Meu pai nasceu político, viveu na política e hoje aos 84 anos ainda respira política. Grande parte da minha vida convivi com meu pai. Ainda lamento e muito que na minha infância e juventude quase não tive contato com meu pai devido ele ter passado por 15(quinze) prisões efetuadas pela ditadura militar e sendo que a última ele foi condenado há mais de dois anos onde foi torturado barbaramente nos porões da ditadura militar. Depois de um tempo, já com minha mente politizada, resolvi sair de Teófilo Otoni e andar pelo Brasil pregando a resistência ao regime militar. Atualmente, quando posso, retorno a Teófilo Otoni para rever meus familiares e bons amigos.
Confesso que grande parte dos meus simples escritos são na verdade inúmeras situações que presenciei ao lado do meu pai ou escutando seus casos quase seculares que viveu. Foram tantos casos que a maioria ficaram gravados na minha memória e com uma pincelada fictícia em relação a nomes, escrevo textos humildes com cara de povo, apesar dos meus inúmeros erros de português. E, para falar a verdade, sou péssimo em português. Continuo sempre dizendo aos meus amigos que sou um eterno aprendiz e bola prá frente.
Hoje lembrei de um caso que escutei do meu pai. Eu estava de férias e á noitinha tenho o costume de sentar numa escada velha do nosso antigo casarão para escutar meu velho pai e ele me contou que este caso se passou no centro de Teófilo Otoni, mais precisamente ali nas imediações do antigo coreto da praça Tiradentes. Segundo meu pai, muitos personagens deste caso já morreram e outros ainda estão vivos. Meu pai foi testemunha ao vivo e inclusive ajudou interferindo na muvuca que quase termina em morte.
Era uma época de eleição para prefeito e algumas pessoas, inclusive meu pai, estavam sentadas nos bancos da praça. Ai, de repente, apareceu um certo candidato a prefeito que já tinha sido prefeito em gestão anterior e tentava reeleição. Aperto de mão daqui, tapinha nas costas dali e um monte de baba ovos e pucha sacos distribuindo aqueles santinhos eternos. Tinha um assessor que era mais fanático e suspirava: " Ai gente, não esquece dele, ai gente, ele merece" e por ai vai.
Num certo momento, um senhor de nome Domingos e que detestava corruptos, preguntou: "Escuta aqui ó fulano, onde você enfiou a verba para a construção da galeria do Bairro Palmeiras?. E, a resposta veio rápida da boca alegre da gazela, digo do candidato a prefeito: " Enfiei na buceta de sua mãe". Ah! meu Deus prá que, o tal Domingos tirou uma faca peixeira da cintura e partiu para cima da gazela, digo do candidato a prefeito que trêmulo feito um veado em frente ao predador correu ao encontro do meu pai e pediu: " Ô Tim, você que conhece mais este sujeito, segura e me salva". Meu pai, conhecido dos dois, acalmou o senhor Domingos dono da peixeira que detestava corruptos e tudo voltou ao normal.
Assim, cada um foi para o seu lado e os ânimos voltaram à estaca zero. Ao chegar na Avenida João XXIII, meu comentou o caso com um candidato a vereador que apoiava a tal gazela, digo, candidato a prefeito. O aspirante a vereador olhou para o tempo, colocou uma mão na cintura, chupou o dedo e disse para o meu pai: " Só se ele enfiou no cú da mãe do sujeito, porque de buceta ele não entende nada". Pelo que conheço meu pai, ele deve ter ficado horrorizado com tais considerações ou palavreados chulos..
E assim, quando tiro férias, fico com meu pai relembrando as histórias de Teófilo Otoni que não são contadas em livros. Tem coisas que não acredito muito, mas, uma cigana disse para mim que vou morrer com 98 anos. Imagino que até lá vou escrever muito caso que vai deixar muita gente arrepiada. tipo aquela gazela, digo candidato a prefeito.
Minha avó, uma imigrante polonesa dizia sempre que " a voz do povo é a voz de Deus" e Dona Chiquinha Ottoni, minha professora de catecismo dizia que "com a voz de Deus não se brinca". É verdade, quatro anos passa tão rápido como uma gazela.
Autor:Walter Teófilo Rocha Garrocho( Téo Garrocho)- Texto dedicado a todos aqueles que lutaram e lutam sempre contra a corrupção e a demagogia na política em Teófilo Otoni- Em 23/09/2013, Barbacena-MG.
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