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segunda-feira, 29 de julho de 2013

FUI CANDIDATO A CANTOR EM TEÓFILO OTONI

Em Teófilo Otoni, nunca fui candidato a nada. Lembro que fui presidente de um clube de jovens e por várias vezes um tipo de presidente dos inúmeros times de futebol varzeano que ajudei a formar na Vila Verônica onde passei minha infância e juventude. Até hoje, alguns amigos me questionam o fato de não ter sido um candidato a cargo político em minha terra natal. A todos respondo que não era meu caminho ser um candidato a cargo político na minha terra natal. Preferi, como muitos, ser um homem livre e observador dos acontecimentos em busca de pensamentos que melhorassem as condições de vida do povo sofrido da nossa terra que, apesar de muitos corruptos, ainda tem pessoas inteligentes, honestas e transparentes com as coisas públicas. Aos poucos, o povo vai conquistando a cidadania plena.
Voltando ao título do texto, na década de 60 e no início da 70, havia em Teófilo Otoni um programa de calouros todos os domingos no antigo cine vitória. Aquele programa era realizado e comandado pelo senhor Lourival Pechir, pioneiro do rádio em Teófilo Otoni. O programa tinha o nome de " Matinal de Calouros X7" e logo pela manhã a fila era imensa tanto de jovens e adultos que se espremiam para comprar ingressos. Realmente, o programa de Lourival Pechir era verdadeiro sucesso e campeão de bilheterias.
Eu devia ter uns 16 anos. Como todo jovem da época, a nossa diversão era jogar futebol ou Matinal de Calouros do senhor Lourival nos domingos até então pacíficos da pacata Teófilo Otoni. Pois bem, comecei a me assanhar nos caminhos do amor e arrumei a primeira namorada que morava ali perto do antigo morro do bispo. Só Deus sabe o que passei para namorar aquela moreninha de cabelos pretos, tendo em vista que já corri muito do pai dela e dos irmãos. Mas, era gostoso e até sinto saudade quando lembro das dificuldades para nossos encontros.
Interessante que minhas Ex. namoradas sempre moravam em morros. Morro do bispo, morro do cemitério, morrro do subaco fedendo, morro do cata quiabo, morro do Altino Barbosa, morro da caixa d'água, morro da concórdia e até um tal de morro dos velhacos. Para contrariar a história de morros, acabei casando com uma tal Maria das Dores que nasceu no povoado de Ribeirão das Almas no Vale do Jequitinhonha.
De todas as namoradas, guardo saudade da primeira. Penso até hoje que emoções como batimento do coração, tremedeira nas pernas e nas mãos, beijo gostoso escondido, carinho escondido dos pais, saudade com lágrimas e juras de amor eterno só acontece com a primeira namorada. E, foi para essa primeira namorada moreninha e de cabelos pretos que prometi cantar no programa de calouros do senhor Lourival Pechir. Lembro que recebi incentivo de uma "legião de fãs" (será?) e até mesmo do meu saudoso avô Ioiô Garrocho que só não concordava com meus longos cabelos ao estilo da banda revolucionária dos Beatles na época de muitas contestações mundiais, principalmente dos jovens.
A música escolhida foi "Querida" do famoso Jerry Adriani, um cantor de muito sucesso naquela época e que provocava suspiros e gritos das fãs alucinadas. Lembro que fui á Casa Miveste do saudoso senhor Oldack Miranda onde comprei uma bela calça de tergal e a tradicional camisa volta ao mundo e pasmem... na cor verde limão. O sapato tomei emprestado do meu amigo Jorginho maravilha. Era uma botinha de couro, salto alto e muito usada pelos jovens na famosa dança do Twist.
Passei uma brilhantina nos longos cabelos e lá fui cumprir a promessa. Em troca ganharia um beijo na boca escondidinho ali pelas bandas do morro do bispo. valia a pena passar no teste. Por aquela moreninha de cabelos pretos eu não podia dar "xabú", ou seja, negar fogo. E assim, dito e feito. O cine vitória estava lotado. Eu, com minha calça de tergal e camisa volta ao mundo na cor limão, junto com mais de vinte calouros nos camarins. Vez ou outra eu dava uma espiada por entre os buracos da cortina vermelha e...ai meu Deus, onde fui entrar.
O auditório lotado de gente. Eu suava mais que tampa de chaleira, as pernas bambas, questionamentos interiores: "o que que eu tô fazendo aqui?", "será que vai dar?" e ai veio o que eu não queria: Seo Lorival chama o próximo calouro que é...Walter Teófilo, o Téo. Misericórdia, as pernas falharam, empaquei que nem burro velho e o que é pior, veio um auxiliar do seo Lourival e colocou um pé na minha bunda dizendo em alto e bom som: "Vai, vai, que é a sua vez." Não fui e ainda me lembro que disse a ele com raiva mesmo: "Oia, cê num empurra que é pior". Pois bem, relembrando tudo que passou, fico a meditar que o amor pela menininha de cabelos pretos era capaz de tudo. Até mesmo ser candidato a cantor. Ê saudade, uai sô!!!


Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado aos familiares do senhor Lourival Pechir, pioneiro do rádio em Teófilo Otoni e á menininha de cabelos pretos, minha primeira namorada- Em 29/07/2013, Barbacena-MG



