Timotinho, antigo companheiro de desvio de conduta, visitou-me na noite anterior. Timotinho diz que melhorou e aquelas doideiras são coisas de um passado que prefere não lembrar. Segundo ele, a única coisa que não deixou de praticar é "cuspir para o alto e aparar o cuspe de volta com a boca". É como acertar uma cesta no baskete, diz ele esboçando um sorriso na boca sem dentes.
Para quem conheceu Timotinho andando ali pelas ruas de Teófilo Otoni, este negócio meio estranho de aparar cuspe com a boca é fichinha perto das vezes em que ele surtava tirando roupa e ficando completamente pelado. A preocupação da sociedade, principalmente das beatas que desciam da missa pelo morro da matriz, não era a bunda murcha de Timotinho e sim a taca ou as vergonhas, termos usados pelas beatas e o saudoso padre Zoel. A "taca" era tão grande que assustava até o jegue do saudoso Manezinho carroceiro que morava ali pelas bandas da grota de Dona Verônica.
Entre uma lembrança daqui e outra dali, lembramos de um velho amigo nosso que também em Teófilo Otoni na década de 70, costumava andar pelas ruas da cidade com uma caixinha antenada no ouvido. Segundo aquele nosso amigo, ele conversava com seres de outros planetas. Àquela época o povo dizia que ele havia endoidado e na certa iriam trazê-lo para tratamento em Barbacena.
Assim, eu e Timotinho ficamos a matutar se aquele povo, a maioria já deve ter morrido, voltassem aos dias de hoje e vissem milhares de pessoas falando aos celulares, eles não acreditariam. Então, eu e Timotinho chegamos á conclusão que aquele nosso amigo não era tão doido como julgavam. Era apenas um ser mais evoluído da espécie humana que, infelizmente, são discriminados pelas suas idéias irreverentes ou convicções.
Timotinho pergunta se estou vendo televisão ou entrando na internet. Respondo que tenho andado meio desconfiado depois das noticias de que o império do Tio Sam anda vasculhando "pessoas de seu interesse" e este interesse me preocupa tendo em vista que certa vez um general do exército lá no Rio de Janeiro disse para mim que meu pai Tim Garrocho (Ex. preso político) "era fichado na CIA".
Para minha surpresa, Timotinho, que eu pensava ter melhorado das suas doideiras, chega até ao pé do meu ouvido e como um caboclo sorrateiro do Vale do Mucuri, diz: "Olha Téo, aquele agente da CIA que os Estados Unidos estão procurando sou eu". Meu Deus, penso, será que Timotinho surtou de novo? Como pode um agente da CIA na minha frente e em carne e osso?
Timotinho desabafa e solta os cachorros. Diz que na Rússia não fica. Segundo ele o frio lá é "brabo". Só mesmo o Putin e seus camaradas elitizados para aguentar e mesmo assim tomando muita vodca. No Equador, o presidente tá querendo para despistar dando-lhe um emprego de roupeiro ou massagista no famoso time da LDU. Na Venezuela, diz Timotinho, só se o Chavez voltasse para juntos mandar um par de bananas para Obama e seu império.
Resta a Bolívia do companheiro indígena Evo, onde Timotinho acredita ser seu destino. "Assim Téo, fica mais fácil visitar você aqui em Teófilo Otoni. Posso pegar o trem em Santa Cruz de La Sierra e ...demora um pouco, mas chego. Caso não dê, pego carona em algum avião da FAB. Nem bem abri a boca para questionar a carona em avião do governo e Timotinho retrucou: "Se o Renan, Henrique e Cabral podem, porque eu também não posso?". Afinal, o avião não é comprado com dinheiro do povo? Porque só eles tem passe livre?
Pois bem, estou num beco sem saída. Como não gosto e nunca gostei de delatores, vou dar "asilo provisório" a Timotinho, agente da CIA," aqui em Teófilo Otoni na minha modesta moradia e já vou avisando: Timotinho fica. Tô pouco me lixando para os Estados Unidos. Quero mais, junto com Timotinho, aparar cuspe ao alto. Bem melhor e mais divertido que aturar este tal de Obama e seu império de prepotência. E tem muito babaôvo por ai que tem a cara de pau de dizer que ali é a maior democracia do mundo. Me engana que eu gosto!
Ah! antes que eu esqueça e quem avisa amigo é: O agente da CIA, Timotinho, diz que vai vigiar todos os políticos de Teófilo Otoni, inclusive aquele, aquele, aquele (Três vezes?). É isso ai, Welcome Timotinho!!!
Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado ao meu amigo Geraldo Silva, militante político e funcionário da CEMIG em Araçuaí-MG, em 10/06/2013- Barbacena-MG.
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