Seu nome era Tibério e seu apelido Boca Rica. Ele era conhecido por ostentar a boca recheada de dentes reluzentes cobertos por ouro. Tibério Boca Rica tinha se aventurado pelo antigo garimpo de Serra Pelada onde ganhou muito dinheiro, além de juntar muito ouro. Além da boca reluzente de ouro, Tibério ostentava vários cordões de ouro e pulseiras. Gostava de andar de camisa aberta mostrando o tórax brilhando e tinha mania de balançar os braços para ostentar as várias pulseiras de ouro. Tibério não escondia a vaidade. Segundo ele, toda aquela riqueza foi conquistada com muito trabalho e diversas vezes esqueceu de um ser supremo chamado Deus. A vaidade tinha tomado conta de Boca Rica.
O vizinho de Tibério chamava-se Amâncio que era mais conhecido por Amâncio Ratão. Este, ao contrário de Boca Rica, não fiava e nem tecia. Diziam que nem Salomão se vestiu como ele. Amâncio, como um lírio do campo, era admirado pela sua beleza espiritual e mansidão. Diziam que ele era alimentado também por uma sabedoria idêntica àquela suplicada por Salomão, rei dos judeus.
Tibério Boca Rica vivia só e não tinha herdeiros. Vez ou outra, Amâncio Ratão ajudava Boca Rica nos afazeres domésticos. Ratão, assim como Boca Rica, também vivia só e não conheceu sua família. Tibério Boca Rica era mais velho e Amâncio Ratão mais novo. Pareciam pai e filho. Tibério Boca Rica tinha cara do mundo e Amâncio Ratão tinha cara de amor, fraternidade, caridade.
Todas as noites, Tibério Boca Rica que era do mundo, pensava que Amâncio Ratão poderia estar querendo tomar sua riqueza e vivia noites de insônia. Ao contrário, Amâncio Ratão dormia o sono dos justos e sonhava que "todo dia seria um novo amanhecer" e Deus na sua infinita bondade de justiça o alimentaria na carne e no espírito.
Tudo na vida passa e uma certa época tanto Tibério Boca Rica como Amâncio Ratão partiram para outras esferas celestiais. Numa certa dimensão os dois se encontraram novamente. Tibério Boca Rica estava banguelo e sem dentes. Questionado por Amâncio Ratão onde ficou tanto ouro, Tibério Boca Rica do mundo disse que após um certo tempo os coveiros do cemitério arrancaram tudo. Não sobrou nada!!!
Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado à minha querida segunda mãe, a saudosa Dinha, Maria de Souza Bonfim. Espírita Kardecista. Em 19/09/2013-Barbacena-MG.
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