sábado, 27 de julho de 2013

O MENINO QUE EMPINAVA PIPAS EM TEÓFILO OTONI

Otavinho pedreiro era um homem baixinho, mas, de uma sábia arte na construção civil. Ele tinha uma turma de homens que trabalhavam junto com ele. Se não me engano, Otavinho era chamado de mestre de obras pelos operários que trabalhavam com ele. Otavinho construía um tipo de casa com duas ou três janelas laterais nos lados esquerdo e direito. A entrada ou frente tinha apenas uma grande janela e ao lado uma varandinha semi aberta com pequeno portão de entrada, além de uma escada com poucos degraus.
Àquela época, os pisos eram feitos à base de cimento e logo após usavam um tipo de produto chamado xadrez que tanto podia ser na cor verde, vermelho ou amarelo. Aquele tipo de piso era luxo para a época e brilhava muito quando passavam cera relativa á cor. O brilho era conseguido com muito esforço através do antigo escovão, tendo em vista que raríssimas pessoas ou quase ninguém possuía uma enceradeira elétrica.
Otavinho pedreiro, assim como a classe operária, fizeram e fazem parte das minha lembranças de juventude, lembranças dos seus abnegados operários, lembranças do seu estilo de construção e lembranças das pipas. Sim, das pipas que alguns dos meus amigos filhos dos proprietários daquele modelo de casa, as vendiam penduradas nas sacadas das varandinhas. Eu passava pelas ruas e me encantava com as pipas de várias cores que proporcionavam aos meus olhos uma alegria imensa.
As pipas sempre tocaram em meus pensamentos. Elas sempre avivaram o sentimento de liberdade em minha vida que se fortaleceu mais ainda quando a ditadura militar e seus algozes prenderam meu pai e o torturaram nos porões da tal "redentora" que atendia unicamente a religiosos conservadores e um tal império chamado de Estados Unidos da América. Assim, quando eu perdia uma pipa, eu não sentia tristeza porque eu sabia que outro menino teria a liberdade nas mãos ao encontrá-la no topo de uma árvore ou em algum quintal da vida.
É bem provável que, assim como disse Paulo Ribeiro, sobre o imortal Darci Ribeiro, eu seja também um "passageiro da utopia", pois grande parte da minha vida foi de sonhos e tive até uma namorada que falou para mim que  eu "vivia no mundo da lua". Alguns sonhos bem simples consegui realizar e a maioria foi um fracasso, uma utopia, uma "derrota" da minha parte para os que nunca acreditaram em mim e nem preciso enumerar tanto sonho bom que tive para o povo brasileiro. Penso que a minha utopia e politização veio muito precocemente e assim me perdi numa pátria para poucos onde há mais de 500 anos são basicamente os mesmos (de pai para filho, netos, bisnetos...) embalados e enebriados pelo poder, ganância de lucros financeiros, riquezas materiais, ostentação e vaidade, egoísmo, prepotência, discriminação.Toda esta vergonha juntada á corrupção e o mais degradante: se dobrar aos poderosos, ao neo império que significa tudo relatado antes e tem a mania de meter "o dedo" naquilo ou no que não lhe lhe convém como se a América Latina e o resto do mundo tivesse que se dobrar aos seus pés. Sim, não WE, nós podemos!
Ai, eu relembro do Otavinho pedreiro, dos operários e das pipas. Ai, eu relembro dos inúmeros quintais onde elas caíram e levaram não só os meus sentimentos de liberdade. Ai, eu me lembro que fui mesmo um "passageiro da utopia" com muita dignidade e me orgulho de ter sido. Ai, eu me lembro que estão neste momento batendo à minha porta e para minha surpresa na terceira idade, é um menino como eu há muitos anos atrás na minha infância juvenil que diz: Seo Téo, Posso pegar a minha pipa que caiu no quintal do senhor? Resumindo. a liberdade não tem idade e nem preço!!!


Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho-(Téo Garrocho)- Texto dedicado ao jovem vereador Thales, do Partido dos Trabalhadores em Teófilo Otoni-MG- Em 27/07/2013, Barbacena-MG.
   

quinta-feira, 25 de julho de 2013

A PRISÃO DO VELHO NESTOR MEDINA EM TEÓFILO OTONI

Era março, início do mês, Nestor estava muito nervoso, mas eu não tinha nem uma ideia do que de fato estava acontecendo. Dona Conceição também estava diferente, ela que era de pouco falar, estava quase emudecida, falava baixo, quase num sussurro, acho que a ideia de não deixar Maneca dormir lá em casa foi dela. Conceição sabia da importância de Maneca dentro da estrutura do partido, e ela em nenhum momento até então ousava aborrecer Nestor quanto a problema do partido. Ela até não concordava com muita coisa, mas aceitava porque respeitava muito seu marido e entendia a importância dessas coisas para Nestor.
Nestor no início da carreira na Rede Ferroviária era telegrafista e dos bons e no início da caminhada ele tinha sido usado como telegrafista e talvez continuasse sendo usado pelo partido , transmitindo em códigos as ordens do partido na região. Fala-se até que quando estava preso lá em Neves, num determinado dia começou a receber uma mensagem em código Morse na parede de seu cubículo. No início pensou que poderia ser os militares querendo aprontar alguma com ele, depois de vários dias, resolveu responder as mensagens, e durante todo o tempo em que passou na prisão , diariamente conversava com esse companheiro que era médico na cidade de Governador Valadares, e se inteirava de todas as novidades da prisão e do país, mas nunca o conheceu pessoalmente.
E o fato de saber com antecedência muita coisa, lhe dava certa vantagem nos seus interrogatórios em seu IPM. E isso amainava o desgosto de estar preso. Os interrogatórios é que incomodavam muito e sessões de tortura psicológica desestabilizavam a estrutura emocional dos presos. Os tapas, e até mesmo o pau de arara era muito pouco se comparado com assuntos familiares, quando os algozes o chantageavam dizendo que tinham prendido algum filho, ou que sua mulher o tinha entregado. É claro que Nestor nunca acreditava e a comunicação com os presos diminuía muito esse sofrimento.
Nestor nunca falava, ou quase pouco, sobre torturas, era tabu. Ficamos sabendo através de outros presos, mas nunca tivemos dúvidas quanto a isso. A dignidade humana é algo fundamental no crescimento da humanidade, e a tortura tanto psicológica como física destrói qualquer ser humano, reduz a força do ser, por mais forte que seja. Tínhamos muita vontade de falar com ele sobre esse assunto doloroso tanto para nós como para ele, mas decidi que mesmo assim conversaria algum dia com Nestor sobre a tortura na prisão. Ele não morreria sem dar esse testemunho para mim. Algum dia eu iria ouvi-lo e isso aconteceu depois.
Nestor sempre foi um forte e sempre trilhou o caminho do bem, sempre defendeu os mais fracos, sempre buscou ser um homem honesto. Sua prisão para nós foi uma afronta, uma agressão. Eu menino ainda não entendia como defender socialistas pudesse ser considerado crime. Um homem que só pregava o bem e que tinha como meta na sua vida a retidão,  a família, e de uma hora para outra ser preso incomunicável, ser torturado e perder o contato com os seus. Isso era inconcebível.
Naqueles momentos sombrios da história do Brasil, passei a entender o surgimento de regimes como o nazista por exemplo. Pessoas que até então tinham vivido ao seu lado, passaram a te considerar inimigos de uma hora para a outra pelo simples fato de o seu pai ser taxado como inimigo público, você passar a ser considerado perigoso. Eles não sabiam na verdade o que era ser comunista, mas a propaganda se incumbia de aterrorizar e transformar em inimigos os seus, até então, pacatos vizinhos. Eu também não entendia o que na verdade era ser comunista quando diziam que Nestor era comunista. Eu achava exagero, desinformação e nunca concordava que Nestor fosse socialista como às vezes ele se autodenominava, e nem que o partido tivesse tanta influência no interior de Minas, como descobri depois.
Ele falava aquilo o dia inteiro, quase á exaustão e era interessante que só ele se sentia incomodado com aquilo. As pessoas não davam a mínima importância a uma coisa que deveria ser tão valorizada. Quando veio o parlamentarismo e com ele a posse de Jango, foi um verdadeiro orgasmo político para Nestor, mas, ele sabia que aquilo teria um preço. Os militares cobrariam um preço alto por aquela concessão e ele dizia que Jango deveria se cuidar e fosse necessário desse logo um golpe de estado e assumisse logo o controle da nação. Ele, Nestor, tinha certeza absoluta de aquilo iria acontecer. Ledo engano, jango tomou posse, mas, não aguentou a pressão dos militares, mesmo com Tancredo Neves como seu primeiro ministro num regime parlamentarista arranjado de última hora. Na verdade, Nestor não tinha muita confiança no Tancredo Neves. Ele achava que Tancredo fazia um pouco o jogo dos militares e depois do comício da Central do Brasil, a coisa ficou insustentável. Se Jango não partisse imediatamente para as faladas reformas de base, seriam os militares que dariam o golpe e foi o que aconteceu.
Quando os militares fizeram a revolução, Nestor a princípio não acreditou e passou a noite de 31 de março de 1964 acordado, chorando copiosamente e nos dias subsequentes não largava o pé do rádio em cima do balcão ou ouvindo as rádios Nacional e Tupi que já estavam censuradas, tentando filtrar alguma coisa. Após os três primeiros dias viu que não adiantava mais e chorou mais ainda. Chorou muito. Quando iniciaram as prisões dos seus companheiros, Conceição pensou que Nestor pudesse dar cabo à sua vida. Ela confessou isso mais tarde. Mas, ele teve que suportar aquilo até o dia da sua prisão que ocorreu em 6 de abril de 1964.


