O dia hoje está ensolarado. Muito quente, muito calor. Lembra quando morei em Araçuaí no Vale do Jequitinhonha. Com este calor, resolvo chamar meus filhos para uma visita ao clube do Sindicato dos Tecelões aqui em Barbacena. Resolvi tomar um banho de piscina, jogar uma pelada e gastar conversa a toa.
Tenho andado um pouco cansado. Além do meu trabalho noturno que começa ás 7 da noite e termina ás 7 da manhã, ou seja, 12 horas de trabalho, resolvi fazer uma pequena horta caseira e um espaço para criar algumas galinhas caipiras.
Penso que preciso tirar férias. Meu patrão, um coronel da Aeronáutica, prometeu que em dezembro vai me liberar. Assim poderei distrair um pouco, visitar minha terra natal, rever meus pais, irmãos e velhos amigos que jamais esqueci em Teófilo Otoni.Pretendo andar descalço, bermuda e chinelo de dedo, tomar uma Mate Cola, comer um "fofa Cú" e visitar o mercado municipal onde tenho bons amigos.
Estou fazendo um pequeno galinheiro. Estou terminando o "puleiro". A minha mulher acha que o pau do puleiro está muito fino. Segundo ela, quando a galinha engorda, o pau pode não aguentar. Vou pensar no assunto.
Voltando ao clube, estive gastando conversa com um e com outro. Encontrei com Godofredo, um "pião" amigo de fábrica. Entre um aperto de mão, ele me diz que foi candidato a vereador. Godofredo não foi eleito e disse com ar de revolta que "foi traido". Interessante que todos que perdem eleições falam na palavra traição. Deve ser coisa antiga, pois o evangelho fala que Jesus Cristo também foi traido. Eu disse a Godofredo que continuasse sua luta. Dias melhores viriam, com certeza. Ele agradeceu e notei que ficou mais alegre e motivado.
Ainda no clube, bati uma bolinha com meus filhos Charles e Gustavo. Lembro que passou um jovem e disse que eu tinha um bom toque de bola. Fiquei lisonjeado e tentei mostrar mais habilidade com a pelota e desisti quando passou outro jovem e disse: "Esse velho já foi bom nisso, mas tudo acaba um dia".
Larguei a pelota e fui dar um mergulho para refrescar a memória. Fiquei só ali no raso da piscina. Tenho sentido dores nas pernas e tenho medo de morrer afogado. Fico admirando meus filhos que tiram chupetas e dão "salto mortal" no fundo da piscina. Eles, percebendo minha solidão, chamam-me e respondo que não sei nadar. Tudo mentira, tudo acaba um dia. Penso que chegou o momento certo para cuidar da horta e criar galinhas caipiras. "Tudo na vida tem um tempo", é verdade...
Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho), texto dedicado aos meus filhos Thiago, Charles e Gustavo, meus amigos e incentivadores na vida. Barbacena, em 9/10/2012.
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