Zuza seria enviado para Catanduva ou Mossoró. Segundo ele, Porto Velho seria o inferno. Muito longe, muito mato, grandes rios, índios e por ai vai. Na imaginação do velho Bené, um quadro perfeito para possível desova. A guerrilha do Araguaia ainda estava presente na sua memória..
Tentei, com minha aparente mansidão de terceira idade, acalmá-lo com citações bíblicas. Polêmico, Bené logo questionou se eu havia me convertido. Parece até que escutei-o falando baixinho pelos cotovelos: " A religião é o ópio do povo". Sim, Bené falou como há 40 anos atrás sentado comigo em barzinho de Teófilo Otoni, comendo uns torresmos e bebendo uma velha cachaça mineira. Bené sempre enaltecia os feitos de um grande lider chinês.
Convertido ou não, disse ao Bené que precisamos "amar a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo com a nós mesmos". Bené deu um grito e um tapa no telefone. Minha orelha envermelhou com os gritos: "Traíra, traíra, traíra".
Grande Bené. Sempre foi pirracento e tinha idéia fixa. Confesso que durante muito tempo pensei que Bené era louco. Fiquei imaginando ele enrolando as pontas do bigode a murmurando: "A luta continua, a luta continua..."
Como não tenho bigode, não tenho idéia fixa e não sou louco( será?) enrolo um baseado preparado com fumo bom lá de Araçuaí e entre uma baforada e outra fico a pensar: "Amarás a Deus sobre Pré-Sal, sobre Trem Bala, sobre Copa do Mundo, sobre Olimpíadas e darás ao teu próximo educação, saúde, cidadania. Assim, grande Bené, o peixe será menos amargo...
Segundo Bené, Zuza seria enviado para Catanduva ou Mossoró. Segundo ele, Porto Velho seria o inferno. Muito longe, muito mato, grandes rios, índios e por ai vai. Na imaginação do velho Bené, um quadro perfeito para possível desova. A guerrilha do Araguaia ainda estava presente na sua memória..
Tentei, com minha aparente mansidão de terceira idade, acalmá-lo com citações bíblicas. Polêmico, Bené logo questionou se eu havia me convertido. Parece até que escutei-o falando baixinho pelos cotovelos: " A religião é o ópio do povo". Sim, Bené falou como há 40 anos atrás sentado comigo em barzinho de Teófilo Otoni, comendo uns torresmos e bebendo uma velha cachaça mineira. Bené sempre enaltecia os feitos de um grande lider chinês.
Convertido ou não, disse ao Bené que precisamos "amar a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo com a nós mesmos". Bené deu um grito e um tapa no telefone. Minha orelha envermelhou com os gritos: "Traíra, traíra, traíra".
Grande Bené. Sempre foi pirracento e tinha idéia fixa. Confesso que durante muito tempo pensei que Bené era louco. Fiquei imaginando ele enrolando as pontas do bigode a murmurando: "A luta continua, a luta continua..."
Como não tenho bigode, não tenho idéia fixa e não sou louco( será?) enrolo um baseado preparado com fumo bom lá de Araçuaí e entre uma baforada e outra fico a pensar: "Amarás a Deus sobre Pré-Sal, sobre Trem Bala, sobre Copa do Mundo, sobre Olimpíadas e darás ao teu próximo educação, saúde, cidadania. Assim, grande Bené, o peixe será menos amargo...
Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto escrito em 8/12/2010 em Barbacena-MG. Texto dedicado ao Professor universitário Rossandro Ramos e a todos os moradores do Complexo do Alemão no Rio de Janeiro.
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