Autor: Jorge Amado Santos Medina, amigo médico em Teófilo Otoni-MG, filho do saudoso Nestor Medina, Ex. ferroviário, Ex. preso político e um dos homens mais inteligentes da história de Teófilo Otoni e Vales do Mucuri, São Mateus e Jequitinhonha. À família, com a qual me identifico nos relatos acima, o meu respeito e admiração em 25/07/2013, Téo Garrocho-Barbacena-MG. Texto da Revista Literária Café com Letras. Revista literária da Academia de Letras de Teófilo Otoni-MG, outubro de 2010, número 8, páginas 33,34,35.

 

quarta-feira, 24 de julho de 2013

APELIDOS ANTIGOS EM TEÓFILO OTONI

Embaixo do meu pé de pitanga aqui em Barbacena, lembrei de muitas pessoas em Teófilo Otoni e algumas tinham apelidos interessantes. Fiz uma pequena lista e acredito que estas pessoas fizeram e fazem parte da história da nossa terra. Nesta lista lembrei de muitos sem distinção de credo, raça, posição social, ideologia política, bom ou ruim, etc. etc. Na verdade, estou tentando mesmo é resgatar os tempos mais antigos de Teófilo Otoni e que as próximas gerações possam saber um pouco mais sobre nosso tão querido povo. Aqui neste simples texto, em nenhum momento tenho ou pretendo ridicularizar ninguém, até porque todos aqueles que me conhecem, sabem que sempre respeitei o ser humano e jamais discriminei alguém. Tudo aqui é apenas um resgate da história e até mesmo uma homenagem a muitos que foram e são meus amigos de sempre.
Pois bem, entre uma pitanga e outra, lembrei do Risadinha, Paulinho veneno, Paulinho catulé, Nego de Lurdes, Dona Chiquinha, Pinto, Toninho bosteiro, Luiz cangueta, Marcão detetive, Geraldo paco paco, Maria cafubira, Maria xarope, Vicente macumbeiro, Sacalú, Arnô do fumo, Chumbeira, João rico, Zé guarda do América, Pé de chumbo, Noca Pechir, Zé cueca, Tim garrucha, Seo Nô do cemitério, Jorge sem bronca, Arnaldo bagana, Marreco, Marrequinho, Manequinho sapateiro, Bode, Chico tatu, Tote Prefeito, Tôco padeiro, Paulão do 7, Chimbica, Guará, Chupa ôvo, Masca fumo, Caçota, Geraldo jegue, Cagabarro, Soinho, Sapinho, Garapa, Carrapatinho, Vermelho, Padeiro, Zé das botas, Perobão, Muquirana, Barracão, Citana, Libório Teacher, Bieca, Carabina, Pedro jacaré, Chupa côco, Lubé, Ferra bode, Édson caveira, Peixe Cobra, Peticó, Chico Botafogo, Getão, Tusa Guedes, Pila, Fedegoso, Cuspido, João milionário, Maria tomba homem, Maria cacetão, Buck Jones, Luiz de Sidônio, Negão Prefeito, Tobuzunta, Girau, Lambreta,  Fumaça, Jorginho maravilha, Picolé, Goiabão, Iô brabo, Biúca, Nilson buteco, Lô bife.
E mais uma pitanga e vem mais lembrança de João de Nô, Zé calango, Caboclinho, Davi boca de mula, Armando piu piu, Chico radiola, Cola alfaiate, Cibalena, Ciciba, Beijoca, Caruê, Alírio da Vencedora, Ari da Futurista, Armando do IBGE, Mário cavaquinho, Batistinha Míglio, Tião galinha, Tião do Simões, Dolinha, Mita, Geraldinho coveiro, Izaias Bonfim "Tribuno negro", Ari queixinho, Toninho da Iara, Silvio do P.T, Nego galo, Fabinho lelé, Dona Dudula de Tim, Dona Pepita, Humberto Lelé do INPS, Ari alfaiate, Antonio cara de gato, Raimundo pé de boi, Seo Bira dentista, Periquito do jogo, nicotina, Gaitan da banca.
Mais uma pitanguinha e olha quem tá chegando, Paulinho pinico, Maria relâmpago, Jairzinho do cemitério, Domingos confusão, Maria rabo de galo, Zé barbeiro, Joaquim cabeludo, Honorinho do mercado, Zezé confusão, Chico da cocada, Tira leite, Manja rola, Tião laranjeira, Zé pela, Amaro doido, Boca de fogo, Colares da União Estudantil, Antonio coice de mula, Joaquim camisão, Chico beibidol, João moleque, Bigodeira, Walmir mão, Bili, Bulé Pacheco, Walter Galeão, Baixinho do cemitério, Ciê, Nego Deba, Balim do Cine Palácio, Oséias da rádio, Pantera, Mauricio liga o rádio, Tó alemão, Waldemar dentista, Pisquila, Chiquito Correia, Chico Dupim, Lorão de Vicentão, Jorjão Guedes.
E, hoje para encerrar, aparece o Parafuso, Salomão dentista, Glair do mercado, Vavá açougueiro, Guegué do posto, Ti Miro, Dona Zilda do SESC, Aloísio Lula, Coqueiro, Fel do cine Império(Poeira), Heraldo fiscal, Tenente Fiscal, Afrânio alfaiate, Borges alfaiate, Seo Arruda, Zé Gaguinho, Morais alfaiate, Túlio barbeiro, Elvira da Prefeitura, Anésia do Cartório, Solange da Prefeitura, Seo Biba Barreiros, China da Ótica Rocha, Petrônio de Jupiro, Pedro fotógrafo, Totó padeiro, Ábner do Foto Dutra, Juquinha de Dr. Glicério, Professor do INPS e...mais tarde eu volto para registrar outros mais que fizeram e fazem história na cidade do amor fraterno que é Teófilo Otoni, antiga Filadélfia. Muito bonito este Filadélfia pensado pelo senador liberal.


Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Este texto é dedicado ao meu saudoso tio Sílvio Rodrigues de Oliveira (Tussa) que tinha uma "memória de ouro". Barbacena, em 24/07/2013.

sábado, 20 de julho de 2013

UNIVERSIDADE PARA GIRASSOL NO VALE DO JEQUITINHONHA

Girassol como era chamada pela maioria do povo, era uma pequena vila de uma rua só e pouco mais de vinte pequenas e humildes casinhas construídas ao estilo pau a pique ou casa de enchimento com barro batido em estacas de bambu. Além das pequenas casinhas, Girassol possuía uma pequena igrejinha de fé situada ao lado de uma pequena pracinha com três solitários bancos de toras de lenha e ao centro um pé de manga espada, fruta muito comum e abundante naquela região.
Mais ao alto, existia um prédio maior construído com tijolos crús chamado de "adobe" e com quatro pequenas salas. Naquele humilde prédio funcionava a única escola do lugar que era mantida pelos poderes públicos. Ali, ainda tinha professora que vinha "no lombo do cavalo" para exercer a nobre missão do ensino e menino tinha muito. Na falta de energia elétrica, televisão e controle de natalidade, as mulheres do lugar eram "boas parideiras", segundo Dona Côca, parteira, conselheira e benzedeira para todo tipo de "muléstia" das pessoas do lugarejo.
Girassol em tempos passados teve movimento maior quando por ali passava um trem de ferro que era conhecido por Bahia-Minas. Muitos moradores, na parada do trem, vendiam saquinhos de manga, biscoito de goma, broa de milho, beiju, "pela de porco", galinha caipira e pinga da roça. Uma certa época o trem foi embora e nunca mais voltou. Meu amigo de juventude, Jaime Gomes, disse-me certa vez que "foi um trem que passou na sua vida" e humildemente acrescento: "nas nossas vidas".
Os meninos de Girassol tinham costume de comer com as mãos. Alguns faziam bolinhos de arroz com feijão que eram chamados de "capitão". Quando eu era menino em Teófilo Otoni, eu também comia muito "capitão" misturado com torresmo de porco. Minha saudosa avó Verônica dizia que "capitão com torresmo" dava muito sustança. Será?
Assim como Girassol, muitos povoados e Vilas praticamente acabaram depois que o trem foi embora e nunca mais voltou. Tem gente que até hoje imagina o apito do trem em seus sonhos ou alucinações tipo a de Nego Tilico que quando toma muita pinga, fica parado próximo á antiga estação e canta aquela música de Raul Seixas: " Oi, oia o trem. Vem chegando por trás das montanhas. Oi, oia o trem..."
Em Girassol, o padre vem de mês em mês montado a cavalo e trás dois jumentos com bolsas de couro vazias. Segundo o Santinho, filiado a um partido comunista e filho de dona dasdô, o padre voltava com aquelas sacolas tão cheias de presentes que os jumentos nem aguentavam o peso até Araçuaí. Padre Coquinho ganhava de tudo a exemplo de abóboras, mandioca, corante urucum, goma da região dos Porfiro, rapadura da região de Ribeirão das Almas, linguiça defumada, choriço, doce de mamão ( tipo tijolo), pimenta malagueta, queijo, requeijão, carne seca(jabá), pinga pura e pinga com raiz. Segundo Santinho de Dasdô, o padre em retribuição abençoava a todos com respingos de água benta e deixava escapulários com santinhos de Nossa Senhora de Aparecida e menino Jesus de Praga. Só, só...resmungava Santinho.
Padre Coquinho, experiente em gente do olho grande e comunista fuxiqueiro, fazia questão de passar perto de Santinho de Dasdô, antes de partir. Segundo Santinho, o padre "passava um rabo de ôlho" tão penetrante como "uma facada no seu coração" e ainda murmurava baixinho no seu "pé do ouvido": "Vá catar coquinho seu catarrento fuxiqueiro". Sim, catarrento. Era assim que eram chamados muitos meninos de Girassol que em grande número tinham a barriga grande e pelo nariz escorriam dois filetes de um catarro meio amarelado.
Seo Juquinha, homem vivido e mais um bocadinho letrado do lugar sempre dizia que aqueles meninos estavam assim devido á falta de "Dotô" para curar a tal da "Shistose". Todos concordavam com seu Juquinha que orgulhosamente ostentava em sua sala um quadro emoldurado do antigo curso ginasial feito por correspondência num conhecido instituto.
Quando terminavam as aulas na humilde escola, ainda que tão distantes do progresso e de uma vida melhor, os meninos desciam o morro na maior alegria. Nem sol, nem frio, nem esquecimento por parte dos poderes públicos faziam com que aqueles sorrisos e encantos da infância humilde no Vale do Jequitinhonha fossem abalados pela esperança em dias melhores. Quem sabe um dia, Girassol e muitas cidades dos Vales do Mucuri e Jequitinhonha não terão Universidades construídas tão rápidas como os campos de futebol para a copa do mundo? Afinal, Seo Juquinha tinha razão: "Num tá fartando jogadô de futibol, tá fartando é Dotô".


Autor:Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado á minha amiga Professora Vera Sena, ex. Secretária de Educação de Araçuaí-MG. Em 20/07/2013, Barbacena-MG.

