Zé pereba e Pedro piolho são irmãos e fincaram na entrada da favela do subaco fedendo em Teófilo Otoni, uma placa de papelão com os seguintes dizeres: " Peroba e Piolho, fazemos bicos". Na verdade, tanto Piolho quanto Pereba são nada mais que dois trabalhadores desempregados e sem nenhuma qualificação que procuram desesperadamente uma oportunidade para ganhar alguns trocados na luta pela sobrevivência na tão falada pátria de todos.
Pereba diz que ultimamente tem sentido fome de uns tempos para cá. Sem trabalho fica difícil e "roubar não sei e nem quero". Já o irmão Piolho diz que "é triste viver nessa situação e tem dia que a gente até come talos de colonhão". Para quem não conhece, colonhão é um tipo de capim vistoso muito apreciado pelas vacas, bezerros e garrotes. Piolho diz que até lembra da música de Zé Ramalho intitulada de Vida de gado.
Pereba comenta que entende de tudo, ou seja, conserta ferro elétrico, chuveiro, panela de pressão, pia entupida e muito mais. O irmão Piolho entende de cuidar de jardins, limpa e roça quintal, lava carros, engraxa sapatos. Tudo indica que os dois irmãos são mesmo entendidos na arte de fazer bicos, coisa comum nos brasileiros tão criativos. Mas, não estão conseguindo clientes.
Dona Maricota, beata fervorosa da igreja de Roma, sempre que pode, leva umas coisinhas de comer para os dois irmãos que perderam os pais muito cedo. Segundo Dona Maricota, os pais morreram devido ao vício da malvada cachaça. "Conheci os pais dos dois. Bebiam cachaça de dia, de tarde e de noite. Morreram dormindo que nem passarinho", lamenta a Bondosa Dona Maricota segurando o livro sagrado por baixo do subaco ou axilas como queiram.
Diferente de Dona Maricota, o autoritário guarda municipal Tim que é mais conhecido por Tim "sapo" e tem um imenso bigode de dar inveja ao mais tradicional gaúcho, alfineta: " Não passam de dois vagabundos. Comem e dormem o dia todo". Segundo o povo da comunidade o guarda Tim "sapo" não passa de um metido a rico só porque trabalha para a prefeitura, sinônimo de "superioridade" na favela.
Lurdinha, uma ativista social e contrária ao pensamento do guarda municipal, diz que o guarda "pensa que é polícia e quer mandar na gente. Ah! coitado, foi-se o tempo da ditadura no Brasil ". Esbraveja levantando o punho esquerdo e beijando o símbolo do MIP,( Movimento Independente Progressista). Movimento este, criado por um ex. Vereador comunista muito querido em tempos passados.
Vagabundos ou não, os irmãos Pereba e Piolho são na verdade seres humanos excluídos do contexto social vivendo ali na favela do subaco fedendo. Amparados sempre quando possível por bons corações a exemplo de Dona Maricota e defendidos por algum ativista social a exemplo de Lurdinha do MIP, eles ainda terão que suportar sempre o autoritarismo, prepotência e discriminação do guarda Tim"sapo" que é metido a polícia, em pleno século XXI. a querer mandar no povo, torturar o povo e matar o povo se possível.
Assim como Pereba e Piolho, o irmão operário Amarildo, ajudante de pedreiro da favela da rocinha são cópias fieis da pátria de todos(?) chamada Brasil. Até Quando???
Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado ao meu amigo de militância política em Araçuaí-MG, Dr. Eustáquio Azevedo Rocha, o popular Tute Advogado. Em 16/08/2013, Barbacena-MG.
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