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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

AVENIDA JOÃO XXIII EM TEÓFILO OTONI

Nasci e passei grande parte da minha infância e juventude no hoje bairro Teófilo Rocha, onde também hoje se situa a Avenida João XXIII em Teófilo Otoni.Sempre confessei que a saudade do lugar e de todos os moradores foi uma constante em minha vida. Semana passada, estive lendo uma matéria jornalística (muito boa por sinal) do jornal " O Diário" de Teófilo Otoni e editada no Site " Teófilo Otoni noticias e região " postada pelo senhor Tião Soares, onde há comentários sobre a região da Avenida João XXIII.
A matéria diz que "há uma luz no fim do túnel" e tece comentários sobre envolvimento de jovens com tráfico de drogas, o valioso trabalho das polícias civil e militar, além de comentários e sugestão de moradores que são de grande valia em prol de encontrar soluções para amenizar a violência proveniente desta fatalidade que impera não só nos bairros mais humildes, mas em condomínios luxuosos e mansões da elite brasileira.
Sempre acreditei que o túnel da pobreza, da miséria, da exclusão social não foi criado por Deus. A luz, tão decantada por muitos como a presença de Deus, jamais poderia ficar no fim do túnel e sim no início, iluminando e clareando os passos e caminhos dos filhos e filhas dos operários da Avenida João XXIII. Aquela avenida, e isto não é de hoje, sempre sofreu um certo preconceito em Teófilo Otoni. Eu lembro que quando jovem, eu chegava à escola no centro e sempre escutava alguém dizer que eu morava na favela do Subaco Fedendo (Morro do Cemitério) ou favela do Eucalipto (Morro do Eucalipto). A discriminação quanto à região é bem antiga. Havia um morador mais antigo e que sofreu muito nas garras do regime da ditadura militar que sempre dizia; " Aqui, do bairro Teófilo Rocha, parte sempre um grito contra todo tipo de opressão. Grito pela democracia e direitos plenos de cidadania para o povo excluído". Um povo que situava entre as antigas favelas do Subaco Fedendo e Eucalipto.
É de grande valia o trabalho da nossa briosa polícia militar e da nossa aguerrida policia civil de Minas Gerais, desde que este trabalho tenha também o intuito de interagir com a comunidade. Uma U.P.P do Rio de Janeiro, ao prender, torturar e assassinar o ajudante de pedreiro Amarildo deu um péssimo exemplo que levou a comunidade da Rocinha sentir medo e querer distância de militares. Péssimo exemplo que ganhou as páginas até mesmo da mídia internacional. Sou leigo no assunto de segurança, mas, pela vivência de vida e tudo que já presenciei em relação a muitos policiais, acredito que o ranço do regime de opressão ( ditadura militar) ainda persiste em muitas corporações militares. Ghandi ganhou a independência da Índia sem dar um tiro ou um bofetão.
A Avenida João XXIII, hoje, é caminho para uma Universidade Federal em Teófilo Otoni. Os imóveis ali foram super valorizados. Hoje, você nem precisa ir ao centro de Teófilo Otoni para fazer compras. Na Avenida João XXIII você encontra lojas de confecções, Supermercado grande, boas mercearias, padarias, sacolão de verduras e legumes, farmácias, salões de beleza, Lan house, depósitos de gás, mecânicos, serralheiros, bares aconchegantes, advogados, posto de saúde, igreja católica, igrejas evangélicas, escolas municipal e estadual, A.P.J, Associação de moradores, transporte público (ônibus coletivo) e um vereador nascido e criado no bairro que se chama Alexandre Amaral, o humilde e bom amigo Lelé da saúde. 
Quando há oportunidade, retorno a Teófilo Otoni e visito minha querida Avenida João XXIII ali pelas bandas da pracinha, da subida do morro de Eucalipto, do morro do cemitério ou morro da igrejinha. Eu costumo colocar uma bermuda, uma sandália surrada de couro e passeio sem medo de ser feliz abraçando todos os moradores sem discriminação. A luz do meu túnel interior fica no início dos meus olhos. Os olhos da justiça social.

Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho (Téo Garrocho)- Texto dedicado à minha saudosa amiga Dona Dos Anjos, uma antiga militante do Partido dos Trabalhadores e ativista social e politica por décadas na região da Avenida João XXIII em Teófilo Otoni. Texto escrito em Barbacena-MG aos 23/01/2014.

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