sábado, 13 de julho de 2013

VEREADOR HONESTO EM TEÓFILO OTONI

Eu não sabia a denominação e de que material era feito aquelas urnas funerárias imensas, lustrosas, com um tipo de colchonete e toda enfeitada de rendas brancas em suas laterais. Foi quando há uns vinte anos atrás ou mais, trabalhei no cemitério municipal de Teófilo Otoni. Com o conhecimento adquirido na "profissão temporária", descobri que aquelas urnas eram caríssimas e eram chamadas pelos coveiros de "boca de leão". Talvez devido ao tamanho ou tamanho do bolso de quem preferiu ou teve condições de pagar. Cada um tem seu gosto e precisamos respeitar o sonho de consumo das pessoas, principalmente em países que mede a grandeza da pessoa pelo que veste, pelo carro luxuoso, pela casa de moradia, pela conta bancária, pelo clube que frequenta e finalmente pelo caixão mortuário que na certa será muito apreciado no velório.
Meu amigo Ângelo dos Prazeres, o Anjinho da saudosa dona Fiota que morava na favela do Cataquiabo em Teófilo Otoni era mesmo um questionador quando encontrávamos ali pela subida do morro do cemitério no barzinho do senhor Mané vaqueiro. Entre uma cachacinha boa e outra, eu falava com ele sobre as coisas caras compradas por pessoas da alta sociedade ou ricas materialmente. Anjinho, como era chamado, falava para mim: " Olha aqui Téo, tudo que eles compram não é para seu bico e nem para o meu. Vê se entende a realidade meu amigo e para de pensar. Senão você vai ficar doido. Aqui na terra, Téo, os homens só são iguais na horizontal, ou seja, quando morrem". Verdade ou não, tem fundamento a reflexão do filósofo Anjinho.
Nunca me esqueço que após mais uma rodada de cachaça da boa e alguns torresmos, eu abria a boca para comentar sobre apartamentos luxuosos, fazendas com milhares de cabeça de gado, passeios em "maiame", férias na Flórida, contatos bancários na Suíça e o amigo Anjinho entrava na conversa para dizer que " não era para meu bico" e "vamos pagar a conta porque seu bico já está ficando torto de tanto tomar pinga". E assim voltávamos para casa. E, eu ainda tinha que escutar o Anjinho com aquele bafo de onça dizer bem perto do meu ouvido: "Acostuma meu filho com seu feijãozinho com arroz, um angu com quiabo e uns pedacinhos de carne seca (Jabá)".
Pois bem, estou relembrando tudo isto para retratar mais ou menos a vida de milhares de brasileiros há uns anos atrás. Um feijãozinho com arroz e mal mal uma naquinha de carne seca. O brasileiro andava angustiado, irritado, alma ferida. Lembro até que tinha um tal partido político que ia para as ruas, manifestava junto com o povo a insatisfação geral e etc. etc. O tempo passou, aquele partido se tornou governo e confesso que tanto eu, como anjnho e o povo, até melhoramos um pouco nossas vidas. Um puchadinho aqui, outro acolá, um piso florido na casa, um iogurte para os catarrentos, um celular de 80 contos, uma roupinha da 25 de março para a patroa, uma TV melhorzinha para assistir o Gugu e o Silvio Santos, um terninho simples com gravata da China e por ai vai.
Mas, ultimamente tenho notado o povo meio carrancudo. Há muitos anos não vejo meu amigo Anjinho e fui conversar com meu amigo Sabará para saber o motivo de tanta irritação do povo. Sabará, beirando já os sessenta anos, em sua sabedoria diz que "o povo tá assim porque ele quer mais qualidade de vida, mais saúde, hospital, médico, estradas federais melhores, menos corrupção, transporte coletivo mais barato e melhor, melhor atendimento no oferecimento de serviços como bancos privados, telefonia melhor, fim do fator previdenciário ( aquele partido, lembra? era contra e agora...), altos salários dos políticos, cadeia para corruptos e bandidos da política, polícia sem ranço da ditadura, mais educação, melhores salários para professores, polícia, servidores públicos, menos gastos com mídia, menos cargos comissionados( Uma vergonha o cabide de empregos e apadrinhamentos políticos), mais segurança, menos impostos ( ou então fazer alguma coisa com tanto imposto cobrado), gasolina mais em conta, energia elétrica mais em conta. Afinal, diz-me Sabará, " O que a gente faz com apenas 678 reais de salário? Tá ficando igual antigamente e a mulher e aquele partido, aliás, "a vaca tá indo pro brejo e só falta um ano". Sabará, meu amigo, está certo. É a voz do povo.
Aqui para nós, eu e acredito que você também nunca visitou Brasília, Eu, pessoalmente, enquanto reinar ali em sua maioria aquela cambada de políticos corruptos, prefiro ficar aqui embaixo do meu pé de pitangas. Aquele lugar, Brasília, foi infestado desde a sua fundação, com raríssimas exceções, por uma corja de corruptos, ditadores, torturadores e mentirosos que vivem ás custas do suor do trabalhador brasileiro. E, não é só eu que falo, é uma multidão de brasileiros que não vê a hora de "derrubar a bastilha brasileira". A francesa caiu devido ao aumento do pãozinho. Sim, do pãozinho!!!
Para minha alegria, acabo de receber telefonema do amigo Anjinho. Para minha surpresa, ele mudou de Teófilo Otoni e está morando em Brasília. Diz que montou uma pequena fábrica de urnas funerárias por aquelas bandas e "perto do congresso". Segundo ele, serão fabricadas urnas para "o bico dos políticos". As urnas serão denominadas de "boca de jacaré" e confeccionadas em madeira forte tipo peroba e jacarandá.
Perguntar não ofende e questionei ao amigo Anjinho sobre gastar madeira tão boa para enterrar defunto corrupto e Anjinho com sua sabedoria ímpar diz: "Olha Téo, caiu naquela urna não volta mais. Nem cupim abre o lacre ou "come" a madeira. Assim, o caboclo não volta mesmo e o povo brasileiro agradece".
Realmente. Meu amigo Anjinho tem razão. É preciso urgente que acabemos de vez com este bando de vândalos ( não é assim que chamam quem quebra o patrimônio?) acampados em sua maioria no cenário político brasileiro a nível municipal, estadual e federal. Tudo indica com certeza que o povo está mesmo se organizando. Como dizia Leonardo Boff : "Sonho que se sonha só é ilusão. Sonho que se sonha junto é realidade". É verdade!!!


Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado ao meu bom e humilde amigo de juventude, Vereador Rômulo Barreiros, um exemplo de honestidade e transparência em Teófilo Otoni-MG, em 13/07/2013, Barbacena-MG.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

