Em todas as cidades do interior e até mesmo em capitais brasileiras é comum em época de eleições depararmos com propagandas de vários tipos de candidatos. Alguns muito sérios com vastos bigodes, outros sorridentes e mais outros com aquela "cara de sofrido" parecendo implorar o nosso voto. Há santinhos, como são conhecidos as minúsculas propagandas, para todo tipo de gosto. É bem provável que existam colecionadores daqueles retratos que me faz lembrar dos antigos álbuns de figurinhas vendidos há décadas atrás. Há gosto para tudo e temos doido para tudo neste imenso Brasil.
Falando em santinhos de políticos, relembrei de alguns apelidos políticos de arrepiar pelo de cachorro doido. Aqui em Barbacena tivemos dois candidatos á Câmara Municipal com apelidos interessantes que me chamaram a atenção, ou seja, "Pescoço" e "Maria Marimbondo". Fico imaginando uma sessão da Câmara onde o Senhor "Pescoço" e a Senhora "Maria Marimbondo" pedem um aparte ao presidente da mesma. Acredito que seriam ferrenhos defensores do povo irreverente da folclórica Barbacena.
Com ajuda do meu amigo Timotinho, aquele que quando surta, acredita ser um agente da C.I.A, elaboramos uma lista de apelidos de candidatos a vereador e encontramos "preciosidades" de fazer inveja a muitos cartórios do passado e raras como o Senhor "Pescoço" e Senhora "Maria Marimbondo". Meu amigo Timotinho, sorrindo sem dentes na boca, entrega a este velho mancebo uma lista onde começa com " Leite da Vaca Branca", Lauríssio "Liga o Rádio", "Cabrinha". Outros colocam até mesmo a instituição onde trabalham ou trabalharam, "Pedro Soldado", " Jenan detetive", Bornelas do Hospital", "João da Santa Casa", "Tião do Sindicato", " Manezinho das Tesouras", " Canjinho do Curuto", " Piter do Caminhão", "Oswaldinho da Ambulância", " John da Semente" e por ai vai...
Quando eu era jovem em Teófilo Otoni, conheci vários candidatos com apelidos muito interessantes e três deles chamavam a minha atenção. O slogan de um era "Não seja ruim, vote no Caboclim". Não preciso falar mais nada. Os outros eram Zé Cueca e Arnô do Fumo. O apelido do senhor Zé Cueca eu não sabia decifrar, mas o de Arnô era porque ele vendia fumo de rolo numa banquinha dentro do Mercado Municipal de Teófilo Otoni. Sei que os dois foram vitoriosos e se tornaram representantes do povo da cidade do amor fraterno em décadas passadas.
Lembro que em algumas concentrações políticas chamadas de comícios, havia uma turma de loucos no bom sentido que marchava e cantava mais ou menos assim: "Passou, passou, passou um avião e nele estava escrito que Arnô do Fumo é campeão". Ainda bem que foi no passado aquela marcha. Caso fosse nos tempos atuais, o folclórico Arnô do Fumo poderia ser confundido com apologia ao famoso cigarrinho do capeta e até ele explicar para as autoridades que "Fucinho de porco não é tomada", já tinha tomado muito fumo no cangote.
Pensando bem, tanto Arnô do Fumo, Seo Zé Cueca, Pescoço, Maria Marimbondo, Cabrinha, Canjinho do Curuto, Piter do Caminhão ou Manezinho das Tesouras são verdadeiros operários da construção de uma pátria livre. São na verdade agentes que constroem a democracia brasileira que mesmo capengando aqui e acolá vai se fortalecendo com a participação popular. Afinal, a democracia vem do povo, pelo povo e para o povo.
Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado ao meu humilde, inteligente e bom amigo Francisco Melo, o popular "Chico da Cocada" em Teófilo Otoni-MG. Texto escrito em 31/10/2013, Barbacena-MG.