Hoje em dia nós temos mulher melão, mulher jaca, mulher melancia, mulher manga e muitas outras. Parece, infelizmente, que a mulher virou objeto com tantos adjetivos que nada tem a ver com a grandiosidade das mulheres.
Falando em mulher, lembrei de um caso que escutei ali pelas bandas do Vale do Mucuri na cidade de Teófilo Otoni. Caso verídico e contado por uma professora protagonista de toda esta história que aconteceu há uns vinte anos atrás.
Segundo relato da mesma, ela e uma amiga foram conhecer o mar e a praia pela primeira vez. Seguiram para Porto Seguro que fica no sul da Bahia. Saíram de Teófilo Otoni seguindo pela conhecida Estrada do Boi até o sul da Bahia. A ida foi uma maravilha com quase todos no ônibus fretado em grande confraternização e...muita folia.
Enfim, Porto Seguro e suas belas praias. Segundo ela que sempre foi muito tímida nas Minas Gerais, lá em Porto Seguro, ela "soltou a franga" e "põe franga nisso", contava com um sorriso de dar inveja ás solteironas da vida. Queimou tanto a pele que mais parecia um camarão ou uma brasa de fogo quando soprada ao vento.
Foram 15 dias de muita festa. De tanto solta, a "franga" estava exausta. Era o momento de voltar ao pacato ninho em Teófilo Otoni. Assim, aproveitou o último dia. Mergulhou mais uma vez, passou bronzeador, tomou mais uma cerveja, misturou uma caipirinha, um peixinho frito com espinha e tudo, petiscou uma porção de camarão e já nem sabia onde estava quando tomou mais uma caipirinha para dar coragem no último mergulho daquele ano. "Vou lá, porque agora só no ano que vem", pensava inebriada pela euforia etílica.
Ah! a volta. Que martírio. A volta foi triste. Nem bem o ônibus andou dez quilômetros e ela pediu para parar. Como não tinha banheiro, correu até um sujo banheiro(?) de beira de estrada, voltando uns dez minutos depois sob protestos dos passageiros.
Pois bem, o ônibus seguiu e a dor aumentou. Uma cólica horrível, um calafrio de dar medo e ela sem cerimônia gritou: "Motorista, pelo amor de Deus, para este ônibus por misericórdia que eu tô cagando nas calças". Muito solícito e educado, o motorista parou no acostamento e foi o tempo de abrir a porta para ela descer e ali mesmo ela se borrou toda com muita gente olhando pelas janelas. Teve até um menino, segundo ela, que gritou: " Ô tia cagona".
Aliviada e sem vergonha naquele momento, ela disse que nem se limpou. Entrou no ônibus onde todos tapavam as narinas e ...dormiu como um anjo até Teófilo Otoni. Quando acordou, cutucada pela amiga envergonhada, ainda teve que aguentar o menino de novo que disse: "Cê melhorou Tia cagona?". Segundo ela, aquela viagem foi uma ida ao céu e logo após, como dizia Dante, "entrai, eis aqui o inferno".
Autor: Walter Teófilo Rocha Garrocho(Téo Garrocho)- Texto dedicado á minha ex. Professora Dulcina Regina Molina (Dona Regina Molina) em Teófilo Otoni. Minha boa professora me ensinou a ser um homem culto, humilde e tolerante. Em 31/05/2013- Barbacena-MG.