CAMPOS DE FUTEBOL ANTIGOS EM TEÓFILO OTONI

Na minha juventude tive uma participação muito ativa em organizar times de futebol varzeano na minha terra natal Teófilo Otoni. Desde garoto eu já criava vários times de garotos no meu bairro que era conhecido por Vila Verônica ou Grota da Dona Verônica, por sinal, minha saudosa avó.
Foram muitos times que formei ou de alguma forma ajudei para dar alegria a muito menino pobre que era maioria na região onde nasci e não tinham outra forma de lazer em Teófilo Otoni. Sendo assim, criei o Estrelinha, Cruzeirinho, Desportiva, Democrata, Portuguesa, Crucutu, Portuguesa, Internacional e muitos outros.
Ainda hoje e com mais intensidade, sinto saudade de quando aos domingos, acordávamos bem cedinho para nossos encontros esportivos na Vila Verônica. Penso até que tudo começou quando escrevi a um jornalista de nome Hélio Fraga do jornal Estado de Minas e solicitei a doação de um jogo de camisas do Cruzeiro de Belo Horizonte. E, ganhamos. Assim, junto com Carlos Francisco de Moura (Pio), Marcos Fróes, Lorão de dona Salvina, Valdete, Zé Mário, Lô da Copasa, Vital, Juarez Gil, Fabinho Lelé e muitos outros, fundamos o famoso Cruzeirinho da Vila Verônica que proporcionou muitas alegrias aos moradores daquela região.
Voltando ao título do texto, gostaria de lembrar dos vários campos de futebol varzeano que existiram em Teófilo Otoni. Campos aqueles que fizeram a alegria de muita gente. Penso até que a violência e o distanciamento dos seres humanos em Teófilo Otoni aumentou muito quando foram acabando com aqueles espaços esportivos e não houve por parte dos poderes públicos, alternativas para os jovens. Assim, cresceu o número de drogados, alcoólatras, prostituição, etc.
Para as novas gerações e historiadores, quero começar lembrando do antigo campinho do Zé Ramiro que ficava nos fundos da igrejinha nossa senhora dos pobres e que mais tarde se tornou campo varzeano da igrejinha, onde foram disputados muitos campeonatos sob o comando de vários amigos meus a exemplo de Armando Silvestre, kamel Kumaira, Jorge Guedes, Ildemar carabina, Antonio Conceição Mário cavaquinho e muitos outros abnegados do esporte.
Na Vila Barreiros tinha o famoso campo do aguerrido São Benedito onde foram também disputados muitos campeonatos e recebeu àquela época até mesmo o América de Teófilo Otoni que tinha grandes jogadores a exemplo de Caruê, Toninho Almeida, Lourinho, Arnaldo Pinto Gomes ( o bagana), Gaitan, Baianinho, Alema, Danda, Gonzaga goleiro, Ivan, Aloísio, Cadinho. No São Benedito tinha craques a exemplo de Humberto Barbosa (Lelé), Carabina, Bigodinho, Zé Hilton Barreiros, Chico Radiola, Nicotina, Ló, Mita, Reinaldinho Barreiros, Tonhão e muitos outros. Ali, no campo do São Benedito aos domingos, ficava até difícil achar um lugar para assistir jogos e subíamos para os morros em volta. Era uma festa mesmo e tudo de graça.
Na Turma 37 existia, não sei se ainda existe, um bom campo de futebol todo gramado e muito futebol aos domingos. Levei times e joguei em muitos times naquele campo e onde tínhamos a alegria de andar um pouco á frente para tomar banho no Rio Potonzinho. Ainda ali pelos lados da Vila Barreiros, existia o famoso campo do Carecão com muitos campeonatos. O campo da Vilinha próximo á casa do conhecido sargento Altamiro Leite que foi um bom técnico do São Benedito. Ali pelos lados do Jardim São Paulo teve um campinho organizado pelo senhor Adão Baldaia e hoje onde se situa a Universidade Federal, existiu o campo chamado de estádio Peroba Gazinelli.
No Bairro Marajoara, no final da antiga rua do arrasta couro, existia um campinho de futebol. Penso que é hoje onde se situa o novo fórum de justiça de Teófilo Otoni. Também por ali, próximo ao antigo curral das éguas, teve um campinho de peladas onde brinquei muito com os meus primos filhos do tio Amadeu Onofre, os amigos filhos do senhor Nestor Medina, os filhos do senhor Vavá açougueiro, Castorino, Citana, Waltinho, Olavinho, Jaime Gomes e sus irmãos, os amigos da família Melgaço e muitos outros.
Próximo ao Tiro de Guerra, existiu também um campo onde o Eduardo Pechir organizava muitos jogos e lá pela bandas do bairro Palmeiras existiu próximo ao antigo pontilhão da Bahia-Minas, um campo de peladas onde vi um dos melhores jogadores de futebol atuar que era o Dizinho, além dos jovens da família Farina, da Família do ferroviário Eloy Martins e muitos outros filhos de ferroviários que moravam naquela região próximo á estação de trens.
No morro do Eucalipto, teve o conhecido e badalado campo do Pela Jegue e na entrada da fazenda do senhor Geraldo Porto, também teve um bom campinho de futebol. Dizem até que quando o Deputado Aécio Cunha ficava na fazenda do Geraldo Porto, o seu filho Aécio Neves(Ex. Governador de Minas Gerais) brincava de futebol naquele campo. Ainda no Bairro Manoel Pimenta (antigo Veneta) teve dois campos que fizeram história: O campo da vaquejada na Rua João Lopes da Silva onde tive muito contato com meus saudosos amigos Peticó e Aloísio Lula e li pelas bandas da entrada do Veneta, ficava o conhecido Campo do Alípio na Rua Alípio Rodrigues onde joguei muita pelada com Professor Isaias Lemos, Hilton Lemos, Artur Guedes(Tusa), Leza, Pedro Terra, Eduardo Fagundes (Engenheiro) e seu irmão, Getão e irmãos, Pedro cachaça, Zé Brandão, Pretinho e muitos outros.
No bairro do Castro Pires existiu um campo onde meu amigo Zé Caroço organizava muitos torneios aos domingos com "casa cheia". No final da Bela Vista existiu o campo do D.E.R todo gramado. No Bairro de Fátima, ao lado da igreja, existiu um campo onde foram disputados muitos campeonatos e inclusive joguei ali atuando pelo time do meu amigo Zé Caroço. Também lá no Viriato, próximo ao I.B.C e a uma antiga serraria, tinha um campo de futebol. Na Vila Ramos, bem no alto, existiu um campo onde jogava um bom time varzeano de nome Juventus. Certa vez fomos jogar ali e tivemos que sair correndo da fúria da torcida. Corri tanto que perdi minha chuteira.
Outro campo que não esqueço foi o da Jaqueira onde para jogar, tínhamos que viajar na carroceria de velhos caminhões e numa algazarra que só vendo. Ainda me lembro também que teve o campo do Albergue Frei Dimas, o Marapampulha, campo da Alegria(Subaco Fedendo). Assim, sei que existiram muitos outros que não me lembro no momento. Os que vieram á minha lembrança, posso afirmar com certeza que jamais vou esquecer. Tive o prazer e a alegria de jogar com meus companheiros de infância e juventude em Teófilo Otoni.
Festa mesmo era na Vila Verônica, onde ás 7 horas da manhã, eu e meu amigo Marcio Braga (Maço do rabicho) acordávamos o povo soltando foguetes(rojão) avisando que ia ter futebol. O povo entendia e após a missa dominical na igrejinha nossa senhora dos pobres, o povo descia para assistir nossos jogos de futebol. Era na verdade um tempo sem violência, sem drogas. Um tempo em que a fraternidade existia sem máscaras. " A gente era feliz e não sabia". Ou sabia???


Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Este humilde texto é dedicado a um ícone da cultura na região de Teófilo Otoni e Vales do Mucuri, Jequitinhonha e São mateus. Meu bom amigo Professor e historiador Marcio Achtschin ( Uma simplicidade em pessoa e uma grandeza de alma). Em 12/07/2013, Barbacena-MG.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

AGENTE DA CIA ( E.U.A. ) PEDE ASILO EM TEÓFILO OTONI

Timotinho, antigo companheiro de desvio de conduta, visitou-me na noite anterior. Timotinho diz que melhorou e aquelas doideiras são coisas de um passado que prefere não lembrar. Segundo ele, a única coisa que não deixou de praticar é "cuspir para o alto e aparar o cuspe de volta com a boca". É como acertar uma cesta no baskete, diz ele esboçando um sorriso na boca sem dentes.
Para quem conheceu Timotinho andando ali pelas ruas de Teófilo Otoni, este negócio meio estranho de aparar cuspe com a boca é fichinha perto das vezes em que ele surtava tirando roupa e ficando completamente pelado. A preocupação da sociedade, principalmente das beatas que desciam da missa pelo morro da matriz, não era a bunda murcha de Timotinho e sim a taca ou as vergonhas, termos usados pelas beatas e o saudoso padre Zoel. A "taca" era tão grande que assustava até o jegue do saudoso Manezinho carroceiro que morava ali pelas bandas da grota de Dona Verônica.
Entre uma lembrança daqui e outra dali, lembramos de um velho amigo nosso que também em Teófilo Otoni na década de 70, costumava andar pelas ruas da cidade com uma caixinha antenada no ouvido. Segundo aquele nosso amigo, ele conversava com seres de outros planetas. Àquela época o povo dizia que ele havia endoidado e na certa iriam trazê-lo para tratamento em Barbacena.
Assim, eu e Timotinho ficamos a matutar se aquele povo, a maioria já deve ter morrido, voltassem aos dias  de hoje e vissem milhares de pessoas falando aos celulares, eles não acreditariam. Então, eu e Timotinho chegamos á conclusão que aquele nosso amigo não era tão doido como julgavam. Era apenas um ser mais evoluído da espécie humana que, infelizmente, são discriminados pelas suas idéias irreverentes ou convicções.
Timotinho pergunta se estou vendo televisão ou entrando na internet. Respondo que tenho andado meio desconfiado depois das noticias de que o império do Tio Sam anda vasculhando "pessoas de seu interesse" e este interesse me preocupa tendo em vista que certa vez um general do exército lá no Rio de Janeiro disse para mim que meu pai Tim Garrocho (Ex. preso político) "era fichado na CIA".
Para minha surpresa, Timotinho, que eu pensava ter melhorado das suas doideiras, chega até ao pé do meu ouvido e como um caboclo sorrateiro do Vale do Mucuri, diz: "Olha Téo, aquele agente da CIA que os Estados Unidos estão procurando sou eu". Meu Deus, penso, será que Timotinho surtou de novo? Como pode um agente da CIA na minha frente e em carne e osso?
Timotinho desabafa e solta os cachorros. Diz que na Rússia não fica. Segundo ele o frio lá é "brabo". Só mesmo o Putin e seus camaradas elitizados para aguentar e mesmo assim tomando muita vodca. No Equador, o presidente tá querendo para despistar dando-lhe um emprego de roupeiro ou massagista no famoso time da LDU. Na Venezuela, diz Timotinho, só se o Chavez voltasse para juntos mandar um par de bananas para Obama e seu império.
Resta a Bolívia do companheiro indígena Evo, onde Timotinho acredita ser seu destino. "Assim Téo, fica mais fácil visitar você aqui em Teófilo Otoni. Posso pegar o trem em Santa Cruz de La Sierra e ...demora um pouco, mas chego. Caso não dê, pego carona em algum avião da FAB. Nem bem abri a boca para questionar a carona em avião do governo e Timotinho retrucou: "Se o Renan, Henrique e Cabral podem, porque eu também não posso?". Afinal, o avião não é comprado com dinheiro do povo? Porque só eles tem passe livre?
Pois bem, estou num beco sem saída. Como não gosto e nunca gostei de delatores, vou dar "asilo provisório" a Timotinho, agente da CIA," aqui em Teófilo Otoni na minha modesta moradia e já vou avisando: Timotinho fica. Tô pouco me lixando para os Estados Unidos. Quero mais, junto com Timotinho, aparar cuspe ao alto. Bem melhor e mais divertido que aturar este tal de Obama e seu império de prepotência. E tem muito babaôvo por ai que tem a cara de pau de dizer que ali é a maior democracia do mundo. Me engana que eu gosto!
Ah! antes que eu esqueça e quem avisa amigo é: O agente da CIA, Timotinho, diz que vai vigiar todos os políticos de Teófilo Otoni, inclusive aquele, aquele, aquele (Três vezes?). É isso ai, Welcome Timotinho!!!

Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado ao meu amigo Geraldo Silva, militante político e funcionário da CEMIG em Araçuaí-MG, em 10/06/2013- Barbacena-MG.




quarta-feira, 3 de julho de 2013

TRANSPORTE COLETIVO RUIM NO BRASIL

O ônibus é antigo. Nota-se que não são limpos como deveriam ser. O motorista parece nervoso e o trocador confuso. Milhões de brasileiros, como eu, precisam do transporte coletivo e o serviço é péssimo  de má qualidade. Há muita propaganda na mídia para que você obtenha um carro, mas, nenhuma sobre melhorias no transporte público. O metrô brasileiro é horrível e assim como no transporte em ônibus, é como se fôssemos sardinhas em lata. É preciso dizer isto ao mundo para que as pessoas de outros países não pensem que aqui no Brasil tudo é um paraíso. Pelo contrário, os problemas aqui são imensos, degradantes para a construção de uma cidadania plena. A maioria que assistiu a copa das confederações e o mundo precisa saber disto, foi gente de uma qualidade de vida melhor. (  Tipo, vamos dizer assim, povo que não dá trabalho quando bebe muita cerveja. Me engana que eu gosto senhores empresários e governo). O povão mesmo ficou nas ruas tomando uma cachacinha, vendo pelos telões e protestando contra a falta de recursos na saúde, contra uma polícia com ranço ainda da ditadura ( tem gente morrendo de saudade da redentora), protestos contra os políticos corruptos que são maioria no Brasil e por ai vai. Se a presidenta Dilma, que já está em queda nas pesquisas não tomar providências nos rumos do seu governo em favor do povo na sua essência, podem ter certeza que "a vaca vai pro brejo" como dizia meu velho e bondoso avô Ioiô garrocho.
Todos os dias preciso do ônibus. Ao meu lado senta uma senhora muito gorda. Tento fechar as pernas para dar mais espaço a ela e parece não ter adiantado. Ela me espreme no canto da janela e sinto-me acuado. A mulher puxa conversa e diz que "ser gorda não é fácil". Ela confessa que sofre muito pela obesidade e abre mais as pernas me empurrando mais para o canto. Confesso a ela que estou espremido e não sei como vou descer no próximo ponto. Ela parece não ouvir e penso comigo que aquela mulher além de gorda deve ser também surda.
Andar de ônibus coletivo no Brasil não é fácil. Parece que uma amiga minha metida a granfina tem razão quando diz que ônibus coletivo no Brasil é parecido com um caminhão que transporta galinhas ao abatedouro. É duro, mas tenho que concordar com a perua. Viajar no transporte público é mesmo como ir ao abatedouro sem dó e piedade.
Acho interessante como se portam as pessoas nos ônibus. A maioria fica em silêncio observando pela janela  os prédios, o movimento dos pedestres transitando nas ruas, um vira lata que passa, etc, etc. Outros, entram conversando e não param. reclamam do preço da passagem, do motorista, do trocador, das ruas repletas de buracos, do governo, do prefeito, dos vereadores. Reclamam, reclamam e a viagem segue...
Enquanto isso, a tal mulher gorda cochila e dorme. Penso que na certa deverá descer no ponto final e eu com fico? Estou ali espremido no canto da janela como um frango à espera da degola. Para completar, passa um e diz: " Coitada da sua mulher, de tão cansada dormiu!".
Meu ponto de descida se aproxima e não tenho escapatória. Cutuco a gorda sonolenta e ela diz que sente cócegas se cutucada. Com muito esforço devido á minha fragilidade física, consigo retirar aquelas pernas pesadas tipo mocotó de boi de cima dos meus joelho. Enfim, levanto aliviado. Livre, meu Deus, livre!!!
Amanhã será um novo dia e com certeza vou voltar. Assim, como milhões de brasileiros, preciso do transporte coletivo. É bem provável que encontre outra mulher ou homem bem gordo. Mas, se eu encontrar aquela, aquela, aquela de novo e ela venha sentar ao meu lado, deixarei o lugar vago para o sujeito que reclama de tudo e todos. Na certa ele vai ter mais um bom motivo para reclamar no Brasil. Pena que ele não vai desconfiar que a tal mulher além de gorda é surda. Ou vai??? É o Brasil para todos!!!


Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado ao meu amigo José Maria Figueiredo, Motorista e proprietário de ônibus no Distrito de Engenheiro Schnoor, Município de Araçuaí-MG, em 03/07/2013, Barbacena-MG.


terça-feira, 2 de julho de 2013

PETELECO, UM MILITANTE TRISTE EM TEÓFILO OTONI

Peteleco, bom amigo e companheiro de militância política, escreve a este mancebo em seu auto exílio político e social. Peteleco enviou-me carta registrada com A.R lambuzada de cola pelas abas. Penso que Peteleco ainda sofre com uma tal mania de perseguição. Mania esta que já observei ser muito comum em ex. militantes do passado que lutaram contra a repressão, ou seja, a ditadura militar no Brasil. A questão científica ou psicológica deixo para os entendidos em psicologia que provavelmente haverão de concordar com este velho mancebo.
Na carta ou missiva, Peteleco diz "que mandou registada e com A.R para ter certeza que recebi e estou vivo". Segundo ele, "já correu boato que morri lá pelas bandas do Araguaia em confronto com tropas do exército ou que no mínimo morri louco internado nos manicômios da pacata Barbacena dos Bias e Andradas". Pelo jeito dos boatos, é bem provável que eu também tenha colocado fogo em Brasília, aliás, em Roma. Ô língua meu Deus!!!
Peteleco milita há vários anos na região dos Vales do Mucuri e Jequitinhonha. Vaidoso, ele se considera um militante de bastidores ou militante de "surdina", segundo ele. Uma espécie de come quieto ao estilo mineiro  parecido com um tal companheiro Zezão que conheceu e conhece das longas reuniões do seu partido . Concordo plenamente com Peteleco, pois conheci um outro militante que até levava pão com mortadela para passar o dia todo escutando aquele blá blá blá que todo mundo já sabia de cor. Interessante que as decisões sempre eram tomadas pela mesa diretora, aliás "os mesmos de sempre", ou, "de cima para baixo", isto sem falar nas boletas que tinham que ser pagas. Com raríssimas exceções, "um bando de pavão e muita vaidade".
Um amigo meu que já beira os setenta anos, tipo Caetano, diz sempre que "Deus não dá asa a cobra" e com Zezão, o amigo de Peteleco, não foi diferente. Peteleco conta para mim na carta: "Olha Téo, cê acredita que Zezão chegou ao ponto de sonhar em sentar naquela primeira cadeira do palácio?", mas ai, segundo Peteleco, "ele quebrou o telhado de vidro e com licença da palavra, "cagou no prato que comeu".
Peteleco ainda mora em Teófilo Otoni. Na carta ele diz que "anda meio triste e cabisbaixo". Os rumos da política local mudaram e segundo ele, "a gente não se dá muito com o atual prefeito". É bem provável que esteja acontecendo o que Peteleco sente. Conheci um cidadão numa outra cidade por aquelas bandas que dizia detestar o partido de Peteleco que já dominava o controle municipal da política local. Ele sempre me dizia que " um dia nós vamos varrer estas pragas que infestaram as repartições e gabinetes da prefeitura municipal, principalmente as pragas que vieram de fora mamar nas tetas do erário público". O sujeito tinha raiva até do padre que apoiava o partido de Peteleco e seus companheiros. Cruz credo, cruz credo!!!
Aqui no meu auto exílio político e social, costumo ficar embaixo (em cima do muro, nunca) do meu pé de pitanga para fazer reflexão sobre o "caminhar da vida". Ouço o cantar de muitos passarinhos como Tico-Tico, canarinho da terra, coleirinha e sabiá laranjeira. É um cantar mais suave que nunca vai se igualar ao cantar de um certo político daquelas bandas do nordeste mineiro cheio de mágoas na alma e de um ego tão vaidoso ao ponto de dar inveja a Narciso da mitologia grega.. Assim, pensando bem, vou responder a carta do companheiro peteleco. Sem muito delonga vou direto ao assunto. A exemplo do meu amigo mangabeira, "meu negócio é na lata". Olha Peteleco, arruma a casa, manda "as pragas" pros quintos do inferno ou cidades próximas de onde nunca deveriam ter saído, valoriza os aguerridos companheiros da terra e toma benção e conselhos do velho padre que ainda acredita em vocês. Quem sabe assim, você aprende a fazer política. Quem avisa amigo é...
E agora, se me dá licença, vou saborear minhas pitangas e tomar um vinho ao som do cantar livre da minha sabiá laranjeira. Saudações companheiro Peteleco!!!



Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado ao meu bom amigo e velho companheiro de militância política, Dr. Eustáquio Azevedo Rocha (Tute), um brilhante advogado de Araçuai-MG, em 02/07/2013, Barbacena-MG.